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5 investimentos que parecem bons, mas te fazem perder dinheiro

Quer investir em bitcoin, casa de temporada ou aplicação com uma super rentabilidade? Cuidado: isso pode sair mais caro do que você imagina

Investidor preocupado: não caia nas armadilhas do lucro fácil e rápido (SIphotography/Thinkstock)

Investidor preocupado: não caia nas armadilhas do lucro fácil e rápido (SIphotography/Thinkstock)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 11 de julho de 2018 às 05h00.

Última atualização em 11 de julho de 2018 às 09h47.

São Paulo - Seja você um investidor amador ou veterano, é sempre bom refletir onde é melhor aplicar o dinheiro. Dessa forma, evita-se cair no conto do "investimento da vez”.

Isso porque algumas aplicações geralmente exigem um investimento maior do que o esperado, que talvez não compense o rendimento obtido. Outras podem gerar um grande prejuízo e comprometer toda a carteira de investimentos.

É o caso das criptomoedas, que se tornaram recentemente uma febre no país, mas são muito arriscadas por nao serem regulamentadas. Também é o caso de imóveis, comprados para obter rendimentos com aluguéis,  que, em geral, têm um custo de manutenção elevado.

Ao invés de se iludir com a ideia de que está criando um patrimônio sólido ou que irá aumentar exponencialmente seus ganhos em pouco tempo, o investidor deve priorizar antes o que é mais necessário: a criação de uma reserva de emergência e uma carteira com aplicações balanceadas para o período da aposentadoria.

Pode ser interessante investir nessas aplicações, em alguns casos. Mas é importante ter consciência das limitações dessas aplicações. Consciente das desvantagens, o investidor pode minimizar eventuais perdas, destinando apenas uma pequena porção da sua carteira de investimento para a aplicação, por exemplo.

Confira abaixo investimentos que parecem promissores, mas podem se transformar em uma verdadeira roubada, segundo planejadores financeiros.

1) Moedas virtuais

As moedas virtuais se tornaram uma febre global em 2017. Contudo, neste ano, seu valor chegou a despencar 70% em relação ao pico de dezembro, nível semelhante aos das empresas que fizeram parte da bolha pontocom, no começo dos anos 2000.

Ou seja, o investimento em bitcoin é um exemplo claro de que, quanto maior a rentabilidade prometida, maior é o risco de que ela não se concretize.

Portanto, antes de se animar e aceitar o risco de um investimento “da moda”, especialmente se você não sabe bem o que é, mas quer garantir sua "fatia", é recomendável primeiro ter uma reserva para gastos imprevistos e uma carteira de aplicações para o período de aposentadoria.

"Está mais do que documentado que o investidor tem medo de perder uma alta (fear of missing out). O pai investiu, o primo também, e ele escuta que bitcoins podem dar um retorno alta. É muito tentador, e isso vem junto com a ilusão de retorno rápido", explica Ivens Filho, gestor de produtos da corretora Guide.

Consciente de todos os riscos, se o investidor ainda assim quiser apostar que o ativo deve se valorizar no futuro, é necessário colocá-lo em uma porção pequena da carteira, de forma que, se perder todo o dinheiro, isso não irá afetar seus objetivos financeiros, diz Ivens. "Costumamos dividir investimentos em três tipos: os que trazem segurança, que é um colchão para gastos imprevistos e para que o investidor não perca seu nível de padrão de vida; os que oferecem risco de mercado e servem para manter o padrão de vida e garantir a aposentadoria; e os aspiracionais, que servem para aumentar o padrão de vida e onde se enquadram as moedas virtuais e o investimento em startups, por exemplo".

A porção de cada tipo de investimento na carteira vai depender do perfil de risco do investidor, mas é necessário que, antes de ter o investimento aspiracional, o investidor tenha recursos aplicados nos dois outros tipos, diz Filho.

2) Casas de temporada

Investir em uma casa de temporada com o objetivo de pagar a manutenção do imóvel com o valor do aluguel do espaço é arriscado. Talvez, essa conta não feche.

