Disney: mesmo com os parques fechados, a companhia deve sobreviver à crise com ajuda do Disney+ (Foto/AFP)
Natália Flach
Publicado em 7 de maio de 2020 às 20h37.
Última atualização em 7 de maio de 2020 às 21h58.
A pandemia do novo coronavírus fez despencar as ações das principais empresas nas bolsas do mundo, permitindo que muitos investidores fossem às compras. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500, por exemplo, acumula queda de 11% no ano, enquanto o Dow Jones recua quase 17%. "Não adianta comparar o preço atual dos papéis com o anterior à crise, porque o valuation [valor] das empresas também mudou, e a análise precisa levar isso em consideração", afirma Gustavo Aranha, sócio e diretor de distribuição da Geo Capital, que investe em ações de empresas estrangeiras.
A partir da revisão do valor das empresas, a gestora analisou 60 companhias e montou uma carteira com aquelas cujos modelos de negócios devem sobreviver ao momento turbulento da economia — e até valorizar no longo prazo. A "queridinha" da Geo Capital é a Disney. Mesmo com os parques fechados, os cruzeiros suspensos e os estúdios sem data para voltar a filmar, o conglomerado do entretenimento tem a seu favor o canal de streaming Disney+.
"Não é que a Disney não tenha sido afetada pela crise, ao contrário. Os anos de 2020 e 2021 serão difíceis, mas a empresa não vai quebrar", afirma Aranha. "O Disney+ vai aos poucos ganhando fatia de mercado e é um canal para escoar as produções que estão prontas e não podem ser exibidas nos cinemas." Então, mesmo com valuation menor, o preço das ações está muito aquém do que seria justo.
Outra aposta é nos papéis da fabricante de máquinas, implementos agrícolas e equipamentos de construção Deere & Company. À primeira vista, pode parecer um contrassenso, afinal, dez em cada dez economistas preveem retração econômica nos Estados Unidos e no mundo. Mas, diferentemente de outras companhias, os compradores da fabricante não desistem da compra do maquinário — só adiam, já que se trata de um investimento. "Sem falar que a manutenção dos tratores é feita pela própria Deere, então, existe uma relação de longo prazo com os clientes."
A gestora também tem posição na Berkshire Hathaway, que atua em diversos setores, como seguros e transportes, e é gerida pelo megainvestidor Warren Buffett. "É uma empresa que gera muito caixa e investe muito bem os recursos em outras companhias."
As fabricantes de bebidas Coca-Cola, Anheuser-Busch InBev e Diageo estão entre as preferidas da Geo Capital. Além de terem marcas consolidadas, elas têm canais logísticos que permitem que seus produtos cheguem a lugares mais difíceis e longínquos. "Talvez esse seja o fator mais difícil de os concorrentes copiarem", acrescenta.
Empresa | Participação na carteira |
The Walt Disney Company | 8,7% |
Constellation Brands | 8,3% |
Comcast Corporation | 8,3% |
Deere & Company | 7,8% |
Berkshire Hathaway | 7,7% |
AB InBev | 6,0% |
EssilorLucottica | 5,5% |
Intercontinental Exchange | 5,4% |
Coca-Cola Company | 5,2% |
Diageo | 5,0% |
Outras | 22,2% |
Caixa | 9,9% |
Fonte: Geo Capital