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7 promessas furadas de Ano Novo

Especialistas dão dicas para não deixar que suas resoluções financeiras para 2012 durem menos que o verão

Réveillon: sonhos e promessas costumam ter vida curta (Divulgação)

Réveillon: sonhos e promessas costumam ter vida curta (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2012 às 07h12.

São Paulo – “Muito dinheiro no bolso / Saúde pra dar e vender” são versos de uma das músicas mais populares de Ano Novo e dão a dimensão de como o dinheiro faz parte dos sonhos das pessoas. Para muita gente, melhorar de vida chega a ser sinônimo de ganhar mais dinheiro. É a partir dessa constatação que muita gente faz promessas ou simpatias de Ano Novo que, de alguma forma, envolvem as finanças pessoais. EXAME.com apresenta abaixo algumas das resoluções mais comuns para o ano que acaba de nascer e explica por que tantas vezes os objetivos não são atingidos:

1 - Ficarei rico (apostando na Mega Sena)

Sem dúvida nenhuma, esse é um dos principais desejos das pessoas que pulam sete ondas na praia na virada de ano. O problema é que muita gente não para para pensar em um plano que vai permitir a acumulação de riqueza. “Não adianta alguém achar que vai se tornar milionário fazendo as mesmas coisas que já estão sendo feitas”, diz o educador financeiro Mauro Calil. “É preciso elaborar um plano que, no longo prazo, leve ao crescimento do patrimônio.” Quando a única ideia existente é jogar na Mega Sena, dificilmente a pessoa vai progredir. A matemática mostra que a chance de acertar as seis dezenas com apenas um jogo é de uma em 50 milhões.

O segundo jeito mais rápido de ganhar muito dinheiro honestamente é abrir o próprio negócio. É inegável que existem grandes oportunidades a serem aproveitadas em um país emergente como o Brasil. O risco de perder todo o dinheiro investido, no entanto, é proporcional ao potencial de retorno dos novos negócios. Antes de colocar o dinheiro, é interessante estudar a fundo o mercado potencial para os produtos ou serviços que serão oferecidos. Questionar as próprias convicções, levantar os riscos e não subestimar a possibilidade de tropeços também fazem parte de uma estratégia prudente. É impossível entender a complexidade de qualquer mercado sem estudá-lo durante ao menos seis meses.

2 - Vou ganhar mais (pressionando meu chefe a me dar um aumento)

Essa é outra forma de simplificar a solução para os problemas financeiros. Empresas que podem ser consideradas generosas raramente promovem mais de 15% ou 20% dos funcionários a cada ano. Muita gente realmente merecedora fica de fora dessa lista. Não seria estranho, portanto, se este ano terminar e excelentes funcionários não tiverem sido contemplados. O professor Mauro Calil explica que as formas de aumentar as chances de obter um reajuste salarial variam de acordo com o cargo da pessoa. Quem é funcionário público muitas vezes não tem como ganhar promoções sem prestar novos concursos públicos – o que geralmente implica em estudar.

Já na iniciativa privada também existe a possibilidade de fazer cursos e aprimorar o conhecimento. O leque de opções, entretanto, é um pouco mais amplo. Transferir-se de um grande centro para uma cidade do interior do país onde não há mão de obra capacitada é uma forma interessante de obter um reajuste – principalmente em um momento em que diversas regiões brasileiras crescem mais que São Paulo ou Rio de Janeiro. Já quem não pode arrastar a família ou simples mente não quer ir para outra cidade deve investir em networking e buscar oportunidades em outras empresas – nem que seja para arrancar um reajuste na própria companhia quando uma proposta melhor surgir.

3 - Vou me livrar das dívidas (sem mexer no meu padrão de vida)

Quem está endividado não tem tempo para elaborar um plano para abrir o próprio negócio ou esperar o chefe se convencer que um aumento seria merecido. O enforcado precisa com urgência juntar o dinheiro necessário para honrar as próprias dívidas e evitar ser incluído em cadastros de inadimplentes. A forma mais rápida de levantar recursos é reduzir as despesas – e não aumentar as receitas.


Quem não está atolado em dívidas tem a chance de se livrar delas simplesmente sendo mais organizado financeiramente. Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, autor do livro “Livre-se das Dívidas”, o primeiro passo é anotar todos os gastos que são feitos durante um mês. Em seguida, é necessário analisá-los um a um e classificá-los por ordem de necessidade. “Ao analisar tudo que foi gasto, as pessoas costumam descobrir que mesmo entre as despesas de primeira necessidade, como alimentos, bens de consumo, energia, água e telefone, é possível cortar cerca de 20% dos custos apenas evitando o desperdício”, diz ele. “Esse percentual é ainda maior entre as despesas com supérfluos.”

Se com o dinheiro poupado após essa revisão financeira ainda não for possível acabar com as dívidas, pode ser necessário renegociá-las. O professor Mauro Calil recomenda que os débitos mais caros sejam identificados para que depois possam ser substituídos por empréstimos mais baratos. Um trabalhador com carteira assinada pode, por exemplo, tomar um empréstimo consignado para cobrir o rombo do cheque especial, economizando muito com juros. Se ainda assim não der para pagar tudo, Calil recomenda que as dívidas mais baratas deixem de ser pagas para evitar que as mais caras cresçam como uma bola de neve.

