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'Volatilidade insana': Movimentos extremos podem virar o novo normal no mercado de câmbio

Pela primeira vez desde a pandemia, a volatilidade no câmbio supera a dos juros -- e traders se preparam para um período de fortes oscilações

 (SimpleImages/Getty Images)

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Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 8 de abril de 2025 às 11h51.

A tensão no mercado cambial aumentou com a escalada da guerra tarifária global. Operadores passaram a se posicionar para uma nova rodada de turbulência, impulsionada pelas mensagens contraditórias divulgadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O dólar e outras moedas globais vêm registrando algumas das oscilações mais intensas desde a crise de 2008. Na semana passada, o volume de opções atingiu um recorde e a expectativa de volatilidade para o próximo mês subiu ao maior nível em dois anos.

“A volatilidade no mercado de câmbio está completamente insana”, escreveu Brent Donnelly, presidente da Spectra FX Solutions, em um relatório. “Tivemos uma das semanas mais intensas de nossa história na mesa de operações, com volumes gigantescos e estratégias variadas sendo adotadas.”

O mercado cambial, que movimenta US$ 7,5 trilhões por dia, despertou após um período de estabilidade. A maior volatilidade desde a reeleição de Trump já reacendeu o apetite dos mercados. De acordo com a Bloomberg, Optiver e Citigroup já expandiram suas mesas de trading para aproveitar um ambiente mais propício para lucrar com a oscilação de moedas.

Na semana passada, o dólar registrou sua maior queda intradiária desde 2009.

No dia seguinte, foi a vez do dólar australiano despencar, em um movimento comparável ao de 2008. O cenário fez disparar a demanda por derivativos que pagam caso as moedas rompam ainda mais suas faixas recentes.

A demanda por esses contratos disparou, com preços nos maiores níveis em anos. Entre os destaques estão os chamados 10-delta flies — instrumentos usados para se proteger ou apostar em movimentos extremos nos dois sentidos. Esses derivativos atingiram os maiores níveis em três anos no euro, dólar australiano e franco suíço — e máximas de dois anos na libra e na coroa norueguesa.

Com a nova dinâmica cambial, traders têm recalibrado suas análises, levando em conta variáveis como juros, déficits e o risco geopolítico.

Pela primeira vez desde a pandemia, a volatilidade no câmbio supera a dos juros. Depois de anos apostando contra a volatilidade, os traders agora se preparam para um cenário em que movimentos extremos podem virar o novo normal.

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