(Sarinya Pinngam / EyeEm/Getty Images)
Júlia Lewgoy
Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 05h00.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2019 às 11h46.
São Paulo - O boom das plataformas independentes de investimentos nos últimos anos ampliou o leque de quem só investia no seu banco, mas trouxe um problema. Com várias contas em corretoras diferentes e uma infinidade de produtos disponíveis — títulos públicos, CDBs, fundos de investimento e por aí vai —, é difícil controlar todas as aplicações financeiras ao mesmo tempo e saber se vale a pena mesmo sair do banco para ganhar dinheiro.
Quem sabe dizer a rentabilidade total da sua carteira de investimentos e se ela está acima ou abaixo de indicadores de referência, como a poupança ou a inflação? Para curar essa dor de investidores que estão longe de ser profissionais, surgiram fintechs, startups de serviços financeiros, que ajudam a controlar todos os investimentos por aplicativos. Os principais são o Gorila Invest, o Kinvo e o Fliper.
"As pessoas tendem a lembrar do que fez elas ganharam dinheiro, mas esquecem do que fez elas perderem", diz Guilherme Assis, um dos fundadores do Gorila Invest.
Nos apps, o investidor pode ver um panorama geral dos seu patrimônio e as suas aplicações organizadas por categorias. Também pode comparar o retorno dos seus investimentos com indicadores de referência e conferir as datas em que aplicou seu dinheiro. Por enquanto, os aplicativos só mostram os rendimentos brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
Além da usabilidade dos apps, as principais diferenças entre eles são o preço e a forma de cadastro dos investimentos. O Gorila e o Fliper são 100% gratuitos, por enquanto. Já o Kinvo tem uma versão básica gratuita e uma versão avançada paga, que custa 15 reais por mês ou 120 reais por ano.
Quanto à forma de cadastro, no Fliper, o usuário insere a senha do banco ou da corretora e todos investimentos aparecem na tela automaticamente. Um robô busca os dados nos sistemas das instituições financeiras. Sem negociar com bancos e corretoras, a fintech diz que segue todos os protocolos de segurança criptográfica bancária e que está amparada pela Lei Geral de Proteção de Dados.
Já no Gorila e no Kinvo, é preciso cadastrar manualmente a maioria das aplicações financeiras. Os apps só puxam investimentos da Bolsa automaticamente. Segundo as fintechs, ambas negociam com plataformas de investimento para sincronizar as aplicações de forma automática, mas sem que o usuário precise digitar sua senha nos aplicativos. Sem robôs, as próprias corretoras disponibilizariam os dados.
Quando o open banking for regulado no Brasil — tecnologia que possibilita acessar dados de contas dos clientes, desde que com autorização —, a vida dos apps de controle de investimento vai ficar mais fácil. O Banco Central já sinalizou que prepara um modelo para ser implementado ainda neste ano.
Mesmo com toda a tecnologia, as fintechs acreditam que o componente humano ainda é importante. Por isso — e para ganhar dinheiro — as empresas também desenvolvem ferramentas para consultores financeiros ou agentes autônomos de investimentos controlarem os investimentos dos clientes.
A seguir, confira mais detalhes sobre cada aplicativo.
Os fundadores do aplicativo Gorila Invest, Guilherme Assis e Robinson Dantas, se conheceram quando eram colegas no banco americano Morgan Stanley. No Brasil, montaram a gestora de fundos Iporanga Investimentos, em 2014, e já investiram em quase 30 empresas de tecnologia. Uma delas é o Gorila.
Gratuito, o Gorila pode ser usado pelo navegador do computador ou pelo app. No navegador, tem mais funcionalidades que no aplicativo. Quem faz o cálculo da rentabilidade é um sistema do Gorila.
O Gorila também tem a ferramenta Gorila Pró, que pode ser usada por consultores financeiros, agentes autônomos de investimentos ou qualquer pessoa que queira controlar várias carteiras de investimentos ao mesmo tempo, desde que com autorização dos investidores por e-mail. O Gorila Pró custa R$ 14,90 por investidor.
Criado por cinco sócios — quatro da área de tecnologia e um do mercado financeiro —, o Kinvo tem uma versão básica gratuita e uma versão avançada paga, que custa 15 reais por mês ou 120 reais por ano. O Kinvo pode ser usado pelo navegador ou pelo app e os dois oferecem as mesmas ferramentas.
O app mostra a relação risco-retorno da carteira de investimentos, com base no índice de Sharpe. "Nenhuma instituição mostra esse tipo de informação para clientes fora do segmento private", diz Moacy Veiga, um dos sócios do Kinvo. A rentabilidade é calculada por um robô.
O Kinvo também desenvolveu uma ferramenta para consultores financeiros, que está em fase de testes e será paga.
O Fliper foi fundado por um economista que trabalhava no banco Safra, um engenheiro da área de tecnologia e um analista de investimentos que era da casa de análises Empiricus. "Em 2017, o cenário macroeconômico estava mudando. Fazia sentido ficar mais atento à diversificação de investimentos", conta Renan Georges, um dos sócios do Fliper.
O Fliper só tem aplicativo, gratuito, e a rentabilidade é calculada por analistas. O app é o único que mostra os investimentos do usuário de maneira automática, por meio de um robô, desde que o cliente insira sua senha do banco ou da corretora, mas não são todas as instituições que estão integradas. Por enquanto, o robô busca dados dos bancos Itaú e BTG Pactual e das corretoras XP, Rico, Clier, Órama, Ágora e Easynvest.
O Fliper prepara um informe de rendimentos dos investimentos dos usuários para facilitar a declaração do Imposto de Renda. A fintech também entrou com pedido na CVM, órgão fiscalizador de instituições financeiras, para ser consultora de valores mobiliários. O plano é vender consultoria personalizada para cada usuário.