Vinhos: comprar vinhos em free shops e em supermercados são algumas das dicas para economizar (Thinkstock/Rostislav_Sedlacek)
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2016 às 15h32.
São Paulo – A crise chegou, o orçamento apertou, mas sua apreciação por vinhos continua em alta e tem comprometido seus planos de conter gastos? Para que você não precise interromper o hábito de tomar uma tacinha em noites frias ou abrir uma garrafa para acompanhar uma boa massa, EXAME.com mostra a seguir dez dicas para economizar na compra de vinhos, sem abrir mão da qualidade.
As estratégias são ainda mais convenientes agora, já que os vinhos ficaram mais caros neste ano, conforme relata Adilson Carvalhal Junior, presidente da Associação Brasileira dos Importadores e Exportadores de Bebidas e Alimentos (Aref). “No fim de 2015 a forma de cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bebidas quentes mudou, gerando aumentos de 15% a 30% nos preços dos vinhos em janeiro, em relação ao mês anterior.”
Confira abaixo algumas dicas para manter sua taça sempre cheia, mesmo quando a alta dos preços e o aperto no bolso não colaboram.
Arthur Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), afirma que os preços em supermercados costumam ser menores que os de lojas especializadas, já que eles compram os vinhos em grande quantidade e têm mais poder de barganha. “As ofertas dos supermercados são imbatíveis. Grandes redes, como Pão de Açúcar, têm grandes quantidades de vinhos a bons preços”, diz.
De acordo com informações do Pão de Açúcar, a rede realiza importações exclusivas de mais de 300 rótulos de 25 vinícolas parceiras do mundo todo, além da marca exclusiva Club Des Sommeliers, o que garante que seus vinhos sejam até 15% mais baratos que garrafas similares.
Adilson Carvalhal, da Aref, diz que supermercados têm mais opções de rótulos de até 60 reais, mas ressalta que lojas especializadas em vinhos e delicatessens (casas que vendem iguarias) também realizam ofertas de tempos em tempos e têm maior variedade em faixas de preços superiores. “Vale fazer a pesquisa tanto no supermercado, como nas lojas especializadas, para encontrar os melhores preços.”
Acessar sites de importadoras e de lojas online de vinhos, que permitem comprar garrafas pela internet, pode ser uma boa dica para encontrar ofertas. Alguns deles, inclusive, permitem pesquisar vinhos por faixa de preço e sugerem a harmonização ideal.
Páginas como a Trilhas e Aventuras e o Blog Do Vinho já divulgaram posts com seleções de sites e importadoras que costumam fazer boas promoções online. Pode ser um bom ponto de partida.
Outra dica é se cadastrar em programas de fidelidade de supermercados para receber avisos de promoções. Clientes do Pão de Açúcar Mais, por exemplo, que compram vinhos com frequência recebem ofertas exclusivas e são convidados a participar de eventos e degustações.
Bandeiras de cartão também podem oferecer descontos. No programa de fidelidade MasterCard Surpreenda, o participante que acumular dez pontos e comprar um vinho da Winebrands ou da Wine to Glass, leva outro rótulo igual.
O importante é pesquisar bem os preços, entre importadoras, lojas e supermercados, para encontrar bons descontos. “O mais bonito do vinho é que, diferentemente de outras bebidas, como destilados, que são concentrados em poucas marcas, seu mercado é muito diversificado, tanto em termos de marcas, quanto de preços”, diz Adilson Carvalhal Junior.
Provar rótulos brasileiros é uma boa estratégia para consumir vinhos a preços convidativos, segundo Azevedo, da ABS. “É fácil trabalhar em faixas de preços inferiores com os vinhos brasileiros. Existem opções de ótima qualidade por até 50 reais”, diz. Entre as vinícolas brasileiras indicadas pelo sommelier, estão: Miolo, Salton, Valduga, e Don Gerino.
Segundo o site In Vino Viajas, depois de ter ocupado a 23ª posição em 2014, em 2015 o Brasil passou ao 13º lugar no ranking dos vinhos mais premiados em concursos internacionais, segundo a World Association of Wine Writers and Journalists (Associação Mundial de Jornalistas e Escritores sobre Vinhos, em tradução livre).
