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Arranha-céus indicam hora de sair da bolsa, diz estudo

Construção de prédios altíssimos seria um claro sinal de uma bolha em formação no mercado, segundo professor alemão

Empire State Building: bolsa teve anos bem difíceis após o início da construção do prédio (Wikimedia Commons)

Empire State Building: bolsa teve anos bem difíceis após o início da construção do prédio (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 10h11.

São Paulo – A formação de bolhas em mercados acionários é um tema que sempre intriga economistas e investidores. Por mais que momentos de excesso de otimismo sejam fáceis de se identificar, muita gente continua a perder dinheiro na bolsa porque se recusa a vender uma ação que não para de subir.

Ajuda a confundir as pessoas o fato de que sempre há gente prevendo o pior para o mundo – a ironia mais repetida é que os economistas previram dez das últimas cinco recessões.

Também não faltam anedotas sobre os sinais inequívocos de que é realmente hora de sair da bolsa. A mais famosa delas tem como protagonista Joseph Patrick Kennedy, pai do ex-presidente americano John Kennedy.

Poucos antes da crise de 1929, Joseph estava engraxando seus sapatos quando o engraxate lhe pediu dicas sobre o mercado acionário. Imediatamente ele pensou que, se até os engraxates estão entrando na bolsa, seria hora de vender todos os papéis. A sagacidade do patriarca da família Kennedy evitou que ele perdesse milhões de dólares nos meses seguintes.

Recentemente o professor Gunther Loffler, da universidade de Ulm, na Alemanha, resolveu propor um novo método para os investidores identificarem bolhas em mercados sempre movediços. Segundo uma reportagem publicada pelo SmartMoney, um site ligado ao Wall Street Journal, o professor conduziu um estudo que sugere que as pessoas devem sair da bolsa sempre que começam a surgir notícias de que o maior arranha-céu do mundo será construído.

Para chegar a essa conclusão, ele analisou dados acumulados desde 1871. Sua conclusão foi de que as bolsas americanas tiveram um resultado 10% inferior à média em períodos de três a cinco anos após o anúncio da construção de prédios imensos.

Mais do que uma simples coincidência, o professor enxergou indícios de que os arranha-céus são fruto de bolhas econômicas. Esse tipo de empreendimento só sai do papel quando os investidores estão otimistas demais para prestar atenção aos riscos. É nesse cenário que as ações costumam ficar supervalorizadas.

O professor Gunther Loffler usa alguns exemplos para ilustrar seu estudo. Com 56 andares, o Woolworth Building começou a ser construído em Nova York em 1910 com a pretensão de se tornar o mais alto edifício do mundo na época. No mesmo ano, o índice Dow Jones recuou 18% em um movimento que ficou conhecido como Pânico de 1910. A correção foi seguida por anos bastante ruins para o mercado. O índice só voltou a alcançar patamares recordes mais de uma década depois.


Outro bom exemplo é o Empire State Building, que foi durante 40 anos o prédio mais alto de Nova York. Com 443 metros de altura, o edifício foi o primeiro do mundo a ter mais de 100 andares. O início da construção data de 1930, um ano após o início da Grande Depressão. O índice Dow Jones só voltaria a atingir patamares recordes mais de 20 anos depois.

Já em junho de 2007, começou a construção do Chicago Spire, que foi planejado para se tornar o edifício mais alto dos Estados Unidos, com 609 metros. Na mesma semana em que foi dado início à construção, o mercado imobiliário americano atingiu seu pico. A crise de 2008, que levou ao aumento da inadimplência no mercado hipotecário e à quebra de dezenas de bancos nos EUA, provocou a interrupção da construção posteriormente.

A partir da análise dos dados, o professor Gunther Loffler também sugeriu aos investidores uma nova estratégia para a gestão do portfólio. Segundo ele, sempre que a construção de um novo arranha-céu é anunciada em um país, o investidor local deve mover seus investimentos em bolsa para títulos de renda fixa. Os recursos só devem voltar para o mercado acionário quatro anos depois.

De acordo com Loffler, quem adota essa estratégia obtém retornos bem mais consistentes que os investidores que simplesmente compram ações e os mantêm em carteira por longos períodos de tempo.

Se o estudo estiver correto, essa seria uma excelente hora de vender ações na China e no Oriente Médio, onde estão localizados 11 dos 12 edifícios mais altos do mundo atualmente em construção. O maior sinal de venda está na Arábia Saudita, onde o príncipe Al-Waleed Bin Talal planeja erguer a Kingdom Tower. O prédio terá 1.609 metros e abrigará 80.000 moradores.

A Kingdom Tower terá o dobro da altura daquele que atualmente ocupa o posto de maior prédio do mundo, o Burj Khalifa, em Dubai. O edifício nem começou a ser construído, mas, de acordo com o professor da universidade alemã, é hora de ficar bem distante do mercado saudita.

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