Burger King: Mubadala desiste de comprar controle da Zamp, operadora da marca no Brasil (Eduardo Frazão/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 23 de setembro de 2022 às 11h50.
Última atualização em 23 de setembro de 2022 às 17h36.
As ações da Zamp (BKBR3), controladora do Burger King no Brasil, desabou 7,55% na bolsa nesta sexta-feira, 23. A derrocada ocorre após o Mubadala Capital, gestora de Abu Dhabi, desistir da oferta para comprar a empresa.
A queda dos papéis, no entanto, pode ser uma oportunidade de compra na visão dos analistas do Goldman Sachs. O banco defende que os dados macroeconômicos sugerem um cenário de curto prazo positivo para o setor de consumo no Brasil.
“Isso poderia se traduzir em demanda adicional [pelos produtos da empresa] e acelerar as tendências estruturais em curso de consolidação do mercado, a normalização do fluxo e a diversificação de canais e eficiência operacional”, afirmam em relatório.
Como justificava, os analistas destacam os resultados trimestrais positivos tanto da Zamp quanto da Arcos Dorados, operadora do McDonald 's no Brasil. A Zamp registrou prejuízo de R$ 31,6 milhões no último trimestre, porém, a receita líquida saltou 55%, para R$ 883,3 milhões.
O preço-alvo do Goldman para os papéis é de R$ 14,60, o que representa um potencial de valorização (upside) de 100,5% considerando o preço de fechamento da véspera, de R$ 7,28.
O Mubadala informou pela manhã que desistiu de realizar a OPA para a aquisição do controle da Zamp. Pelos termos propostos, sua subsidiária MC Brazil F&B Participações pagaria R$ 8,31 por ação em leilão que estava marcado para segunda-feira, 26.
A desistência veio após uma reviravolta vinda dos Estados Unidos. A Restaurant Brands International (RBI), dona das marcas Burger King e Popeyes, informou, na véspera, que poderia cancelar o contrato de permissão de uso das marcas.
Isso por entender que as afiliadas do Mubadala estariam envolvidas em empresas concorrentes. A condição seria uma das previstas para a rescisão de contrato, assim como transferências de ações não autorizadas pela RBI, de acordo com alegações do Conselho da Zamp feitas nesta semana com base em seu formulário de referência.
O Mubadala contestou as alegações, dizendo que as restrições à transferência de ações e obrigações de não concorrência são de teor desconhecido pelo mercado e que jamais haviam sido informadas.
Em fato relevante, o grupo afirmou que a RBI "impediu a realização da transação com base em critérios desconhecidos e aparentemente subjetivos, alegando supostas atividades competitivas".
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