A lista das melhores vinícolas brasileiras, divulgada pela associação, pode ser uma boa pista para encontrar vinhos nacionais de qualidade (confira aqui).
Caso você queira apreciar as garrafas importadas, vale pesquisar os países que têm a melhor relação entre custo e benefício. Arthur Azevedo dá a letra: “Chile, Argentina, Uruguai, Portugal e Espanha são países que têm vinhos bons a preços mais acessíveis, abaixo de 100 reais”, diz.
Ele acrescenta que vinhos de países como França e Itália já são um terreno mais arenoso. “Não é fácil para o consumidor comum identificar vinhos francês e italianos bons e baratos”, afirma.
Adilson Carvalhal Junior, que além de presidente da Aref é dono da importadora Casa Flora, diz que, dentre os países que costumam ter preços menores, as garrafas chilenas são as que mais lhe agradam. “Na faixa de preço de até 70 reais, os vinhos chilenos hoje têm melhor presença. Vinhos espanhóis, argentinos e portugueses também são boas opções, mas ainda prefiro os chilenos.”
O sommelier Arthur Azevedo defende que para escolher com propriedade vinhos bons e baratos, o ideal seria fazer um curso, mas se você não tem condições ou tempo de fazer isso agora ele indica um caminho possível para iniciar sua experiência.
“Se você não conhece nada e quer um vinho barato, abaixo de 50 reais, uma boa dica é escolher um país, por exemplo o Chile, e experimentar três vinhos de lá, mas de diferentes uvas, como um Cabernet Sauvignon, um Merlot e um Syrah para ver qual agrada mais seu paladar. Depois, você passa aos vinhos argentinos e prova também duas ou três garrafas e assim por diante”, diz o presidente da ABS.
Se você tiver possibilidade de pagar um curso sobre vinhos, o valor investido pode retornar em algum tempo, já que ao conhecer mais profundamente o assunto é possível identificar rótulos mais baratos, além de evitar gastar dinheiro com garrafas que não te agradam.
Para Azevedo, o vinho é uma bebida chata e não é possível escolher boas garrafas sem conhecimento. "Sou médico de formação e, de 1990 a 1995, fiquei estudando os vinhos por conta própria e achei que estava aprendendo, mas, honestamente, depois eu vi que estava batendo cabeça. Em 1996, resolvi fazer um curso e me apaixonei, tanto que larguei a medicina e desde então trabalho só com vinhos.”
Os preços dos cursos variam, mas na Associação Brasileira de Sommeliers, por exemplo, o curso básico de vinhos, com oito aulas semanais, custa 1.450 reais.
Se neste momento pagar um curso não é viável, outras alternativas seriam a leitura de livros, revistas e sites especializados. Arthur Azevedo recomenda as revistas Adega, Prazeres da Mesa, Gosto e Menu. Em relação aos guias, os mais indicados por ele são:
Guia | Detalhes |
---|---|
Guia Descorchados (Inner Editora) | Uma das mais completas publicações sobre vinhos sul-americanos. |
Guia Adega Vinhos do Brasil 2015-2016 (Inner Editora) | Guia focado em vinhos brasileiros, que faz uma criteriosa seleção das melhores garrafas de vinícolas nacionais. |
Anuário Vinhos do Brasil (Editora Baco) | Uma das publicações mais completas sobre os vinhos brasileiros e o mercado de vinhos no Brasil. |
Guia Peñin de Los Vinos | Aclamado como o manual de vinhos espanhóis mais completo do mundo. |
Vinhos de Portugal 2016, de João Paulo Martins | O Guia traz os melhores vinhos portugueses. |
Guia de Vinhos Rui Falcão | Além de escrever cinco guias de vinhos portugueses, o jornalista especializado em vinhos Rui Falcão mantém um blog com informações atualizadas sobre vinhos. |
John Platter's South African Wine Guide | Com mais de 1,4 milhão de exemplares vendidos, é o mais importante guia sobre vinhos da África do Sul. |
Guiida Oro Vini di Veronelli 2014 | Um dos guia mais renomados guias de vinhos italianos. Infelizmente, publicado apenas em italiano. |
Guide Des Vins Bettane-Desseauve | É o mais famoso guia de vinhos franceses. No site Bettane+Desseauve é possível consultar também vinhos por rótulos e notícias atualizadas sobre vinhos. |
O presidente da Associação Brasileira de Sommeliers também recomenda alguns sites: Revista Adega; Decanter; Wine Spectator; Wine Anorak, de Jamie Goodie; Jancis Robinson e Robert Parker; e não deixa também de citar seu próprio site, o Art Wine.