4 - Não usarei o cartão de crédito (só darei um pulinho rápido no shopping)

Consumidores vorazes geralmente podem ser identificados pela frequência com que usam o cartão de crédito. Por ser uma linha de crédito pré-aprovada que permite o pagamento de apenas 15% da fatura no mês seguinte, os plásticos se tornaram o meio mais comum de endividamento dos brasileiros. Como os cartões também possuem as maiores taxas do mercado (os juros podem ser maiores até mesmo que os cobrados por agiotas), as dívidas podem explodir quando os gastos são feitos de maneira descontrolada.

Muita gente que já usou o cartão irresponsavelmente no passado pode ter prometido simplesmente não tocar nele neste ano. A primeira dica para quem acabou de adotar uma atitude drástica como essa é não se expor ao consumo, indo a shopping centers e lojas com liquidações ou então navegando em sites de compras coletivas. Mas apenas isso pode não ser suficiente, alerta o consultor financeiro André Massaro, da MoneyFit. Em alguns casos, um consumidor descontrolado precisa procurar ajuda psicológica profissional. Para a maioria das pessoas, entretanto, basta força de vontade.

5 - Pouparei mais (sem recaídas)

Os consultores financeiros ouvidos por EXAME.com relatam que não são raros os casos de pessoas que possuem excelentes salários, como 50.000 ou 60.000 reais por mês, e que possuem menos do que isso poupado no banco. A explicação é que muita gente até consegue guardar dinheiro durante algum tempo, mas logo tem uma recaída e torra tudo para realizar um enorme desejo, como uma viagem exótica ou um carro de luxo.

O educador financeiro Reinaldo Domingos, presidente do instituo DSOP, ensina que a forma correta de poupar dinheiro é, em primeiro lugar, estabelecer sonhos de curto, médio e longo prazo. É preciso definir quanto custa cada sonho, quanto será poupado a cada mês para cada um deles e por quanto tempo. A poupança que for realizada para cada um desses objetivos é feita de forma simultânea. O dinheiro deve ser guardado assim que o salário cai na conta. Quem só guarda o que sobra após todas as despesas corre mais risco de não cumprir os três objetivos.


O ideal é que as pessoas poupem ao menos 10% da renda todos os meses. Quem quer parar de trabalhar logo deve elevar esse percentual. Em um mês, uma pessoa pode, por exemplo, poupar 1.000 reais para um sonho de curto prazo como uma viagem de férias, 2.000 reais para o sonho de médio prazo como a compra de um carro novo e 3.000 reais para atingir um objetivo de longo prazo como a compra de um imóvel. O dinheiro deve ser separado em contas ou investimentos diferentes de forma que a pessoa não se sinta tentada a sacrificar o futuro distante em nome da realização imediata do sonho de curto prazo.

6 - Vou ganhar muito dinheiro na bolsa (após um curso de um dia de análise técnica)

O bilionário Lírio Parisotto, maior investidor da Bovespa, costuma dizer que o uso da análise técnica no mercado acionário só serve para jovens perderem o dinheiro dos pais. Trata-se, obviamente, de um exagero, uma vez que grandes bancos e corretoras contratam grafistas para identificar bons pontos de entrada e saída da bolsa. Mas quase nenhum gestor profissional de fundos de ações acredita que somente isso já é suficiente para ficar milionário. O conhecimento da análise gráfica é complementar à avaliação dos fundamentos da economia brasileira e mundial, dos setores produtivos e das companhias listadas. Esse conjunto de conhecimentos é que dá a um investidor vantagem competitiva para negociar ações em bolsa.

Muita gente, entretanto, sai de um curso de análise técnica com duração de um dia achando que está preparado para nadar entre os tubarões. Ledo engano. A fuga de 27.000 investidores da Bovespa no último ano mostra que muita gente simplesmente não estava suficientemente preparada para investir em renda variável, perdeu dinheiro e desistiu. Para os especialistas ouvidos por EXAME.com, pode ser interessante comprar ações, principalmente quando os papéis estão com preços baixos. O dinheiro que será colocado na bolsa, entretanto, deve ser meticulosamente separado.

O recurso que serve como reserva de emergência ou que está sendo poupado com o objetivo de realizar sonhos de curto prazo deve ser aplicado apenas em investimentos de alta liquidez e baixo risco, como a caderneta de poupança, CDBs de bancos grandes e fundos DI. Os recursos de médio prazo devem ser colocados no Tesouro Direto, em CDBs de bancos médios e fundos de renda fixa ou multimercados – de preferência, aqueles geridos por administradores de recursos com excelente reputação. Já a poupança de longo prazo pode ser destinada a fundos de previdência complementar, Tesouro Direto ou bolsa. Não é prudente, portanto, aplicar mais de 30% ou 40% do patrimônio no mercado acionário.

7 - Vou garantir minha aposentadoria (quando der)

Quando questionado sobre a importância de poupar para a aposentadoria, qualquer brasileiro com um mínimo de bom senso dirá que essa é uma de suas preocupações. Muito pouca gente, no entanto, poupa com a visão de garantir o próprio futuro e da família após a idade produtiva. Para o consultor financeiro André Massaro, todo mundo acha a poupança para a aposentadoria importante, mas ninguém toma isso como algo urgente. É natural, já que pessoas com 30 ou 40 anos costumam ter problemas mais imediatos para resolver. O problema é que os juros compostos fazem com que a previdência funcione melhor com pequenos aportes desde cedo. Quem deixa para pensar nisso só no final da vida corre o sério risco de encarar momentos de stress e angústia. “É por isso que só 1% dos brasileiros consegue manter o padrão de vida após a aposentadoria”, diz Reinaldo Domingos. 

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