Fundos: investidor de alta renda - que têm mais de R$ 1 milhão disponível para aplicar - é, sobretudo, quem busca aplicações em fundos multimercado (Foto/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de dezembro de 2017 às 12h02.
São Paulo - A queda da taxa básica de juros na economia, a Selic, levou o investidor a partir para aplicações de maior risco.
Dentro dessa categoria, os fundos multimercados são os preferidos e registram captação recorde neste ano.
Eles misturam em um mesmo pacote renda fixa, ações, moedas e commodities, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.
Até novembro, a aplicação captou R$ 91,7 bilhões, praticamente o total acumulado por toda a indústria de fundos no ano passado, R$ 95,2 bilhões, segundo dados da Anbima, associação que representa entidades do mercado de capitais no País.
No total, a indústria de fundos já atingiu o patrimônio líquido de R$ 4,1 trilhões neste ano, e obteve captação histórica, até novembro, de R$ 232 bilhões.
Dentro do setor, os fundos de multimercado ganharam a preferência, justamente por serem considerados um pontapé na renda variável.
Nessa modalidade, teoricamente, é possível obter retornos maiores do que apenas com a renda fixa, mas sem todo o risco de investir unicamente em ações, por exemplo.
"Grande parte do volume que não vimos nos anos anteriores e que ia para títulos do Tesouro, por exemplo, agora vai para produtos com mais apetite ao risco, como os fundos multimercado", diz Carlos Ambrósio, vice-presidente da Anbima.
Outro combustível para os ganhos, segundo ele, é a capacidade de poupança maior do brasileiro, por conta da queda da inflação e da melhora na economia.
O investidor de alta renda - que têm mais de R$ 1 milhão disponível para aplicar - é, sobretudo, quem busca aplicações em fundos multimercado.
Segundo a Anbima, 70% desses investidores optaram por esses fundos. No total, o aplicador de alta renda injetou R$ 71,4 bilhões no mercado de fundos até outubro.
Entre os investidores com menos de R$ 1 milhão, a preferência ainda é pela modalidade de renda fixa, que responde por 83% da captação.
O multimercado fica em segundo lugar e representa 15% do total captado dentro desse perfil. O investidor com menos de R$ 1 milhão aportou R$ 69,6 bilhões até outubro - bem mais que os R$ 11,9 bilhões captados em todo ano passado.
Segundo Ambrósio, esses investidores partiram para uma gestão mais ativa, ou seja, em vez de aplicarem sozinhos, optaram por fundos com estratégias que superem o indicador de referência.
Além do recorde de captação dos fundos multimercado, outro indicativo dessa propensão a ativos mais arriscados é a alta da captação dos fundos de ações. Esses fundos reverteram queda de R$ 4,1 bilhões em 2016 e registraram alta de R$ 10,1 bilhões até novembro desde ano.
Esses patamares devem seguir elevados no ano que vem, no entanto, é difícil prever se haverá outro recorde, explica Ambrósio.
Ele pontuou também que esse cenário positivo para as captações depende também de condições favoráveis no mercado de modo geral, sem volatilidade, mesmo levando em conta que 2018 será influenciado pelo cenário eleitoral.
Segundo o site Yubb, espécie de 'Buscapé' dos investimentos, de janeiro a novembro, a procura pelos multimercado aumentou em 167,43% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Por outro lado, as buscas por aplicações "queridinhas" dos brasileiro, como CDB e Tesouro Direto, tiveram redução de 52,73% e 38,64%, respectivamente.
O levantamento do Yubb se baseia em dados da própria plataforma e também em outros dados disponíveis, como os do Google, a respeito de investimentos.
Bernardo Pascowitch, fundador do site, explica que esse aumento ocorreu em paralelo a queda de quase 50% da Selic e se deu sobretudo pelo investidor menor, que tem menos de R$ 1 milhão para investir.
O levantamento dos fundos multimercado feito pela Yubb a pedido do jornal O Estado de S. Paulo, aponta que os fundos mais buscados são da classificação multimercado Macro.
De acordo com a Anbima, esses fundos realizam operações em diversas classes de ativos com estratégias de investimento baseadas em cenários macroeconômicos de médio e longo prazos.
Apesar de ser uma estratégia importante para conseguir retornos maiores, investir nesses tipos de produtos requer alguns sacrifícios do investidor.
Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), explica que esse produto, sobretudo pelos riscos, deve ser usado pelo investidor como uma estratégia de médio e longo prazo.
Outra dica é ficar em alerta em relação aos fundos muito expostos ao dólar, já que o ativo, em ano de eleição, costuma ter muitos altos e baixos. A especialista indica investir em produtos com juros, ações e commodities em sua composição.