Mercados

Volatilidade e demanda geram boom de criptomoedas estáveis

Cresce a demanda de tokens que tentam diminuir as oscilações de preços e aumentar o valor do dinheiro virtual

Criptomoedas: criadores dizem que as moedas estáveis podem ser usadas precificar bens, enviar dinheiro para o exterior e como reservas de riqueza (G0d4ather/Thinkstock)

Criptomoedas: criadores dizem que as moedas estáveis podem ser usadas precificar bens, enviar dinheiro para o exterior e como reservas de riqueza (G0d4ather/Thinkstock)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 23 de fevereiro de 2018 às 10h37.

Esse é o Santo Graal das criptomoedas -- um ativo com todos os benefícios da descentralização, mas sem a volatilidade.

O tether, que afirma ter paridade de um para um com o dólar, é a mais conhecida das chamadas moedas estáveis. É também a mais polêmica e os órgãos reguladores dos EUA e os investidores estão tentando definir se é uma fraude. Mas mesmo com o tether sob suspeita, cresce a demanda de tokens que tentam diminuir as oscilações de preços e aumentar o valor do dinheiro virtual.

“As moedas estáveis podem ser a chave para a adoção generalizada das criptomoedas”, disse Rafael Cosman, 24, cofundador da TrustToken, uma empresa com sede em São Francisco que no mês passado emitiu um token chamado TrueUSD.

Os criadores de moedas dizem que as moedas estáveis podem ser usadas precificar bens, enviar dinheiro para o exterior e como reservas de riqueza. Elas também podem servir de refúgio para as fortes oscilações de preços que costumam acompanhar o bitcoin e outros tokens populares.

Suspeita

O tether se tornou um substituto popular do dólar nas bolsas de criptomoedas do mundo, com cerca de US$ 2,2 bilhões de tokens em circulação. Embora a empresa Tether tenha afirmado que todas as suas moedas têm garantia de dólares em reservas, a empresa ainda não forneceu evidências conclusivas nem auditou suas contas. Em 6 de dezembro, a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC, na sigla em inglês) enviou intimações à Tether e a uma bolsa de moedas virtuais ligada a ela, a Bitfinex, informou a Bloomberg News.

Os críticos das moedas estáveis dizem que as moedas descentralizadas e os preços estáveis simplesmente não encaixam, já que o processo tem que estar centralizado pelo menos em uma etapa. Os projetos terão que contar com bancos para manter fundos, com auditores para verificações e com índices de preços centralizados, disse Tone Vays, analista de Nova York conhecido pelo seu ceticismo em relação à maioria das criptomoedas, fora o bitcoin.

“Elas só funcionarão sob um conjunto inicial de suposições e se isso não for calculado adequadamente, algo impossível de acontecer porque a realidade não é um laboratório de testes, a única maneira de chegar a uma solução no futuro será mantendo o controle total do projeto”, disse Vays. “Isso é uma ilusão.”

Mesmo assim, o fluxo de moedas estáveis está crescendo. Algumas propõem usar como garantia uma paridade com um ativo, com moedas legais ou com uma cesta desses ativos mantidos em reserva. Em vez de estar vinculadas a uma moeda tradicional, outras moedas teriam uma ligação com criptomoedas. Em um terceiro tipo, um algoritmo controlaria automaticamente a oferta de moedas para que o preço não dependa da oscilação do lastro.

“Essas moedas de estabilidade acharam sua base natural no ecossistema principalmente pelo fato de que você sabe que vai receber dinheiro em troca das criptomoedas”, disse Charles Hayer, diretor da empresa de pesquisa CryptoCompare. “O risco é que a maré mude e que se perca essa confiança. E é só a maré virar.”

Acompanhe tudo sobre:Criptomoedas

Mais de Mercados

Suzano anuncia aumento de preço para celulose de fibra curta a partir de 2025

Nordstrom deixa a Bolsa e dona da Liverpool passa a ser acionista em acordo de US$ 6,25 bi

Orizon cria JV com maior produtora de biometano da América Latina no Rio

Apple se aproxima de marca histórica de US$ 4 trilhões em valor de mercado