Loja da Vivo: fundos que compraram ações da empresa antes da fusão com a Telesp se deram bem
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2012 às 19h56.
São Paulo – A economia mundial não ajudou quem investe em ações no primeiro semestre. O Ibovespa, principal índice de ações do pregão paulista, registrou uma queda de quase 10% entre janeiro e junho. Ações bastante negociadas, como da Petrobras e das siderúrgicas, prejudicaram muita gente. Mesmo assim, algumas dezenas de fundos souberam fazer uma seleção de investimentos adequada ao cenário macroeconômico mundial e obtiveram resultados bem positivos no período.
A partir de uma consulta à base de dados da consultoria Economática, EXAME.com selecionou os sete fundos com o melhor desempenho até junho dentro de uma base que incluía várias centenas de aplicações. Foram excluídos do ranking todos os fundos em que a maioria das pessoas não pode investir – os exclusivos e os restritos, por exemplo. A lista também não considerou os fundos passivos de ações, em que o gestor deve obrigatoriamente seguir determinado índice (como o Ibovespa ou o IBr-X) na composição de seu portfólio. Só entraram aqueles que são classificados pela Anbima (a associação de bancos e fundos de investimento) nas categorias Ações Livre, Ibovespa Ativo, IBr-X Ativo e Small Caps.
Para privilegiar os gestores que fizeram um bom trabalho de seleção, fundos que investem em apenas uma ação (como da Petrobras ou Vale) ou setor (energia, por exemplo) também foram eliminados - inclusive, se não houvesse sido adotado esse critério, dois fundos que só investem em ações da Cielo (um do Banco do Brasil e outro do Bradesco) teriam liderado o ranking. Por último, foram desconsiderados os fundos que servem apenas de veículos de investimentos dos próprios gestores e não estão abertos ao público. Veja abaixo como e por que os sete melhores fundos do primeiro semestre lucraram tanto:
1 - Polo Latitude 84 FIA, da Polo Capital
Por incrível que pareça, o gestor desse fundo de ações que rendeu 10,3% e ficou em primeiro lugar no ranking dos mais rentáveis do primeiro semestre não teve de tomar nenhuma decisão no período. O Polo Latitude é o que se chama no mercado de fundo puramente quantitativo, em que as ordens de compra e venda são disparadas eletronicamente por um computador. Recheado de dados e fórmulas matemáticas, o computador é capaz de identificar a tendência do mercado e dispara ordens para lucrar nesse determinado ambiente. Tanto faz, portanto, se a bolsa sobe ou cai. O que importa é que o computador seja capaz de identificar a tendência de alta ou de baixa corretamente. Inclusive, o Polo Latitude costuma ir muito bem quando a bolsa cai. Foi assim em 2008, quando a crise derreteu o mercado global de ações, e foi assim agora. É uma boa opção, portanto, para o investidor que está em bolsa, mas gostaria de constituir uma carteira diversificada.
Outra característica típica de um fundo quantitativo é a realização de centenas de ordens de compra e venda em um único dia. O mesmo papel que é a maior posição de um fundo pela manhã pode simplesmente ter desaparecido do portfólio à tarde. O Polo Latitude é vendido apenas para investidores qualificados (aqueles que possuem 300.000 reais ou mais em aplicações financeiras) e tem aplicação inicial de 100.000 reais. O fundo cobra 2% de taxa de administração ao ano e mais uma taxa de performance de 20% sobre o que exceder o CDI. Se o resgate não for programado com 60 dias de antecedência, o investidor também tem que pagar uma taxa de saída de 10%. O fundo tem 94 quotistas e um patrimônio líquido de 64 milhões de reais.
