Mercados

Zoom decola com coronavírus e já vale mais que Vale, Petrobras e Ambev

A capitalização de mercado da Zoom chegou a 279,8 bilhões de reais, enquanto a da Vale, a maior do Brasil, está em 263 bilhões

Eric Yuan, fundador do Zoom: presidente do aplicativo de conferências em vídeo ficou bilionário com a valorização das ações (Kena Betancur/Getty Images)

Eric Yuan, fundador do Zoom: presidente do aplicativo de conferências em vídeo ficou bilionário com a valorização das ações (Kena Betancur/Getty Images)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 20 de maio de 2020 às 14h54.

Última atualização em 20 de maio de 2020 às 15h46.

Impulsionada pela disparada da demanda em todo o mundo por causa da pandemia do novo coronavírus, que tem forçado famílias e empresas a se distanciar, a startup americana Zoom Video Communications viu sua cotação na bolsa de valores disparar neste ano. Dona do aplicativo de videoconferências mais popular do momento, a Zoom já supera gigantes brasileiros como a mineradora Vale, a petroleira estatal Petrobras e o Itaú Unibanco.

Desde o início do ano, o preço da ação da Zoom na bolsa americana de tecnologia Nasdaq se multiplicou por 2,52, chegando hoje a 173,52 dólares, o que corresponde a um valor total de mercado de 49 bilhões de dólares. À taxa de câmbio desta quarta-feira, 20, que é de 5,71 reais por dólar, o montante é de 279,8 bilhões de reais. A Vale, empresa mais valiosa da bolsa brasileira B3, está cotada hoje a 263 bilhões de reais, enquanto a Petrobras vale 241,8 bilhões de reais e o Itaú, 220,9 bilhões de reais.

A alta do dólar em relação à moeda brasileira nos últimos meses explica em parte o salto da Zoom em reais. Em janeiro, com o dólar na casa de 4 reais, a empresa americana valia 96 bilhões de reais. Desde então, a moeda americana ganhou 42,3% e está sendo vendida hoje a 5,693 reais. Mas, nesse período, a valorização da Zoom foi de 191,5%, evidenciando como as empresas tecnológicas têm sido preferidas pelos investidores às de setores tradicionais como os de matérias-primas. E como as companhias norte-americanas também estão em vantagem: nenhum outro país anunciou estímulos para a economia se reconstruir após a pandemia como os Estados Unidos, o que deve fazer com que o país saia da crise mais rápido.

Quando a Zoom entrou na Nasdaq, em abril de 2019, suas ações foram vendidas a 36 dólares, o que posibilitou à empresa levantar 752 milhões de dólares com a venda de papéis. A Zoom foi criada pelo chinês Eric S. Yuan, graduado pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Antes de fundar a startup, Yuan trabalhava na empresa de tecnologia Cisco Systems, que tem uma solução de colaboração online parecida com a Zoom chamada Webex. Com a forte valorização da sua fatia de 19% na Zoom, Yuan entrou pela primeira vez no clube dos bilionários mundiais com uma fortuna estimada pela revista Forbes em 5,5 bilhões de dólares.

O mercado de videoconferências também é disputado por empresas como a Cisco Systems, a Microsoft (dona do Skype e do Teams) e o Google (dono do Hangouts).

A estratégia da Zoom Video Communications tem dado certo. Em 2019, a startup teve um faturamento de 622,7 milhões de dólares, o que representa um crescimento de 88% ante 2018. No ano passado, a empresa informava ter mais de 82.000 clientes.

Além de vídeo ao vivo, o aplicativo da Zoom também permite trabalhar em equipe em tempo real e trocar mensagens de texto. O serviço está disponível na web e por meio de aplicativos para smartphones com sistema operacional Android e iOS (dos iPhones). 

A solução de colaboração a distância da Zoom tem um período gratuito de uso e, depois que termina a cota de tempo pré-determinada de 40 minutos, a startup cobra uma assinatura de empresas interessadas em continuar a usar. A estratégia é a mesma usada por muitas grandes companhias de tecnologia, como a Netflix, que oferece acesso gratuito ao seu acervo de vídeos online por alguns dias antes de cobrar uma mensalidade.

Na China, país de origem da infecção respiratória covid-19, a Zoom eliminou temporariamente o limite de tempo para usuários gratuitos – uma estratégia para demonstrar amplamente os benefícios de seu serviço de videoconferência e colaboração online e, assim, conquistar clientes.

Agora, a Zoom Video Communications almeja converter novos assinantes em razão do impulso ganhado com a reclusão de pessoas para evitar o contágio do coronavírus. Se depender do ânimo dos investidores, vai dar tudo certo – ou muitos investidores que compraram ações da startup nos últimos dias vão perder dinheiro.

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresCoronavírusStartups

Mais de Mercados

Banco Central anuncia leilão de linha com compromisso de recompra de até US$ 4 bilhões

CEO da Exxon defende que Trump mantenha EUA no Acordo de Paris

Ibovespa fechou em leve queda com incertezas fiscais e ata do Copom

SoftBank volta a registrar lucro trimestral de US$ 7,7 bilhões com recuperação de investimentos