Crédito: antecipação do 13º salário ajuda a quitar dívidas mais caras (Alberto Chagas/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2017 às 14h34.
Última atualização em 3 de outubro de 2017 às 15h01.
A demanda por crédito das pessoas físicas vem crescendo nos últimos meses, indicando que parte dos brasileiros aproveita o ambiente de redução dos juros e da inflação mais baixa para acertar dívidas ou retomar gradualmente o consumo.
Uma das linhas oferecidas pelos bancos que reage positivamente é a de antecipação do 13º salário.
Segundo informações do Itaú Unibanco, maior banco privado do país, o crédito com garantia do 13º registrou aumento de 26% na procura entre março e julho deste ano sobre igual período do ano passado e de 35% na quantidade de contratos no mesmo período.
A contratação dessa modalidade de crédito no Itaú pode ser realizada pelo aplicativo mobile, internet banking, caixa eletrônico e nas agências.
O débito para pagamento da antecipação acontece em uma única parcela, em dezembro. O banco não informa os percentuais e limites de empréstimo e a taxa média do financiamento, que dependem do relacionamento com o cliente.
O Bradesco informa que o cliente interessado em antecipar o 13º salário deve apresentar o último comprovante de renda para confirmação do salário líquido, que será utilizado para cálculo do valor da antecipação. O banco libera até 100% do valor do salário, limitado a R$ 30 mil. O banco cobra taxas a partir de 2,99% ao mês.
O dia de vencimento da parcela é definido no momento da contratação e não pode ultrapassar 20 de dezembro do ano corrente. Beneficiários do INSS podem conseguir até 50% do valor do benefício líquido, limitado a R$ 30 mil.
Para esses, o pagamento da 2ª parcela do 13º ocorre entre os meses de novembro e dezembro, portanto, a data de vencimento da operação deverá ser na mesma data de recebimento do benefício.
Santander tem taxas entre 2,59% e 4,59% ao mês
No banco Santander, os empréstimos de antecipação do abono têm taxa mínima de 2,59% ao mês e máxima de 4,59% ao mês, com valor mínimo de R$ 100 e máximo com valor correspondente a até 100% do crédito a ser recebido. Para Internet Banking, ATM e Central de Atendimento Santander, o limite é de R$ 8 mil.
A cobrança ocorre no dia de recebimento do 13º salário. O contrato deve ser encerrado nesta data ou, no máximo, em 20 de dezembro do ano corrente.
O Banco do Brasil informa que em 2017 mais de 820 mil clientes já contrataram R$ 1,7 bilhão em antecipação de 13° salário, com destaque para as contratações pelo celular, que cresceram mais de 50% em comparação com o ano anterior.
O limite máximo é de R$ 20 mil por operação. O BB também não informa as taxas cobradas, argumentando que elas variam de acordo com o perfil de relacionamento do cliente com a instituição e do convênio firmado com o empregador.
A contratação pode ser realizada nos terminais de autoatendimento, internet, celular, correspondentes bancários ou agências do Banco do Brasil. O dinheiro é liberado na conta corrente do cliente, no momento da contratação.
Na Caixa Econômica Federal, para solicitar a antecipação do 13º o cliente deve ter conta salário no banco e estar empregado há, no mínimo, 12 meses.
Outra possibilidade é ser aposentado ou pensionista permanente do INSS, recebendo o benefício na Caixa. O banco cobra juros a partir de 3,19% ao mês.
Para o economista da Serasa Experian Luiz Rabi, fazer empréstimo de adiantamento do 13º salário pode ser boa opção para quem pretende usar a linha para pagar e, se possível, quitar totalmente outras dívidas mais caras.
Nesse caso, diz ele, o consumidor pode aproveitar os recursos para tentar reorganizar sua vida financeira, fugindo de modalidades com juros maiores.
Segundo levantamento de agosto da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças), modalidades como cheque especial ou cartão de crédito estão cobrando, em média, 12,14% ao mês e 13,36% ao mês, respectivamente.
