barras-ouro (Pixabay/Reprodução)
Mariana Martucci
Publicado em 22 de setembro de 2020 às 07h00.
Última atualização em 22 de setembro de 2020 às 16h18.
Visto pelo mercado como um escudo contra os chamados riscos sistêmicos, o ouro reluz como alternativa para os investidores na hora de diversificar e proteger suas carteiras. Neste ano, o metal registrou uma valorização de quase 30%, ganhando ainda mais evidência. “O ouro é uma alternativa muito importante para criar mecanismos de proteção em momentos de estresse no mercado”, diz o educador financeiro André Bona.
O especialista explica que, por se tratar de um bem que não pode ser fabricado, o ouro não está sujeito a intervenções do governo, o que significa que sua cotação costuma ter mais estabilidade em relação a outros ativos, como títulos do Tesouro. “O ouro é um metal físico. Não é como uma empresa que está produzindo e agregando valor. Tanto é que o investimento em ouro não gera mais ou menos gramas. O investidor continua tendo a mesma quantidade. O que muda é apenas o valor, de acordo com a situação de mercado”, diz ele.
A seguir, Bona e José Lucio Barroso Nascimento, sócio e gestor do BTG Pactual Asset Management, explicam o que é importante saber antes de investir nesse ativo.
Além de ter uma correlação negativa em relação às oscilações das bolsas de valores, o ouro tende a valorizar em períodos de crise. Acaba, portanto, sendo usado por investidores como hedge, ou seja, um mecanismo de proteção de carteira. “Como não atua na mesma direção do mercado financeiro, o ouro funciona como contrapeso em momentos de maior volatilidade”, explica Bona. “Em períodos de crise e incerteza, o investidor que tem esse metal em sua carteira acaba tendo um amortecimento dos efeitos negativos de queda.”
Na tentativa de adivinhar os períodos mais estressantes do mercado, alguns investidores enxergam no ouro uma forma de obter rendimentos a partir de uma posição mais especulativa e com uma visão de curto prazo. Outros fazem investimentos nesse ativo com o intuito de proteger suas carteiras de uma perspectiva de longo prazo.
“O percentual em ouro deve ser utilizado de maneira permanente, não importam as circunstâncias”, afirma Bona. “Em um time de futebol, o ouro é o goleiro; a defesa. Ele não está ali para fazer gol, mas, sim, para ser a retaguarda.”
O investimento nesta commodity pode se dar de algumas formas, como pela compra de ouro físico, e via mercado futuro, com o preço da transação previamente estabelecido. Hoje, no entanto, os fundos de investimento são a maneira mais acessível e menos burocrática de investir em ouro. Não à toa, essa é também uma das modalidades mais buscadas pelos investidores.
Em janeiro deste ano, por exemplo, o fundo BTG PACTUAL OURO FI MULT, da BTG Pactual Asset Management, somava 30,1 milhões de reais em patrimônio. Em setembro, o volume sob gestão saltou para 161,2 milhões de reais. “A pandemia fez com que a demanda por esse bem escasso ganhasse ainda mais relevância e um espaço maior nas carteiras”, diz Nascimento.
Primeiro, é preciso ter em mente o objetivo do fundo no qual o dinheiro será alocado. Não é recomendável, por exemplo, tentar acertar o momento de entrar ou sair desses ativos. “Um erro comum de investidores iniciantes é escolher um produto com base no seu histórico de rentabilidade, e não na característica essencial do ouro, que é a proteção”, diz Bona.
Outro fator a ser considerado são as condições para investir em um fundo ouro. O BTG PACTUAL OURO FI MULT, por exemplo, tem uma taxa de administração considerada baixa (de 0,10%) e aporte inicial de 500 reais, o que o torna acessível para qualquer tipo de investidor.
Segundo os especialistas, o balanço de risco segue positivo em termos de proteção das carteiras contra um cenário adverso no segundo semestre. Isso porque o ouro continua surfando o juro baixo no mundo, estimulando o investidor a revisitar o tamanho das posições desse ativo em suas carteiras.
“O ouro é um ativo importante e continuará sendo demandado. Vale a pena, neste momento, contar com a ajuda de um assessor de investimento que possa orientar o investidor em termos de percentuais investidos com base em seus objetivos e apetite de risco”, afirma Nascimento.