Wall Street: previsões otimistas (Getty Images/Getty Images)
Rita Azevedo
Publicado em 27 de novembro de 2017 às 16h45.
Última atualização em 27 de novembro de 2017 às 16h49.
Os profissionais de Wall Street que fazem projeções para o mercado acionário esperam outro ano de ganhos para o S&P 500. Vale a pena aproveitar esta época para ressaltar o que terá se concretizado se as previsões estiverem corretas.
A estimativa média apurada pela Bloomberg junto a nove estrategistas é que o índice chegará a 2.800 pontos. Seria outro ano de recordes e também o período mais longo de avanço da história do mercado acionário americano. Surgida das profundezas da crise financeira, a alta que começou em março de 2009 está a nove meses de superar o movimento ascendente das ações de internet, na era 1990-2000.
As previsões em Wall Street — cujo otimismo sempre parece profético quando as ações estão subindo — continuam apontando na mesma direção após o avanço de 285 por cento do S&P 500. Os estrategistas ressaltam que os lucros das empresas crescem a um ritmo de dois dígitos, a economia melhora pelo mundo todo (com uma consistência que não se via há uma década) e os cortes de impostos nos EUA aumentarão os estímulos à atividade.
“É uma posição sensata porque, historicamente, os mercados subiram em linha com o crescimento da economia”, disse Peter Jankovskis, codiretor de investimentos da Oakbrook Investments, que supervisiona US$ 1,6 bilhão. “A previsão lógica é que o que acabou de acontecer continuará acontecendo e prever uma virada é inerentemente difícil.”
Em outras palavras, quem quiser acreditar nas bolas de cristal precisa se dar conta de que as projeções para 2018 estão muito parecidas com todas as previsões que fizeram no passado. Dados compilados pela Bloomberg mostram que, desde 1999, os profissionais de Wall Street jamais avisaram que esperavam um ano de queda. A estimativa média deles para o ganho anual desde então foi de 9 por cento.
De fato, nada no momento sugere que o mercado está prestes a derreter. As bolsas se recuperaram após um período de duas semanas de baixa e se aproximaram dos recordes. As preocupações do mercado de crédito corporativo se dissiparam e os investidores passaram a dar maior importância aos padrões favoráveis para a temporada de compras de fim de ano.
No entanto, raramente o mercado dá sinais antecipados de que vai derreter. Um bom exemplo foi janeiro de 2008, quando começava um dos piores anos da história das bolsas de valores. Uma reportagem da Bloomberg News publicada naquele mês mostrava o otimismo em Wall Street: “Os estrategistas agora projetam aumento de 11 por cento em 2008, a projeção mais otimista em cinco anos”, afirmava a reportagem, citando os múltiplos baixos das ações e a perspectiva de expansão da economia e de cortes nos juros. Naquele mesmo ano, mais de US$ 7 trilhões em valor de mercado evaporaram e o S&P 500 despencou 39 por cento.
Uma década depois, o avanço de 16 por cento até agora significa que o S&P 500 caminha para o melhor desempenho anual desde 2013, superando até a projeção mais otimista feita em janeiro último. As bolsas subiram por quatro anos a mais do que em meados da década de 2000. O S&P 500 está 66 por cento acima do pico atingido em 2007. A razão entre preço e lucro aumentou mais de 4 pontos.
Os estrategistas, que tinham estimativas relativamente conservadoras um ano atrás, precisaram fazer ajustes para cima ao longo de 2017 e agora estão com uma visão mais construtiva.
Nenhum dos nove profissionais sondados espera que o S&P 500 caia a partir do nível atual. Brian Belski, da BMO Capital Markets, é o mais empolgado. Ele projeta que o índice atingirá 2.950 pontos, argumentando que os lucros maiores vão embalar as ações apesar dos múltiplos elevados.
Para David Kostin, do Goldman Sachs Group, a reforma tributária nos EUA é bom motivo para manter as aplicações em renda variável. Após prever que o S&P 500 terminaria 2018 em 2.500 pontos, ele revisou o alvo na semana passada para 2.850.