2 – Argos FIA, da Argos
O fundo conseguiu se diferenciar e chegar à segunda colocação no ranking dos mais rentáveis com a aposta de que o Ibovespa não teria um bom desempenho no primeiro semestre. O Argos FIA rendeu 9,4% principalmente porque o gestor se antecipou às quedas das ações da Vale e da Petrobras e ficou vendido nesses papéis. Outra estratégia utilizada foi manter bastante dinheiro em caixa, aguardando oportunidades para a compra de papéis por um preço mais atrativo. O Argos FIA é um fundo classificado pela Anbima na categoria Ações Ibovespa Ativo e exige aplicação mínima de apenas 5.000 reais. Em troca da gestão, o investidor terá de pagar taxa de administração de 3,5% mais 20% do que o fundo exceder o Ibovespa como taxa de performance.
3 – Oceana Long Biased FIA, da Oceana Investimentos
Antigamente chamado de O2 FIA, o Oceana Long Based FIA possui três estratégias de investimento. A maior parte dos recursos é utilizada para a compra de ações com perspectiva de retorno de longo prazo. Cerca de 70% do dinheiro do fundo está investido dessa maneira atualmente – a maioria em ações dos setores de consumo, construção e bancário. O fundo também costuma ficar vendido em papéis que considera caros – uma estratégia pouco utilizada no primeiro semestre. Uma terceira parcela dos recursos permite a montagem de operações de valor relativo, em que o fundo fica comprado em um papel e vendido em outro e ganha ou perde de acordo com a diferença de performance entre os dois. No primeiro semestre, por exemplo, o fundo colheu bons lucros com a compra de ações ordinárias do Itaú casada com a venda das preferenciais. Outra operação rentável foi a compra de ações da Brookfield paralelamente à venda de uma cesta de três incorporadoras: Cyrela, Gafisa e MRV. O Oceana Long Biased FIA está aberto apenas para aplicações de investidores qualificados (com mais de 300.000 reais em aplicações financeiras) e exige investimento inicial mínimo de 50.000 reais. O fundo cobra taxa de administração de 2% ao ano mais 15% do resultado que for superior ao IPCA mais 6% ao ano. Resgates no final do mês precisam ser programados com ao menos 20 dias de antecedência.
4 - BNY Mellon ARX Long Term FIA, BNY Mellon ARX
Com rendimento de 8,1% no primeiro semestre, o BNY Mellon ARX Long Term FIA foi o único fundo focado nas empresas menos negociadas da bolsa a fazer parte do ranking dos mais rentáveis. A estratégia dos gestores de alocar os recursos principalmente em ações que não possuem uma cobertura extensiva dos analistas tem gerado excelentes resultados também em prazos mais longos. Desde sua criação em setembro de 2008, o BNY Mellon ARX Long Term FIA rendeu 188% - contra 20% do Ibovespa e 70% do principal índice de small caps da bolsa. Segundo Bruno Garcia, gestor de renda variável da BNY Mellon ARX, o fundo já investiu em 68 empresas diferentes e obteve ganhos com 56 dessas posições. As duas principais fontes de lucro no primeiro semestre foram as ações da Hering (que subiram 32% com a revitalização da marca e a ascensão da classe C) e da Santos Brasil (o boom de importações e a ausência de bons portos no litoral paulista permitiu que a empresa elevasse suas margens).
Segundo Frederico Saraiva, outro responsável pelo fundo, a principal aposta para os próximos meses é em setores ligados ao consumo doméstico. O BNY Mellon ARX Long Term FIA administra 139 milhões de reais de 255 quotistas. O fundo atende investidores qualificados dispostos a investir inicialmente ao menos 20.000 reais e cobra taxa de administração de 2% ao ano mais 20% do que exceder o IGP-M mais 6%. Como o fundo investe apenas em empresas com baixa liquidez, não há taxa de resgate se a programação for feita com 90 dias de antecedência.
