Minhas Finanças

Alugue e teste um veículo antes de comprá-lo

Muitas lojas já permitem que o interessado em um carro o dirija durante alguns dias antes de concluir a compra

Itavema: comprador de carro usado pode testá-lo durante três dias (.)

Itavema: comprador de carro usado pode testá-lo durante três dias (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo - Quem já comprou um carro usado conhece os riscos existentes nesse tipo de transação. No dia da compra, o carro está em pleno funcionamento, lindo e limpo. Com o tempo, entretanto, começam a aparecer os defeitos. Há carros que consomem muito combustível. Algumas vezes é o valor do seguro que pode tornar a aquisição proibitiva. Na primeira viagem mais longa, é possível que se descubra que o banco do motorista é incompatível com sua coluna cervical. Nada é pior, porém, que aqueles defeitos mecânicos que não foram identificados no dia da compra, mas que começam a aparecer com uma constância cada vez maior. Chegar em casa rebocado por um guincho vira rotina. E rapidamente aquela economia obtida no momento da opção pelo carro usado acaba se tornando uma conta bem mais salgada.

Se você é desconfiado por natureza, mas não quer perder a chance de comprar um carro por um preço interessante, saiba que algumas lojas já desenvolveram um incentivo para atrair compradores com seu perfil. É possível testar um carro durante alguns dias antes de tomar a decisão de compra. Nas lojas da Itavema, uma das maiores redes de concessionárias do Brasil, por exemplo, é possível rodar com um carro usado durante três dias antes de fechar a aquisição. Segundo o gerente de seminovos Cristiano Moreno, a Itavema desenvolveu essa política porque vende apenas veículos com baixa quilometragem e em bom estado em suas lojas. "Apenas quem só vende carro de qualidade pode oferecer essa vantagem ao comprador", diz Moreno. "Quando compramos um carro velho ou com alta quilometragem, repassamos para outra loja revender."

Uma das primeiras a oferecer esse tipo de vantagem, a locadora de veículos Avis permite que o cliente alugue um carro durante dois dias antes de comprá-lo em uma de suas lojas de seminovos. Se o comprador aprovar o veículo e fechar negócio, não terá de arcar com o custo de locação. Caso o test drive leve à desistência da aquisição, no entanto, o cliente terá de pagar o valor das duas diárias - uma política que afasta o surgimento de falsos interessados.

Segundo Cláudio Gottsfritz, gerente de seminovos da Avis, a empresa adotou a estratégia de permitir a locação prévia como forma de acabar com o preconceito existente com o carro vendido por locadoras. Muita gente acha que, por não ter um dono, os carros de aluguel são mal cuidados e tendem a apresentar mais defeitos que os das lojas comuns. No entanto, diz Gottsfritz, essa não é a realidade de quem visita uma das lojas da Avis. Os seminovos à venda têm no máximo dois anos de uso e menos de 45.000 quilômetros rodados. Boa parte dos veículos foi usada por uma única pessoa - já que a Avis costuma fornecer carros a empresas que concedem a seus executivos um automóvel como benefício. Mesmo os veículos oriundos da locação diária costumam passar por revisões bem mais constantes do que a média, afirma Gottsfritz.


A mesma estratégia de locação prévia pode ser utilizada por quem está interessado em um carro novo. Imagine alguém que deseje comprar um Toyota Corolla. Antes de desembolsar ao menos 61.000 reais, essa pessoa pode entrar em uma locadora, alugar um carro idêntico ao que sonha em comprar, rodar durante 24 horas e descobrir boa parte dos defeitos daquele modelo - gastando cerca de 300 reais. Para que até os problemas de desgaste fiquem aparentes, a dica de especialistas é fazer exatamente o que você nunca faz ao alugar um carro: peça para o funcionário da locadora lhe fornecer o automóvel com a quilometragem mais alta possível. Os benefícios obtidos com essa estratégia são muito maiores do que o custo. No Brasil, entretanto, muito pouca gente aluga um carro antes de comprá-lo, dizem os representantes de concessionárias.

