Minhas Finanças

Às vésperas da eleição, investir no Tesouro Direto volta a ser atrativo

Não é preciso depender do próximo presidente para ganhar dinheiro. Títulos indexados à inflação pagam bem, mesmo com a Selic em 6,5% ao ano

Pré-eleição: Títulos indexados à inflação protegem investidor do que vier por aí (Massonstock/Thinkstock)

Pré-eleição: Títulos indexados à inflação protegem investidor do que vier por aí (Massonstock/Thinkstock)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 25 de setembro de 2018 às 05h00.

Última atualização em 27 de setembro de 2018 às 16h05.

São Paulo - Às vésperas da eleição, o vai e vem da Bolsa e do dólar assusta. O retorno não compensa o risco de investir em aplicações como os fundos multimercados, que até pouco tempo atrás eram o xodó dos investidores. Agora, é melhor colocar o pé no freio e voltar para o velho e bom Tesouro Direto ou para CDBs e LCIs, segundo especialistas.

Os títulos indexados à inflação são uma boa forma dos investidores se protegerem em meio a tanta incerteza do que vem pela frente. Independentemente de quem ganhe a eleição, o mercado financeiro em 2019 ainda terá muitas oscilações, como é típico de um primeiro ano de governo, segundo a economista Paula Sauer, professora da ESPM e planejadora financeira.

Esses papéis indexados à inflação garantem o poder de compra do investidor no médio e no longo prazo, porque pagam a variação do IPCA mais uma taxa de juros prefixada. Nesses títulos, o investidor pode ganhar tanto com a alta da inflação, se houver, quanto com a taxa de juros prefixada. Ou seja, não é preciso depender do próximo presidente para ganhar dinheiro.

Mesmo com a taxa básica de juros no menor patamar da história, em 6,5% ao ano, os títulos indexados à inflação pagam bem para investimentos conservadores.

O Tesouro IPCA com vencimento em 2024, por exemplo, paga 5,74% mais a variação do IPCA. Já os CDBs indexados à inflação em bancos médios, com vencimento em 2023, pagam até 7,25% mais a variação do IPCA, segundo o buscador de investimentos Yubb.

A taxa prefixada desses títulos está alta porque o mercado espera que a taxa de juros vai subir no futuro, como explica a economista Juliana Inhasz, professora do Insper.

Os analistas esperam que a taxa básica de juros vai ficar em 6,5% ao ano em 2018 e vai subir para 8% em 2019, segundo o último Boletim Focus do Banco Central. Na semana passada, o Banco Central apontou que pode subir a Selic se a economia piorar, conforme o que acontecer nas eleições.

Por isso, os títulos indexados à inflação à venda agora prometem pagar uma taxa de juros prefixada mais alta lá na frente, mais a variação do IPCA. “Está todo mundo correndo para esse título. Em um momento de tanta incerteza, abriu-se uma oportunidade”, diz Juliana.

Quanto mais longo o título, melhor o retorno prometido. Veja quanto pagam os títulos indexados à inflação à venda agora no Tesouro Direto:

TítuloVencimentoRentabilidade
Tesouro IPCA+20245,74% + IPCA
Tesouro IPCA+20355,91% + IPCA
Tesouro IPCA+20455,91% + IPCA
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais20265,71% + IPCA
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais20355,83% + IPCA
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais20505,88% + IPCA

CDBs e LCIs indexados à inflação também pagam bem

Títulos privados indexados à inflação, como CDBs e LCIs, podem render ainda mais que os títulos públicos. Eles também são uma alternativa para diversificar seus investimentos e se proteger neste momento de incertezas pré-eleições.

Em geral, os CDBs e LCIs de bancos médios e pequenos pagam melhor que os títulos de grandes instituições financeiras. O risco desses bancos darem calote no investidor é maior que o do Tesouro Nacional, mas esses papéis são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante até 250 mil reais por CPF se a instituição quebrar.

Há títulos privados com prazos de vencimento mais curtos que os títulos públicos, o que é uma vantagem para quem quer deixar o dinheiro investido por menos tempo. O problema é que esses títulos privados costumam exigir investimento mínimo inicial mais alto, enquanto no Tesouro Direto, dá para investir com 30 reais.

