Sede da gigante Alibaba, na cidade chinesa de Hangzhou (AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2014 às 15h07.
Nova York - Wall Street se preparava para receber a principal companhia de comércio pela internet Alibaba, que pode concluir nesta semana a maior entrada na bolsa da história.
A ação "BABA" deve dar seus primeiros passos no New York Stock Exchange até o final da semana.
A data exata será confirmada na última hora, assim como sua cotação. O valor entre 60 e 66 dólares por título previsto atualmente pode gerar uma captação de fundos entre 19,2 e 24,3 bilhões de dólares pelo primeiro pacote oferecido ao mercado.
O recorde mundial de 22,1 bilhões registrado em 2010 pelo banco chinês AgBank nas praças de Hong Kong e Xangai está, portanto, prestes a ser batido. Especialmente se o preço final for superior ao estimado, um cenário considerado provável pelos analistas.
Grupo valeria mais de US$ 200 bi
O preço de entrada na bolsa considerado no momento considera o valor total do Alibaba entre 147,9 e 162,7 bilhões de dólares. Entretanto, alguns analistas avaliam o grupo em 200 bilhões ou até mais.
Muitos esperam um aumento da cotação inicial, segundo Gregori Volokhin, da Meeschaert Financial Services. "No início avançam prudentemente, porque é muito difícil saber a priori qual será o apetite dos investidores institucionais americanos", explicou a AFP.
Por maior que seja, o Alibaba continua sendo pouco conhecido fora de seu país de origem, onde registra 85% de seu volume de negócios.
Por outro lado, os grandes fundos norte-americanos escolhem seus investimentos baseando-se na composição de um índice, em geral o S&P 500, das grandes empresas que operam no Estados Unidos e que o Alibaba não integrará.
A outra razão para a prudência, segundo Volkhin, é o precedente criado pelo Facebook, que "frustou" muitos investidores. A rede social foi em 2012 a última grande entrada na Bolsa de Nova York de uma empresa de internet. Depois de uma de cotização afetada por problemas técnicos, a ação sofreu uma queda quase que imediata.
As perspectivas parecem boas se for considerado o interesse suscitado pelo "roadshow", a apresentação que precede tradicionalmente a entrada na bolsa. Na etapa nova-iorquina, as redes financeiras norte-americanas mostraram que os investidores fazem fila para comprar as ações chinesas. A imprensa aponta uma demanda por títulos superior à oferta.
"Quando os investidores enxergam crescimento, se entusiasmam, mesmo que se trate de uma firma chinesa", comentou Kelland Willis, analista do gabinete Forrester.
Willis cita como exemplo a ascensão "fenomenal" do JD.com, maior concorrente do Alibaba na China, cuja ação teve uma valorização de 150% desde a sua entrada em Wall Street no fim de maio.
Do mesmo modo, o Alibaba oferece a possibilidade de se beneficiar do boom do consumo na China, exibindo crescimento e elevada rentabilidade, que fazem os investidores delirar.
Onda expansiva
A dúvida é se as grandes empresas de comércio online dos EUA têm motivos para se preocupar. "O Alibaba não deveria afetar de maneira significativa as vendas da Amazon e do eBay em um futuro próximo", opinou Kelland Willis.
"Os Estados Unidos são um mercado maduro, onde os hábitos dos consumidores estão bem arraigados", considerou. "São necessários vários anos ou uma aquisição muito importante para alcançar os atores já estabelecidos", avaliou.
Os efeitos secundários podem se fazer sentir melhor no próprio mercado, dada a amplitude da operação.
"É necessário tirar o dinheiro de alguma parte", ressaltou Volokhin. "Isso pode gerar uma realização de lucros nas empresas rivais para obter fundos".
Os investidores podem por exemplo substituir a Amazon pelo Alibaba em parte de seus portfólios.
Yahoo!, importante acionista do Alibaba, pode se ver afetado se os investidores preferirem no futuro comprar diretamente as ações do grupo chinês.
Mas grupo de internet americano capitalizará bilhões de dólares graças a essa entrada ma bolsa, que será acompanhada de perto.