Minhas Finanças

As apostas de Buffett negociadas na Bovespa

Nove das catorze maiores posições do fundo Berkshire Hathaway são de papéis que podem ser comprados e vendidos na bolsa brasileira

Buffett: as principais apostas do bilionário são negociadas na bolsa brasileira (Getty Images)

Buffett: as principais apostas do bilionário são negociadas na bolsa brasileira (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2012 às 18h51.

São Paulo - O megainvestidor Warren Buffett divulgou neste sábado a tradicional carta anual endereçada aos acionistas da Berkshire Hathaway, a empresa de investimentos comandada por ele mesmo. Em 22 páginas, o bilionário descreve em detalhes os investimentos da empresa e revela alguns de seus grandes erros e acertos em 2011. O documento é, em alguns momentos, bastante técnico ao relatar quanto dinheiro o bilionário ganhou com investimentos em ações e títulos de empresas pouco conhecidas no Brasil.

Mas, na carta, Buffett também revela suas grandes apostas no mercado acionário. Todas as empresas em que a Berkshire Hathaway detém mais de 1 bilhão de dólares em ações ordinárias são reveladas e podem ser conferidas abaixo:

Empresa Percentual da empresa detida pela Berkshire Hathaway Custo de aquisição das ações Valor de mercado da posição
American Express Company 13% US$ 1,287 bilhão US$ 7,151 bilhões
Coca-Cola Company 8,80% US$ 1,299 bilhão US$ 13,994 bilhões
ConocoPhilips 2,30% US$ 2,027 bilhões US$ 2,121 bilhões
IBM 5,50% US$ 10,856 bilhões US$ 11,751 bilhões
Johnson & Johnson 1,20% US$ 1,880 bilhão US$ 2,060 bilhões
Kraft Foods 4,50% US$ 2,589 bilhões US$ 2,953 bilhões
Munich Re 11,30% US$ 2,990 bilhões US$ 2,464 bilhões
Posco 5,10% US$ 768 milhões US$ 1,301 bilhão
Procter & Gamble 2,60% US$ 464 milhões US$ 4,829 bilhões
Sanofi 1,90% US$ 2,055 bilhões US$ 1,9 bilhão
Tesco 3,60% US$ 1,719 bilhão US$ 1,827 bilhão
US Bancorp 4,10% US$ 2,401 bilhões US$ 2,112 bilhões
Walmart 1,10% US$ 1,893 bilhão US$ 2,333 bilhões
Wells Fargo 7,60% US$ 9,086 bilhões US$ 11,024 bilhões
Outros   US$ 6,895 bilhões US$ US$ 9,171 bilhões
Portfólio total   US$ 48,209 bilhões US$ 76,991 bilhões

Seguir as estratégias de Buffett no Brasil não é tão simples. Investir diretamente nas ações da Berkshire Hathaway Inc. é extremamente burocrático para brasileiros, assim como comprar qualquer ação negociada no exterior (clique aqui e entenda). A boa notícia para os investidores é que 9 das 14 maiores apostas de Buffett são negociadas na BM&FBovespa.

A American Express (empresa de cartões), a Coca-Cola (bebidas), a ConocoPhilips (energia e petróleo), a IBM (serviços de tecnologia), a Johnson & Johnson (bens de consumo), a Kraft Foods (alimentos), a Procter & Gamble (bens de consumo), o Walmart (varejo) e o Wells-Fargo (banco) possuem Brazilian Depositary Receipts (BDR), papéis que podem ser negociados por investidores brasileiros sem que o dinheiro tenha de sair do país.


Pela BM&FBovespa, é possível comprar mais de 70 BDR de empresas estrangeiras (veja a lista completa). Isso porque a bolsa brasileira fechou acordo com grandes bancos com presença internacional, que compram os papéis lá fora para negociá-los aqui na forma de certificados que comprovam sua existência.

Os BDR já são negociados na BM&FBovespa desde 2010, mas ainda não caíram nas graças do grande público porque não podem ser negociados pelos investidores do varejo. Por determinação da Comissão de Valores Mobiliários, somente instituições financeiras, fundos de investimento, administradores de carteira, consultores de investimento e investidores superqualificados (aqueles com mais de 1 milhão de reais em aplicações financeiras) estão autorizados a comprar e vender esse tipo de papel.

A única forma de driblar essa restrição é por meio de fundos. Até agora, a Bradesco Asset Management é a única gestora de recursos do Brasil a ter lançado um fundo para aplicação exclusiva em BDR.

Para investir no fundo, é necessário ter conta no Bradesco e ser investidor qualificado (ou seja, possuir ao menos 300.000 reais em aplicações financeiras). O fundo exige aplicação inicial de ao menos 10.000 reais e cobra taxa de administração de 2,5% ao ano. O dinheiro pode ser resgatado diariamente (não há carência), mas os recursos só voltarão para a conta corrente do investidor cinco dias depois.


A principal posição do fundo do Bradesco é em ações do Bank of America. Ainda que o papel não apareça na lista das 14 mais importantes da carteira da Bershire Hathaway, Buffett revelou que uma das três grandes mudanças do portfólio em 2011 foi a compra de 700 milhões de dólares em ações do gigantesco banco americano – as outras duas foram o investimento em IBM e a compra adicional de papéis do banco Wells Fargo.

Sobre o Bank of America, Buffett afirmou na carta que o banco cometeu enormes erros no passado, mas que a nova direção tem feito “excelentes progressos”. A reviravolta da instituição levará anos, mas, segundo Buffett, a indústria bancária americana já estaria de volta aos eixos.

Além de Bank of America, outras posições importantes do fundo de BDR do Bradesco são de ações de Walt Disney, Oracle, Apple, Cisco, Freeport McMoran, Schlumberger, Merck, Pfizer e Colgate-Palmolive.

É importante lembrar que, com um fundo de BDR, o investidor corre não apenas o risco de que uma dessas empresas apresente resultados ruins, mas também pode perder dinheiro com oscilação cambial. Se a ação da Apple sobe 10% nos Estados Unidos e o dólar se desvaloriza 10% ante o real, por exemplo, o investidor tende a não ganhar nada porque a baixa de um ativo anula a alta do outro.

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