A seguir, veja quanto pagam alguns CDBs e LCIs indexados à inflação de bancos médios, segundo o buscador de investimentos Yubb:

TítuloEmissorCorretoraVencimentoRentabilidadeInvestimento mínimo
CDBFibraOurinvest2023IPCA + 7,25%R$ 10.000
CDBBMGBMG Invest2023IPCA + 7,10%R$ 1.000
CDBFatorÓrama2023IPCA + 6,95%R$ 10.000
LCIBanco InterBanco Inter2023IPCA + 5,53%R$ 100
LCIRibeirão PretoModalmais2021IPCA + 3,80%R$ 10.000
CDBIndusvalIndusval2019IPCA + 3,79%R$ 5.000
CDBMáximaEasynvest2019IPCA + 3,38%R$ 1.000
CDBOriginalXP Investimentos2019IPCA + 3,30%R$ 1.000

Diversifique para mitigar risco de perda

Apesar da boa rentabilidade, é preciso fazer um alerta: esse retorno prometido nos títulos indexados à inflação no momento da compra só é garantido se o investidor ficar com o título até o seu vencimento. Se vender o papel antes, a rentabilidade poderá ser diferente.

Isso acontece porque esses títulos sofrem com a chamada marcação a mercado: o preço dos títulos muda toda hora e é determinado pelo mercado, como o preço de uma fruta na feira. Por isso, não coloque todo o seu dinheiro em títulos indexados à inflação.

“Eles só são muito atrativos se o investidor carregá-los até o vencimento. Mas para o pequeno investidor que não se planeja tanto, é um prazo muito longo. Não adianta investir em um título indexado à inflação e precisar do dinheiro no ano seguinte”, alerta a assessora financeira Daniela Casabona, da consultoria FB Wealth.

Diversificar os investimentos é sempre o melhor jeito de mitigar o risco de perda, já que o ganho em uma aplicação pode compensar o prejuízo em outra.

Invista também em títulos indexados à Selic, que sempre garantirão a rentabilidade da taxa básica de juros. Esses títulos pagam menos, mas você pode vendê-los a qualquer momento, independentemente do vencimento, sem risco de perder dinheiro.

Títulos prefixados também oferecem taxas atrativas e são uma alternativa de diversificação. Para se ter uma ideia, o título do Tesouro Direto prefixado com vencimento em 2021 pagará 9,54% ao investidor que deixar o dinheiro aplicado por esse período.

Porém, só vale a pena investir em títulos prefixados se o investidor apostar que, no vencimento, a taxa prefixada estará acima da taxa básica de juros.

O que fazer se você já investiu no Tesouro Direto

Se você investiu lá atrás em títulos do Tesouro Direto indexados à inflação e olhar o seu extrato, deve se perguntar por que está perdendo dinheiro. O que acontece é que, com a expectativa de alta da taxa de juros no futuro, os preços dos títulos caem.

Lembra da marcação a mercado, que faz o preço do título mudar como preço de uma fruta na feira? Quando o mercado espera que a taxa de juros vai subir em relação à taxa prometida no momento da compra, o título que o investidor já comprou vale menos do que os títulos que estão à venda na prateleira.   

No entanto, é só esperar o vencimento para vender o título que você não terá surpresas e receberá a taxa contratada. Nesse momento, é preciso ter paciência para manter o seu dinheiro investido.

“Se você tem uma estratégia e acredita na sua estratégia, não tem por que vender seus títulos agora”, diz a economista Paula. Então, nada de olhar o extrato mês a mês só para ficar nervoso à toa.

Acompanhe tudo sobre:aplicacoes-financeirasCDBDinheiroEleições 2018InflaçãoInvestimentos-pessoaisIPCAJurosLCISelicTesouro DiretoTítulos públicos

Mais de Minhas Finanças

Resultado da Mega-Sena concurso 2.817; prêmio é de R$ 3,4 milhões

Nova portaria do INSS suspende por seis meses bloqueio de benefícios por falta de prova de vida

Governo anuncia cancelamento do Bolsa Família para 1.199 candidatos eleitos em 2024

Nota Fiscal Paulista libera R$ 39 milhões em crédito; veja como transferir o dinheiro