Olimpíada: Com um pouco de planejamento, não é impossível ir para Tóquio-2020 (REUTERS/Pawel Kopczynski)
Júlia Lewgoy
Publicado em 23 de agosto de 2016 às 09h32.
São Paulo - Cruzar o mundo para ir a Tóquio daqui a quatro anos não parece mais um sonho tão distante depois do entusiasmo da Olimpíada que passou. Para transformar essa ressaca de fim de festa em um plano concreto de vivenciar os próximos Jogos Olímpicos no Japão, siga as dicas dos consultores financeiros a seguir.
1) Quanto antes, melhor
Quanto antes você comprar o pacote da viagem ou reservar passagem aérea e hospedagem por conta própria, mais barato eles tendem a ser. Os pacotes custumam ser vendidos a partir de um ano e meio antes da data do evento.
“O melhor é comprar as passagens em reais e reservar a hospedagem o mais rápido possível, para escapar dos preços altos com o aumento da procura”, recomenda o economista Gilberto Braga, professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais do Rio de Janeiro (Ibmec-RJ).
Segundo o economista, os preços dos ingressos da Olimpíada no Japão não devem variar muito em relação à Rio-2016. “O Comitê Olímpico tem a preocupação de tornar os jogos acessíveis”, orienta.
No site Quanto Custa Viajar, o acesso à pesquisa de quanto custa ir para Tóquio se multiplicou desde o último domingo (21), com o fim da Rio-2016. Uma simulação do site mostra que, ao estilo mochileiro, uma viagem de 15 dias para Tóquio neste ano pode custar, em média, 5.145 reais por pessoa, incluindo passagem, hospedagem, alimentação, transporte e algumas atrações.
Já para um perfil de viajante que quer mais conforto, a mesma viagem custa, em média, 11.110 reais por pessoa.
O site ainda não prevê quanto pode custar a viagem em 2020, por conta da inflação e da variação cambial que podem ocorrer em quatro anos. No entanto, como a inflação no Japão tem um comportamento estável, os preços de transporte e alimentação no país não devem mudar muito.
“O que vai mudar até 2020 serão os valores de passagem e hospedagem, conforme a demanda. Mas já dá para ter uma boa noção de quanto economizar”, diz Amanda Santiago, editora do Quanto Custa Viajar.
2) Invista em um fundo cambial
Aproveite que você tem quatro anos para fazer seu dinheiro render e determine um valor fixo para investir todo mês. Segundo os consultores financeiros ouvidos por EXAME.com, a melhor forma de poupar dinheiro para ir ao Japão em 2020 é aplicar seus recursos em um fundo cambial.
“Quase todos os bancos têm, e assim você reduz seus riscos”, explica o consultor financeiro Jurandir Macedo, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Como não há como prever quanto o dólar valerá em quatro anos, o fundo cambial é a melhor opção de investimento porque protege você da volatilidade da moeda. Ele faz o processo chamado de hedge cambial.
Ao aplicar em um fundo como este, seu gestor vai operar no mercado cambial, o que significa que sua rentabilidade após um ano estará atrelada ao desempenho da moeda. Por exemplo, se o dólar tiver alta, você terá uma boa remuneração.
Já se o dólar cair, ao final, seu montante em reais será menor do que o investido inicialmente. Mas, nesse caso, mesmo com menos reais, você conseguirá comprar a mesma quantidade de dólares que antes porque a moeda estará mais barata.
Além do gestor de um fundo cambial investir seu dinheiro em aplicações financeiras atreladas à variação do câmbio, esses títulos pagam juros sobre a oscilação da moeda, taxa chamada de cupom cambial.
O porém de investir nessa aplicação é que as taxas de administração do fundo podem ser altas. Por isso, antes de escolher o banco ou a corretora em que você vai investir, é preciso comparar as taxas cobradas pelas instituições.
3) Compre ienes aos poucos
Além de investir seu dinheiro em um fundo cambial, outra forma de se proteger da volatilidade do câmbio é comprar ienes aos poucos, já que a moeda japonesa é muito mais valorizada que o real. Pela cotação desta segunda-feira (22), um real vale 31 ienes, segundo o Banco Central.
No Japão, é raro estabelecimentos comerciais aceitarem dólar ou qualquer outra moeda que não seja o iene, como explica o consultor financeiro Newton Machado, que já viajou ao país diversas vezes e é co-autor do livro Passaporte para viajar mais: Como planejar viagens sem apertar o cinto fora do avião.
Por isso, o ideal é você levar um pouco de moeda em espécie, comprada em casas de câmbio no Brasil. “Como o Japão é um país muito seguro, não há muitos riscos de andar com muito dinheiro no bolso”, orienta o consultor financeiro. Ele também recomenda depositar outra parte do dinheiro em um cartão de viagem pré-pago.
Machado conhece bem o Japão e aconselha aproveitar a passagem aérea, o custo mais alto da viagem, para conhecer não só Tóquio, mas também cidades como Quioto e Hiroshima. “O sistema de transporte público do Japão é muito eficiente. Vale a pena investir em um pouco mais de tempo no país”, sugere.
4) Seja um voluntário
Ser voluntário é uma forma de participar da Olimpíada gastando pouco dinheiro. Embora não exista garantia de que você irá acompanhar as competições, é uma maneira de participar dos Jogos com hospedagem e alimentação pagos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
“A maioria dos voluntários serão japoneses, mas sempre há um interesse nos estrangeiros pelo legado da convivência entre os povos”, lembra Braga, do Ibmec-RJ.
O processo seletivo para voluntários da Tóquio-2020 deve começar em 2018. Acompanhe pelo portal dos voluntários de Tóquio.
*Matéria atualizada em 23/08/2016, às 9h30, com correção na conversão do iene.