O baixo estoque de imóveis disponíveis para locação e a elevada procura também explicam a elevação, além de eventos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2011 às 13h08.
Rio de Janeiro - O aquecimento do mercado imobiliário, estimulado pelos financiamentos dos programas habitacionais do governo federal e pelos eventos esportivos, como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, está levando os imóveis no estado do Rio a registrar valorização expressiva.
“A gente vem de um período longo de falta de investimento no setor. O financiamento era restrito, as condições de financiamento não eram as ideais”, observou o diretor de Locação do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) do estado, Carlos Samuel.
“Há cerca de cinco anos, com a mudança de postura do governo federal em relação a financiamentos e ao direcionamento de verbas para a construção civil, a gente passou a ter um aquecimento verdadeiro no mercado, uma facilidade maior de as pessoas poderem comprar, com prazos mais dilatados e melhores condições de pagamento”. Segundo Samuel, isso aqueceu o mercado, que estava “engessado” há muito tempo. Com a proximidade dos eventos esportivos internacionais, os preços dispararam, analisou.
De acordo com o Creci/RJ, a valorização dos imóveis ocorreu em diferentes segmentos do setor. No mercado de aluguéis, a alta dos preços registrada pela entidade no primeiro semestre deste ano chegou a 50% em algumas regiões, apresentando média de 30% a 40%. O baixo estoque de imóveis disponíveis para locação e a elevada procura também explicam a elevação.
O diretor do Creci/RJ acredita que o cenário tende a ser de estabilidade no segundo semestre. “Para o primeiro semestre de 2012, acredito que haverá efetiva estabilização de preços, principalmente na área de locação porque, até o fim do ano, haverá a entrega de 20 mil unidades habitacionais no Rio”.
Para o vice-presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) do Rio, Rubem Vasconcelos, no entanto, a valorização dos imóveis vai continuar. Ele avaliou que o crescimento está transformando o Rio em grande atração para investidores de outros lugares. “O Rio de Janeiro está resgatando aquilo que sempre foi: a capital turística do Brasil”. Vasconcelos destacou que a locação está ligada ao preço do imóvel. “Se o imóvel aumenta de preço, a locação tem tendência a aumentar de preço”.
Segundo Paulo Henrique Fabbriani, também vice-presidente da Ademi, o aquecimento do mercado imobiliário “é um processo inexorável”. Isso ocorre, explicou, “porque a gente não está conseguindo manter o nível de oferta de imóveis novos em vários segmentos”. Ele citou, como exemplo, os segmentos comercial e de luxo. “A demanda tem sido consistentemente maior que a oferta nos últimos anos. E vai continuar assim”.
Fabbriani disse que o estado apresenta muita concorrência para a mesma mão de obra. Projetos como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e o Porto Maravilha acabam tirando operários da construção civil. A escassez de terrenos é outro fator que leva os imóveis a custar mais caro. De acordo com o vice-presidente da Ademi, é alto o volume de empresas novas que estão se instalando na capital. “A pressão de demanda vai continuar muito grande”.
O diretor do Creci Carlos Samuel confirmou que o mercado imobiliário do estado vem atraindo a atenção não só de investidores internacionais, como de estrangeiros, que querem adquirir ou alugar imóveis para morar. Somente a Imobiliária Judice & Araújo registrou alta de 150% do investimento de estrangeiros em imóveis no Brasil, com destaque para as cidades de São Paulo e Rio.
Nos primeiros cinco meses deste ano, a empresa fechou negócios no valor de R$ 25 milhões no estado para clientes internacionais, que já representam 30% das vendas da imobiliária. Franceses, ingleses, americanos e chineses são destaques entre os clientes interessados em adquirir imóveis na capital fluminense, informou a assessoria de imprensa da imobiliária.
Carlos Samuel lembrou que os brasileiros também estão investindo lá fora, especialmente nos Estados Unidos, procurando aproveitar a queda de preços dos imóveis em decorrência da crise norte-americana.