5 - Explora é a única gestora que emplacou dois fundos no ranking
A Explora Investimentos foi a única gestora que conseguiu emplacar dois fundos no ranking dos mais rentáveis do primeiro semestre. Com rentabilidade de 6,4% a 6,8%, os fundos Explora Long Ações 30 FIC FIA e Explora Oportunidades Ações FIA garantiram a quinta colocação na lista de EXAME.com. Os bons resultados foram alcançados principalmente com a compra de ações dos setores de energia e telecomunicações, bastante defensivos e tradicionalmente indicados para momentos ruins da bolsa. Dois papéis que ajudaram bastante na performance e ainda fazem parte da carteira são da MPX (empresa de energia de Eike Batista) e da Vivo (operadora de telefonia celular). O Explora Long Ações 30 FIC FIA exige aplicação inicial mínima de 50.000 reais. O investidor que quiser participar do fundo terá de pagar 2% de taxa de administração ao ano mais 20% do que exceder o Ibovespa a título de taxa de performance. O resgate precisa ser programado com 30 dias de antecedência. A Explora foi fundada em agosto de 2007 por Eduardo Munemori (ex-Constellation e ex-Pactual) e hoje tem cerca de 300 milhões de reais sob administração.
6 - GAP Equity Value FIA, da GAP
Menos de um ano após sua criação, o GAP Equity Value FIA conseguiu entrar no ranking dos fundos de ações mais rentáveis do primeiro semestre. Com um rendimento de 6,3% no período, o fundo adota uma estratégia de se concentrar em poucas ações – ao redor de só sete papéis diferentes. O produto é direcionado ao investidor que quer investir em ações, mas não está interessado em seguir o Ibovespa. Tanto que o benchmark do fundo é IGP-M mais 6%, e não o principal índice da bolsa paulista. O fundo também tem bastante flexibilidade de caixa. O gestor pode manter até um terço do patrimônio fora da bolsa se julgar que as condições de mercado são desfavoráveis. Segundo Ivan Guetta, o gestor da GAP responsável pelo fundo, as ações que geraram os maiores ganhos no primeiro semestre foram Vivo (devido à fusão com a Telesp), Tecnisa (uma das poucas incorporadoras que se valorizaram nos últimos meses), a Sonae Sierra (empresa de shopping centers que fez sua oferta inicial de ações neste ano) e a CCR (concessionária de rodovias com perfil bem defensivo). Já uma aposta que não funcionou foi na Gerdau, que caiu assim como outros papéis do setor siderúrgico.
Nas últimas semanas, o fundo aproveitou o preço baixo das ações para voltar às compras. Duas posições que cresceram substancialmente foram Vale e Itaú Unibanco. A gestora carioca GAP administra cerca de 3,7 bilhões de reais em 40 fundos. O GAP Equity Value FIA está aberto apenas para investidores qualificados com disposição para realizar uma aplicação inicial mínima de 20.000 reais. O fundo cobra 2% de taxa de administração mais 20% do que exceder o IGP-M mais 6% ao ano.
7 - Vetorial FIA Bov, da Vetorial Asset
A Vetorial Asset Management mudou a política de gestão de seu fundo de ações e conseguiu emplacá-lo em sétimo lugar no ranking dos mais rentáveis do Brasil. O Vetorial FIA Bov rendeu 6% no período ao adotar uma postura mais ativa de seleção de papéis baseada principalmente no monitoramento dos fluxos de recursos no mercado. O fundo ganhou um bom dinheiro ao antecipar a forte queda das ações das incorporadoras no primeiro semestre, causada pela alta dos juros e dos custos do setor de construção. Outra operação rentável foi a compra das ações da OGX antes da divulgação do relatório da consultoria D&M, que acabou frustrando as expectativas de analistas e investidores. A empresa também decidiu se posicionar em Vale Fertilizantes como forma de se aproveitar do bom momento do agronegócio e do setor de alimentos – e se deu bem. O Vetorial FIA Bov tem aplicação mínima de apenas 10.000 reais. O fundo cobra 3% de taxa de administração mais 20% do que exceder o Ibovespa a título de performance. A Vetorial Asset Management administra cerca de 100 milhões de reais em diversos fundos.