O jeito certo de testar

Se você se conscientizou de que carro não é um bem que se compra a cada 30 dias e se animou a alugar o modelo de seus sonhos, aproveite a oportunidade para testá-lo de verdade. Para dar a volta no quarteirão ou rodar um ou dois quilômetros, basta pedir ao funcionário da concessionária para fazer um test drive. Em geral, quase ninguém sai descontente de um test drive porque repara principalmente nas vantagens do carro que está dirigindo em relação àquele que já está na sua garagem. É necessário mais tempo para que os eventuais defeitos de um modelo fiquem nítidos. A presença de um vendedor que passa o tempo todo ressaltando as qualidades do veículo no banco ao lado também contribui para distorcer os resultados do test drive.

Ao alugar o carro, faça tudo diferente. A primeira providência é levar o carro a um mecânico para que ele procure problemas escondidos debaixo do capô. Se não houver nenhum defeito aparente, aproveite o resto do tempo para testar o veículo - de preferência, junto com os demais membros da família. Verifique, por exemplo, se o automóvel cabe em sua garagem ou não raspa na entrada de seu prédio. Faça uma pequena viagem para verificar como o carro se comporta na estrada - será uma boa oportunidade para testar os freios e a estabilidade em alta velocidade. Passe por alguma estrada de terra ou esburacada para ver como se comporta a suspensão. Analise se o banco do motorista é suficientemente confortável mesmo após várias horas de direção. Encha o porta-malas de bagagem apenas para saber se o espaço será suficiente em longas viagens. Durante o tempo todo, fique atento aos ruídos do carro.

Outro ponto importante é testar o consumo de combustível. Vendedores de lojas nunca dizem que determinado veículo gasta demais - mesmo quando ele não possui uma versão flex e seu motor é muito potente. Então tire suas próprias conclusões. Encha o tanque e dirija durante dezenas quilômetros. Passe em outro posto, abasteça novamente e calcule quantos quilômetros por litro o veículo foi capaz de rodar. Repita a operação em uma rodovia - onde, em geral, o consumo do automóvel será bem mais baixo.


Em relação ao estado de conservação, uma série de pequenos testes podem ser feitos pelo próprio motorista, segundo manual elaborado pela Dekra, a maior empresa de inspeção de veículos do mundo. Teste o amortecedor balançando o carro para baixo segurando pelo parachoque. Se, ao largá-lo, o veículo balançar duas ou mais vezes, é sinal de que o amortecedor está em más condições. Confira o estado dos pneus, inclusive do estepe. Desgastes irregulares nos pneus podem indicar problemas com a suspensão. Com o carro suspenso, pressione cada roda para dentro e para fora. Se houver folga, isso indica que o rolamento está gasto.

Para checar o motor, reduza a velocidade bruscamente ou desça uma ladeira em segunda marcha. A diminuição proporcional de velocidade caracteriza o bom funcionamento do motor. Se o veículo demora para ligar, pode haver folgas no motor. Com o carro ligado por algum tempo, verifique se a ventoinha responsável por resfriar o motor começa a funcionar automaticamente.

Em relação ao freio, teste-o normalmente. Se houver ruído metálico, as pastilhas estão gastas. Calibre o pneu corretamente e, ao dirigir em um lugar plano, freie o veículo soltando as mãos da direção. Se o carro puxar para um dos lados, há problemas no freio ou na suspensão. Se o pedal da embreagem está duro ou folgado demais, é sinal de que a peça pode apresentar problemas.

Se houver bolhas na pintura, é sinal de ferrugem. Os locais onde a ferrugem é mais frequente são junto às borrachas, debaixo das portas e embaixo dos paralamas. A ferrugem pode indicar problemas de vedação ou furos no assoalho. Dê pancadinhas com os dedos na lataria para verificar se o barulho é diferente em algum ponto. Isso pode revelar a colocação de massa plástica. Confira também se as portas e o capô fechados se encaixam perfeitamente. O desnível é um sinal de que o carro foi batido.

Exija também os equipamentos de segurança obrigatórios, como extintor de incêndio, macaco, chave de rodas e triângulo - além do cinto de segurança e do estepe em bom estado de uso. Por último, verifique no manual do proprietário se o dono do veículo realizou as revisões recomendadas. Esse é um indicador de que o carro foi bem ou mal cuidado. Se após esses testes você não estiver seguro sobre a aquisição, provavelmente é hora de procurar outro veículo para a compra.

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