Os clubes de vinho também podem ser uma boa opção para fugir dos altos preços. Basicamente, o cliente paga uma mensalidade ao clube e recebe vinhos na sua casa, sendo que o valor varia de acordo com o clube, o nível do vinho e a quantidade de garrafas recebidas.
Como os clubes compram vinhos diretamente de importadores, seus preços podem ser mais baixos do que a compra de garrafas avulsas. Para quem ainda é inexperiente na arte de encontrar bons vinhos, a opção também pode ser interessante porque os rótulos são selecionados por enólogos e sommeliers.
“Esses clubes têm vinhos de boa qualidade, o único problema é que você não escolhe o vinho que compra, o que pode ser ruim para quem é mais experiente”, afirma Arthur Azevedo, que acrescenta que os clubes mais famosos hoje são o Wine.com.br, Evino e Sociedade de Mesa.
O Pão de Açúcar também lançou recentemente o clube Viva Vinhos, que permite ao cliente escolher entre dois planos: o Essencial, que custa a partir de 79 reais ao mês, e o Suprema, com vinhos de maior complexidade, que custa a partir de 99 reais por mês.
Levar a própria garrafa de vinho ao restaurante é uma opção que pode ter passado pela sua cabeça ao pensar em economia. Mas, a questão não é tão simples. Nem todos os restaurantes permitem que os clientes levem sua garrafa e, entre aqueles que aceitam, existem os que cobram ou não cobram a chamada taxa de rolha (um percentual cobrado sobre a conta).
“Restaurantes chegam a cobrar até 20% do valor da conta pela taxa da rolha. Ainda que exista uma polêmica grande em relação a isso, eu acho a cobrança justa, já que, ao levar um vinho, o cliente desfruta de vários serviços associados, como do sommelier que serve a bebida, tem a taça que quebra, etc.”, comenta Azevedo, presidente da ABS.
Se você for possuir cartões MasterCard Black ou Platinum, é possível obter isenção das taxas de rolhas em alguns restaurantes por meio do program Priceless Cities.
Além da taxa, existem algumas regras de etiqueta envolvidas na questão de levar o próprio vinho que podem tornar tudo ainda mais caro, se seguidas ao pé da letra. Segundo Azevedo, elas funcionam assim:
De acordo com as regras alfandegárias do Brasil, é possível comprar até 24 unidades de bebidas alcoólicas no free shop, limitadas a 12 do mesmo tipo (por exemplo, 12 vinhos, 12 uísques, etc.). Além disso, há uma limitação de gasto por passageiro de 500 dólares.
“Ao comprar em free shops é possível economizar pouco menos da metade do valor do vinho, já que os produtos são livres de impostos”, comenta Arthur Azevedo. Ele também recomenda trazer garrafas de viagens e, inclusive, escreveu um artigo em seu site indicando quais vinhos valem mais a pena em países como França, Espanha, Itália, Uruguai, Chile e Argentina.
Segundo a Receita Federal, todo viajante deve apresentar a Declaração de Bagagem Acompanhada (DBA) para informar ao Fisco os produtos comprados lá fora e, se o gasto for superior a 500 dólares, é cobrado um imposto de 50% sobre o valor excedente.
“No exterior, normalmente os preços muito mais amigáveis, mas é importante verificar os impostos incidentes. O viajante não deve de jeito nenhum tentar trazer uma garrafa sem a nota fiscal, ou com uma nota que mostre um valor inferior ao que foi pago porque os fiscais da alfândega conseguem consultar na internet os valores dos vinhos”, orienta Azevedo.