(Sergey Nazarov/Thinkstock)
Júlia Lewgoy
Publicado em 31 de outubro de 2018 às 05h00.
Última atualização em 31 de outubro de 2018 às 05h00.
São Paulo - Após a eleição de Jair Bolsonaro, o dólar chegou a bater R$ 3,59, na manhã de segunda-feira (29). A queda já era esperada pelo mercado financeiro, que enxerga que a vitória do candidato pode ser positiva para a economia. Resta saber se o dólar voltará a subir ou se a tendência é de queda. Quem tem viagem marcada para o exterior deve comprar a moeda logo ou esperar?
Analistas ouvidos por EXAME dizem que dificilmente a moeda cairá muito mais neste ano, porque o resultado da eleição não foi surpreendente. Na terça-feira (30), a moeda já tinha voltado para a casa dos R$ 3,70. O mercado espera que 2018 termine com o dólar em R$ 3,71, segundo o último Boletim Focus do Banco Central.
Até o fim do ano, é mais provável que o câmbio se mantenha estável ou caia pouco – se Bolsonaro anunciar medidas que agradem o mercado financeiro. Mas a moeda pode subir muito se o novo presidente decepcionar.
“O câmbio já está muito próximo do que o mercado esperava. Se o cenário otimista se concretizar, pode cair poucos centavos. Mas se Bolsonaro anunciar medidas decepcionantes para o mercado, pode subir muitos centavos. O cenário é assimétrico”, explica Robério Costa, economista-chefe do grupo Confidence.
Para Victor Candido, economista da Guide, o dólar deve se manter entre R$ 3,65 e R$ 3,75 em 2018. “Dada a situação da política monetária lá fora, é impossível que o câmbio fique abaixo de R$ 3 neste ano e no ano que vem”, diz.
A melhora da economia americana e alta dos juros nos Estados Unidos têm impactado países emergentes como o Brasil. Os investidores retiram seu dinheiro do Brasil e levam os recursos para os Estados Unidos, o que faz com que o real se desvalorize em relação ao dólar.
Para Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital, diante desse cenário, o dólar só deve voltar a cair ou a subir muito no ano que vem, quando o governo de Bolsonaro de fato começar a atuar. “A partir do 1º semestre de 2018, haverá uma nova precificação dos ativos quando a nova equipe econômica. Aí sim o cenário poderá ser outro”, diz.
Na dúvida, quem precisa comprar dólar para viajar deve comprar aos poucos até a data da viagem, para mitigar riscos de alta. Mathias Fischer, fundador e diretor de estratégia e inovação da Meu Câmbio, recomenda dividir a compra em intervalos mínimos de 15 dias.
É importante comparar o Valor Efetivo Total da compra entre as casas de câmbio, que inclui todas as taxas e impostos cobrados além de quanto o consumidor paga por unidade de moeda. Por causa dessas taxas, quanto menor o valor da compra, maior tende a ser a diferença de preço entre uma casa de câmbio e outra.