Segundo informações do Banco do Brasil, a modalidade tem sido “importante alternativa de crédito para clientes que possuem dívidas mais caras, como o cheque especial (…).
Atualmente, 60% dos clientes que contratam a antecipação utilizam o crédito para quitar ou amortizar compromissos financeiros com taxas de juros mais elevadas”.
No caso de utilizar os recursos para consumo, Rabi desaconselha. “O melhor ainda seria a pessoa aguardar o pagamento do abono, entre novembro e dezembro, e utilizar os recursos para compra à vista, negociando um desconto.”
Serasa: cresce a procura de financiamento pela pessoa física
O Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito sinaliza que a quantidade de pessoas que buscou crédito no Brasil em agosto de 2017 cresceu 9,9% em relação ao agosto do ano passado. No acumulado de janeiro a agosto/2017, a busca do consumidor por crédito avançou 4,3%.
Luiz Rabi explica que o índice mostra a quantidade de pessoas que saiu em busca de crédito, seja para consumo ou pagamento de dívidas e compromissos.
Ele lembra que o indicador “virou” a partir de maio, saindo de um movimento de queda (- 0,7% no acumulado janeiro-abril sobre igual período de 2016) para trajetória de alta (+1% janeiro-maio contra igual período do ano anterior) e agora chegando a +4,3% sobre o acumulado do ano anterior
“Percebemos que o consumidor está retornando ao crédito, influenciado pela redução da inflação, pela queda dos juros e pelo início de um processo de recuperação gradual do emprego formal”, analisa.
Para o economista, o movimento é positivo, principalmente porque enquanto o crédito reage, vários indicadores mostram que não há aumento da inadimplência da pessoa física. “Ao mesmo tempo, vemos melhoras nas vendas, com resultados positivos principalmente em datas especiais, como Dia da Mães e Dia dos Pais; esperamos que isso se mantenha nos próximos meses até o fim do ano”, diz Rabi.
A Serasa Experian também tem estudo mostrando que a demanda das empresas por crédito cresceu 4,8% em agosto de 2017 em comparação com o mês anterior. No entanto, na comparação com o mesmo mês do ano passado, diferentemente do que ocorre com as pessoas físicas, houve retração de 5,0% na demanda por crédito empresarial.
O resultado acumulado de janeiro a agosto de 2017 também aponta queda, de 3,9% sobre o mesmo período do ano passado.
Coordenador do estudo, Luiz Rabi diz que a gradual retomada da atividade econômica está mais lenta para as empresas do que para as pessoas físicas. As empresas que estão reagindo primeiro, com alta de 5% na demanda por crédito em agosto sobre igual mês do ano passado, são as de micro e pequeno porte (MPEs – que representam 93% da amostragem da Serasa).
Nas médias e grandes empresas, o movimento ainda foi de queda no período: reduções de 0,3% nas médias companhias e de 0,2% nas grandes empresas.
Todos os setores econômicos pesquisados apresentaram quedas em suas demandas por crédito no acumulado de janeiro a agosto de 2017 na comparação com o mesmo período do
ano passado: Indústria (-6,5%); Comércio (-4,8%) e Serviços (-2,3%). Houve recuo no acumulado dos primeiros oito meses de 2017 em todas as regiões do país: Norte (-4,3%); Centro-Oeste (-5,2%); Nordeste (-5,5%); Sudeste (-2,3%) e Sul (-4,8%).
“Mesmo com a demanda dos consumidores por crédito já mostrando reação positiva, leva um tempo para isso chegar na ponta das empresas”, destaca Rabi.
“Nossa expectativa é que essa melhora comece a ocorrer a partir de setembro”, diz, lembrando que no último quadrimestre a indústria amplia produção para o Natal e o comércio se prepara para o aumento das vendas. “Mas, ainda que isso ocorra, acreditamos que no acumulado (em 12 meses) a retomada da procura por crédito, nas empresas, deverá fechar 2017 com retração, em torno de 3%”, completa.
Este conteúdo foi originalmente publicado no blog Arena do Pavini.