Sacolas: as atitudes dos vendedores que podem acabar com uma venda (Foto/Thinkstock)
Júlia Lewgoy
Publicado em 18 de novembro de 2016 às 05h00.
Última atualização em 18 de novembro de 2016 às 09h19.
São Paulo - Falta exatamente uma semana para a maior enxurrada de descontos do ano, a Black Friday, no dia 25 de novembro. As reclamações de falsas promoções diminuíram desde o início do evento no Brasil, segundo o site Reclame Aqui, mas ainda há riscos de cair em armadilhas.
Como saber se os descontos realmente valem a pena ou são maquiados pelas empresas? Veja as dicas a seguir para não gastar dinheiro à toa.
Ainda é comum empresas aumentarem os preços nos dias anteriores à Black Friday, com a promessa de oferecer descontos estratosféricos na data promocional. Foi o que percebeu a publicitária Camila Piccinini, 24, que há quatro meses pesquisa preços de eletrodomésticos para sua casa nova.
Com a ajuda de sites comparadores de preços, como o Buscapé e o Bondfaro, ela monitora o histórico dos valores dos produtos, com a esperança de aproveitar a Black Friday. “Eu não fazia ideia se os preços estavam bons ou não. O problema é que, quanto mais eu controlo, mais eu vejo todas as sacanagens das empresas, com propagandas enganosas”, denuncia.
O gráfico mais assustador de Camila é o que monitora os preços de microondas nos últimos seis meses. Desde o início de novembro, os preços saltaram 30% e alcançaram um patamar nunca visto antes.
Desse jeito, Camila só vai aproveitar a Black Friday se os preços caírem proporcionalmente além do que já aumentaram. Se não, prefere esperar a promoção passar.
Monitorar esse histórico de preços, com a ajuda de sites, é fundamental para ter certeza de que os descontos valem a pena. Lembre de incluir nas comparações o valor do frete, que às vezes sobe na data do evento, como aconselha Francisco Cantão, sócio-diretor da Proxy Media, empresa organizadora da campanha Black Friday de Verdade.
Se encontrar boas promoções logo no início do evento, a partir da meia-noite, Cantão recomenda não esperar para comprar. “Até podem existir descontos melhores ao longo do dia, mas a tendência é que as promoções mais agressivas aconteçam no início do evento”, explica.
Descontos de 20% já são relevantes para eletrodomésticos, pois a margem dos varejistas para produtos linha branca são menores. Já para móveis, roupas, alimentos e bebidas, você pode exigir descontos maiores, de 50%, como orienta Cantão.
É verdade que a Black Friday é uma ótima oportunidade para encontrar produtos por preços melhores, mas a compra exige um planejamento mínimo, como lembra o educador financeiro José Vignoli, do SPC Brasil. Antes de comprar por impulso, faça uma revisão das próximas faturas do cartão de crédito e avalie quanto as novas parcelas vão pesar no orçamento.
Não esqueça que o fim do ano acarreta despesas extras, como o IPVA, o IPTU e a matrícula escolar. Organize o orçamento de forma que você não fique com a corda no pescoço. “Compre só o que se adequar ao seu fluxo de caixa e o que não transforme você em um escravo das parcelas”, orienta Vignoli.
Ué, especialistas em finanças pessoais estão recomendando usar o cartão de crédito? É isso mesmo, pois em compras na internet, esse é o meio de pagamento mais seguro. Esqueça aquele estigma de que é inseguro digitar os dados da cartão na web, como recomenda Tom Canabarro, cofundador do Konduto, sistema que barra fraudes na internet.
Ao pagar com cartão, você poderá solicitar ao banco o estorno da transação, se tiver qualquer problema. Já se pagar com boleto bancário, não há nenhuma garantia de que receberá o dinheiro de volta. Por isso, desconfie de sites que só aceitam pagamentos por boleto bancário.
Se houver algum erro na compra, como a cobrança de um valor maior do que o prometido ou o não recebimento do produto, salvar as imagens das etapas da compra no site pode ajudar a comprová-la.
Guarde também os e-mails de confirmação e de prazo de entrega enviados pelo site, como sugere Diógenes Carvalho, diretor do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (Brasilcon), mestre em direito econômico e doutor em economia comportamental.
Nessa situação de erro, tente primeiro negociar de forma amigável com a loja, como aconselha Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Se não adiantar, procure o Procon da sua cidade ou denuncie o site na Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).
Veja as 10 empresas mais reclamadas pelos consumidores na Black Friday desde 2013, segundo o site Reclame Aqui.