Brindes e descontos chamam a atenção, mas podem levar ao consumo desnecessário (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2011 às 18h47.
São Paulo - São muitas as causas que tentam explicar o desejo de comprar. Além da necessidade pura e simples, a facilidade de parcelar, o aumento do poder aquisitivo e o apelo ao consumo costumam ser lembrados em uníssono por especialistas em finanças. Para dificultar a tarefa de manter a carteira fechada, milhares de ofertas surgem na internet, nas lojas e nos tradicionais anúncios publicitários prometendo descontos que parecem irresistíveis. “O peso do preço baixo sempre fala muito alto”, reconhece Geraldo Tardin, diretor do Ibedec (Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo). Mas as promoções nem sempre são sinônimo de dinheiro poupado. Conheça, a seguir, em quais situações o consumidor pode sair perdendo ao se deixar levar por negócios da China:
1. A armadilha do produto grátis
“Compre dois, leve três”, “troque o óleo do carro e ganhe uma lavagem”, “feche o pacote de viagem e receba uma mochila grátis”. O apelo do brinde chama a atenção do consumidor e não raro é responsável pela sua decisão de compra. "Quanto mais benefícios aparentes você coloca em um produto, maior a probabilidade de ele ser levado", diz Rafael Porto, professor de marketing da Universidade de Brasília. O badalado economista comportamental Dan Ariely, autor do best-seller “Previsivelmente Irracional”, concorda que quando um item é de graça, a noção que fica é a de que não há nenhum tipo de lado negativo envolvido na aquisição.
Mas por trás da sensação de lucro, pode se esconder uma armadilha. Afinal de contas, a bugiganga de plástico que vem junto com o lanche pode acabar sem nenhuma serventia. E o ar-condicionado grátis do veículo novo pode estar embutido no custo final do financiamento. A solução para não cair na tentação de encher as sacolas diante de promoções que a princípio parecem imperdíveis é avaliar se o a compra do produto principal realmente vale a pena. Brindes só assumem o papel de fiel da balança quando têm real valor de mercado e alguma utilidade prática para o consumidor.
2. Os descontos de produtos no atacado
Geralmente, supermercados que vendem no atacado costumam ser frequentados por caçadores de barganhas. Por venderem grandes quantidades de uma vez só, estabelecimentos deste tipo conseguem ofertar preços mais em conta. "Famílias grandes e pessoas com bebês pequenos fazem um bom negócio ao optar por comprar itens como fraldas, leite em pó e materiais de limpeza nessas lojas", reconhece Geraldo Tardin, do Ibedec. A situação muda de figura quando o consumidor em questão mora sozinho ou com apenas um companheiro. Neste caso, comprar muito e optar por estocar os produtos pode não valer a pena tanto pela distância percorrida (e gasolina dispendida) na busca por um estabelecimento atacadista quanto pela possibilidade de ter que jogar fora as unidades compradas em excesso. "Para um casal, até o pão de forma costuma ser perdido com muita facilidade", afirma Tardin.
3. Fast food para economizar tempo e dinheiro
A comida chega rápido e costuma ser muito mais acessível nas promoções vendidas em lanchonetes fast food. Mas para quem faz dessa facilidade uma rotina, o custo de arcar com as consequências pode ser amargo. Alimentos vendidos em estabelecimentos do tipo costumam ser reconhecidos pelo alto teor de gordura saturada, sódio e colesterol. E segundo pesquisadores do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, as despesas médicas das pessoas que lidam com problemas de obesidade são até 10.000 dólares mais salgadas que as contas de indivíduos com peso saudável.
4. A tentação da compra coletiva
Com a profusão de sites coletivos no Brasil, ficou mais barato sair para jantar, fazer tratamentos estéticos, comprar eletrodomésticos e reservar diárias de pousadas e hotéis pelo país afora. Antes de se entusiasmar com a variedade de ofertas, contudo, o consumidor deve ponderar se realmente sairá ganhando ao pagar pelos serviços. Quem leva muitos cupons acaba fazendo com que a economia conseguida em cada um dos anúncios seja revertida em uma obrigação onerosa devido à quantidade de produtos comprados. Muitas vezes, esses itens sequer se encaixam no perfil de consumo natural do internauta.
Por isso, o educador financeiro Mauro Calil recomenda que a compra só seja fechada se o produto em questão realmente for necessário ou fizer parte dos seus hábitos. Quem almoça todos os fins de semana fora, por exemplo, faz um bom negócio ao garimpar oportunidades de comer mais barato com os cupons coletivos. O maior risco, alerta Calil, é aumentar a frequência da atividade – mesmo que por um preço promocional – sem que o seu orçamento suporte esse incremento. Além disso, converter o cupom em produto muitas vezes só pode ser feito em hora e data específicas ou mediante o pagamento de outras taxas.