Minhas Finanças

Aplicação isenta de IR chega a pequeno investidor

CEF lança CRI com aplicação mínima de 10.000 reais; investimento é mais vantajoso que a poupança, mas Tesouro Direto tem melhores opções

Caixa: emissão de CRI com prioridade para pessoas físicas (EXAME/EXAME.com)

Caixa: emissão de CRI com prioridade para pessoas físicas (EXAME/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2011 às 06h12.

São Paulo - O pequeno investidor brasileiro não possui muitas opções de aplicação isentas de Imposto de Renda (clique aqui e veja a lista). Sempre que uma novidade chega ao mercado, portanto, deve ser saudada. A Caixa Econômica Federal acaba de lançar um CRI (Certificado de Recebível Imobiliário) isento de IR voltado prioritariamente para pessoas físicas. Os correntistas da Caixa interessados devem fazer apresentar o pedido de reserva dos papéis em alguma agência até o dia 29 de abril. Cada CRI terá valor unitário de 1.000 reais, mas só serão aceitas as reservas de ao menos 10.000 reais.

Os CRIs não são propriamente novidade no mercado brasileiro, mas a maioria das emissões é destinada a investidores institucionais ou pessoas físicas qualificadas (aquelas com mais de 300.000 reais em aplicações financeiras). Na oferta da Caixa, os investidores de varejo terão prioridade para comprar 80% dos 232,8 milhões de reais em papéis que serão oferecidos ao mercado. É a primeira vez que um banco brasileiro de varejo faz isso.

Quem investe em um CRI compra créditos que no futuro vão render juros sobre o valor pago agora. Na carteira de crédito imobiliário da CEF, existem milhares de empréstimos que financiaram a compra de casas para pessoas físicas. O banco emprestou milhões de reais a mutuários com a condição de receber o dinheiro de volta em parcelas mensais corrigidas por uma taxa.

Com o CRI, a Caixa vende a investidores interessados o direito de receber esses juros nos próximos anos. Na prática, o investidor passa a ser o credor final do comprador do imóvel e ganha dinheiro caso o empréstimo seja honrado. Já o banco consegue levantar os recursos necessários para conceder novos empréstimos imobiliários e ampliar a carteira de clientes. A Caixa espera usar instrumentos de securitização como esse para reduzir a dependência dos recursos da caderneta de poupança para o financiamento de empréstimos para a compra da casa própria.

O CRI que será vendido pela Caixa nas agências receberá mensalmente uma remuneração fixa equivalente a 10% ao ano mais correção pela TR (Taxa Referencial). A TR ficou em 0,66% ao ano em fevereiro. Sobre o ganho total do investidor, não é necessário descontar a taxa de administração (cobrada sobre aplicações de renda fixa por meio de fundos de investimento, por exemplo) nem o Imposto de Renda.

Para o educador financeiro Mauro Calil, a remuneração de mais de 10% é atrativa quando comparada, por exemplo, à da caderneta de poupança, que rende 6% ao ano mais TR. No entanto, o risco da aplicação também é maior. O CRI da Caixa é uma aplicação de longo prazo com vencimento em novembro de 2018. "Daqui a sete ou oito ano, muitos desses devedores da Caixa vão perder o emprego, vão ter um problema de saúde ou vão cometer erros financeiros que inviabilizarão o pagamento das parcelas do empréstimo tomado", afirma.

Para que o prejuízo não acabe no bolso do aplicador, a Caixa decidiu que todos os 4.324 contratos de crédito imobiliário cedidos para a constituição do CRI não poderiam ter apresentado inadimplência nos últimos 24 meses. A agência de rating Fitch deu aval à qualidade dos créditos e atribuiu a nota "AAA" para o papel, o menor risco na escala.


Outra forma de reduzir o risco do investidor é o compromisso da Caixa de recomprar até 10% dos créditos da carteira do CRI em caso de inadimplência. O aplicador, portanto, só terá prejuízo caso um percentual maior que esse de mutuários der calote no banco.

Mesmo com todas essas garantias, o educador financeiro Mauro Calil acredita que existem no Brasil outras opções em renda fixa que são mais rentáveis e seguras que o CRI da Caixa. Ele cita a compra de títulos pelo Tesouro Direto com uma opção interessante (clique aqui e veja como investir em títulos públicos sem intermediários).

Pelo site do Tesouro Nacional, é possível comprar um título público com uma remuneração prefixada (LTN) e vencimento em julho de 2013 que paga juros de 12,90% ao ano. Ao menos quatro corretoras não cobram taxa de custódia para investimentos no Tesouro Direto: Banif, PAX, Spinelli e Socopa.

Mesmo após o desconto do IR, essa LTN apresentaria um rendimento líquido de 10,96% ao ano. "O risco de um título público é o menor da economia brasileira. O papel paga uma remuneração praticamente equivalente ao do CRI. Então não vejo vantagem em optar pela aplicação da Caixa nesse caso", diz Mauro Calil.

Outra vantagem do Tesouro Direto é que os títulos podem ser revendidos ao governo todas as quartas-feiras, quando são realizados leilões de recompra. O CRI até pode ser repassado a outro investidor antes do vencimento em 2018, mas fechar essa operação pode não ser tão simples. No próprio prospecto da oferta pública, a Caixa desaconselha a adesão de investidores que precisem de liquidez porque o mercado secundário de CRI ainda é "restrito" no Brasil.

Os papéis terão um formador de mercado contratado para garantir que sempre haja uma oferta de compra e venda para quem quiser se desfazer do ativo. Mesmo assim, é possível que o investidor tenha que oferecer um deságio para atrair um comprador. Caso venda o papel antes do vencimento e tenha obtido lucro com a diferença do preço de compra e venda, o investidor também terá de pagar IR sobre o ganho de capital.

Antes de investir em qualquer oferta pública, é importante ler ao menos os fatores de risco explicitados no prospecto. Os interessados poderão baixar o documento onde estão descritos todos os detalhes da operação clicando aqui.

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