Eletropaulo: líder na distribuição de dividendos nos últimos cinco anos (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2011 às 10h38.
São Paulo - Na lista das empresas que mais distribuíram dividendos nos últimos cinco anos, a presença das companhias de energia elétrica salta aos olhos. Se o assunto é a repartição dos lucros, nada menos que 75% das 12 firmas mais generosas com os acionistas pertencem ao setor.
Encabeçando o ranking aparece o papel da Eletropaulo, com dividend yield médio de 19,4% de 2007 para cá. Na prática, isso significa que quem investiu na ação levou para casa um retorno de quase 20% ao ano, a despeito do sobe e desce do papel na bolsa. O percentual supera com folga os juros da Selic: a taxa anual acumulada mais alta registrada ao longo deste período foi de 12,47%, em 2008.
“Apesar de ter mudado um pouco a política de pagamento de dividendos, a Eletropaulo continua sendo líder em termos de confiabilidade, atendendo todo o sudeste e ganhando com o potencial de consumo na região”, diz Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos.
Celpe, Elektro, Coelce, Taesa, Light, Transmissão Paulista, Cosern e AES Tietê engrossam a lista das representantes do setor elétrico. A explicação para a presença maciça está ligada à dinâmica seguida pela maioria destas empresas. Depois de terem instalado sua infraestrutura, elas conseguem prover o serviço por décadas a fio sem a necessidade de grandes reinvestimentos.
Dali em diante, a energia permanece sendo consumida – e cobrada no fim do mês – a despeito dos vendavais financeiros que eventualmente sacodem o mercado. “Elas também se protegem da inflação, já que a conta de luz não deixa de ser reajustada com o aumento dos preços na economia”, completa Alexandra. Com geração de caixa constante, as companhias veem na divisão dos lucros uma forma de manterem os acionistas interessados nos papéis.
Elaborada pela Economática, a lista das 12 maiores pagadoras de dividendos desconsiderou as empresas que não distribuíram proventos em algum dos últimos cinco anos. Para o ano de 2011, a consultoria levou em conta a repartição realizada nos últimos 12 meses.
Confira as companhias com maior dividend yield (valor dos dividendos por ação dividido pelo preço do papel) nos últimos cinco anos:
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Empresa | Setor | Dividend yield médio (%) |
---|---|---|
Eletropaulo | Energia elétrica | 19,4 |
Brasmotor | Eletrodomésticos | 17,9 |
Whirlpool | Eletrodomésticos | 15,8 |
Celpe | Energia elétrica | 15,3 |
Elektro | Energia elétrica | 14,1 |
Coelce | Energia elétrica | 13,1 |
Taesa | Energia elétrica | 13 |
Light | Energia elétrica | 13 |
Sondotecnica | Construção | 12,7 |
Transmissão Paulista | Energia elétrica | 12,2 |
Cosern | Energia elétrica | 12 |
AES Tietê | Energia elétrica | 11,9 |
Como se vê, a lista também comporta duas ações do setor de eletrodomésticos - Brasmotor e Whirpool - além da empresa de engenharia civil Sondotecnica. Paulo Roberto Esteves, analista da Gradual Investimentos, lembra que para quem pensa em embolsar dividendos, o mais seguro é priorizar setores mais maduros.
"A distribuição dos lucros faz mais sentido em empresas de energia elétrica, concessões rodoviárias, saneamento básico e telecomunicações", afirma. "Como já atuam em mercados cativos, boa parte da geração de caixa acaba sendo revertida para os acionistas." Ele lembra que yields expressivos não necessariamente indicam uma extraordinária distribuição dos dividendos. Como o indicador leva em conta o preço do papel no mercado, um percentual alto pode revelar que a ação está desvalorizada.
A liquidez é outro ponto a ser priorizado. “É complicado indicar uma boa pagadora de dividendos com poucos negócios. Existe o risco de você ter que vender o papel ao preço que o mercado queira pagar depois", diz Alexandra Almawi, da Lerosa Investimentos. A especialista recomenda apenas as ações de companhias que movimentam mais de 1 milhão de reais diariamente na bolsa. Dentre os papéis da lista, é o caso da Eletropaulo, Light, Transmissão Paulista, Coelce e AES Tietê.
Escolha certa?
Justamente por estarem ligadas ao consumo básico, essas ações costumam apresentar uma performance menos volátil nas crises. Com o aumento da demanda, os preços sobem ou mantêm-se estáveis. Além disso, como a repartição independe da oscilação dos papéis na bolsa, o investidor embolsa uma fatia dos lucros mesmo que o desempenho do papel seja pífio ao longo do ano.
Entretanto, Wagner Salaverry, gestor do fundo de dividendos da Geração Futuro, lembra que mesmo com um perfil defensivo, as empresas do setor elétrico não são blindadas contra o mau humor do mercado. "Os papéis têm desempenho melhor na incerteza, mas não a ponto de protegerem o capital. A Cemig este ano, por exemplo, chegou ao máximo de 32 reais e hoje vale 27,50", diz.
Para ele, essas companhias se valorizaram mais no final de 2010 e início de 2011. "Quando há pouco dinheiro novo para investir, o gestor vende o que já deu ganho e acaba comprando o que caiu bastante nos momentos de pânico", afirma. Pela lógica, a hora seria de voltar os olhos para oportunidades de compra mais vantajosas. E se a escolha de bons dividendos é a estratégia, o analista recomenda as ações de instituições financeiras.
"O yield do Banco do Brasil está em mais de 7% nos últimos 12 meses e ao mesmo tempo você tem múltiplos de negociação muito baixos, menores que os do setor de energia elétrica", diz Salaverry. O papel da Itaúsa foi outro a entrar no radar da Geração Futuro. "A ação já caiu mais de 30% no ano e apresenta um yield próximo de 4%. Na ponta do lápis, você tem maior possibilidade de recuperação em bolsa aliada a uma boa distribuição de dividendos.”
Ainda que as incertezas fiscais na zona do euro levantem dúvidas sobre um possível contágio no sistema financeiro global, Paulo Roberto Esteves, da Gradual, concorda que os bancos brasileiros podem sim ser uma boa pedida no portfólio do investidor que prioriza dividendos. "As instituições lá fora ficaram em maus lençóis por títulos que os bancos brasileiros sequer carregam", diz. “Nosso sistema financeiro conta com nível de tecnologia de primeiro mundo, baixa exposição aos riscos externos, altos spreads bancários e potencial de crescer ainda mais com a oferta de crédito."