Isso porque a temporada pode não ter a demanda esperada, e tornar o “investimento” uma dor de cabeça, especialmente em épocas de crise como a atual. E, pior, o destino escolhido, que estava na moda há alguns anos, pode passar a ser deixado de lado por viajantes.

Outra desvantagem a ser considerada antes de tomar a decisão é a que não é fácil vender rapidamente um imóvel, muito menos um de temporada, que pode exigir grandes reformas para se manter atualizado e atrativo.

Se por um lado o Airbnb e outros aplicativos tornam o aluguel de temporada mais fácil, por outro trazem maior concorrência. É certo que, em um mercado mais eficiente, os rendimentos diminuem.

3) Ideia de um amigo

Aplicar dinheiro no negócio próprio  de alguém em que se confia, ainda mais se a ideia for inovadora, pode valer a pena. Contudo, é necessário ter consciência de que o dinheiro colocado no novo negócio pode ser perdido.

É recomendável não investir um valor maior do que o que você está disposto a perder, ou ao menos ficar um bom tempo sem, nesse tipo de aplicação. "Confiar no dono do negócio dá uma falsa ideia de segurança. Um negócio pode levar anos, e até décadas, para se erguer. Mas sempre nos deparamos com depoimentos nos quais parece que tudo isso acontece rápido. Não caia nessa", diz Filho, da Guide.

O maior perigo, relata o executivo, é quando o investidor, descontente com o seu trabalho e salário, decide arriscar todo o seu dinheiro em uma ideia, confiante de que irá transformar a sua vida. "Se é um empresário que está acostumado a arriscar em negócios a vida toda, pode até dar certo. Um investidor amador tem grande chance de derrapar e perder tudo".

4) Imóveis

O brasileiro adora investir em imóveis. Segundo Valter Police, diretor da academia de planejadores financeiros  FIDUC, essa cultura é resultado de planos econômicos mirabolantes, que deixaram os brasileiros desacreditados sobre ações do governo. "Depois de ter muito prejuízo, muita gente passou a investir em casas e apartamentos, confiante de que, ao menos em tijolos, governo nenhum poderia mexer".

É comum encontrarmos depoimentos sobre valorização de imóveis, mas ninguém fala sobre quando eles desvalorizam, diz o executivo. "O mercado oscila. Caso o proprietário tenha de vender o imóvel em um momento no qual o mercado imobiliário está em baixa certamente irá perder dinheiro, ou ao menos demorar muito tempo para se livrar dele".

Police aponta que a valorização média histórica de um imóvel fica abaixo inflação ou próxima dela. "É pouco. Um investimento tem de oferecer rentabilidade, liquidez e segurança. Investir em imóvel, em geral, só oferece segurança. Portanto, ele deve representar apenas uma parte do portfólio de investimento".

Caso o investimento seja feito com o uso de financiamento bancário, é certo que o investidor vai perder ainda mais dinheiro, diz Police. "Aí não vale a pena mesmo".

5) Qualquer investimento que rendeu muito no passado

Nem sempre um investimento precisa ser bastante arriscado para ser considerado uma furada. Basta que o investidor caia na armadilha do rendimento passado, e o prejuízo será quase certo.

Segundo Police, da FIDUC, estudos apontam que gestores que têm um bom rendimento em um determinado ano dificilmente conseguem manter essa mesma rentabilidade no ano seguinte. "Mas os bancos e corretoras batem nessa tecla, e ainda por cima costumam dizer que a oportunidade para investir na aplicação é limitada. O investidor aplica o dinheiro, e logo o fundo de investimento começa a ficar negativo. Assustado, ele então saca o dinheiro".

Resultado: o investidor acaba comprando a cota na alta e vendendo na baixa. "Caso não mude de atitude, ele sempre vai perder dinheiro", diz Police.

Uma forma de não cair na armadilha é olhar para o rendimento dos investimentos no longo prazo, e não mês a mês ou nos últimos doze meses. "O importante é que ele fique dentro da média esperada para o período e ajude o investidor a atingir seus objetivos. Não há milagre. Ninguém consegue ser melhor o tempo todo", conclui Police.

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