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Via Varejo dispara 30% em julho com investidor apostando em mudanças

No ano, a varejista já valorizou mais de 50%; forte alta deste mês é impulsionada por eleição de Michael Klein para presidência do conselho de administração

Via Varejo: empresa acumula forte valorização desde o início do ano (Sergio Moraes/Reuters)

Via Varejo: empresa acumula forte valorização desde o início do ano (Sergio Moraes/Reuters)

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Reuters

Publicado em 10 de julho de 2019 às 18h14.

Última atualização em 10 de julho de 2019 às 18h17.

São Paulo — As ações da Via Varejo já acumulam valorização de mais de 50% em 2019, sendo que apenas nos primeiros dias de julho a alta supera 30%, com investidores 'pagando na frente' uma esperada transformação na empresa com a recente mudança no controle e o potencial efeito positivo no consumo a ser gerado pela queda nos juros.

A eleição de Michael Klein para a presidência do conselho de administração da Via Varejo e a indicação de Roberto Fulcherberguer para a presidência-executiva, no final de junho, coincidem com o impulso recente das ações, após a família Klein recuperar o controle dona das bandeiras Ponto Frio e Casas Bahia, do GPA.

"O que está acontecendo é consequência do Klein...Com a mudança que ele está fazendo, a indicação de pessoas que conhecem o setor de varejo e completamente dedicadas à empresa, é razoável prever que a empresa vai melhorar bastante", afirmou o gestor André Lion, da Ibiuna Investimentos, que afirma ter os papéis da empresa em seu portfólio.

Apesar de a valorização recente parecer expressiva, Lion ressaltou que a empresa estava com dificuldades em sua gestão, que desde o final de 2016 tentava encontrar um comprador.

Desde a eleição de Klein, as ações da rede de móveis e eletrodomésticos subiram 35%. No mesmo período, a rival B2W avançou quase 19% e Magazine Luiza ganhou 12%, enquanto o Ibovespa valorizou-se 5%.

Na última semana, João Luiz Braga, sócio e gestor de renda variável da XP Asset, afirmou a uma plateia com cerca de 8 mil pessoas entre investidores, gestores e clientes que Via Varejo é a maior posição na maioria dos fundos de ações da gestora. Ele ponderou sobre riscos de execução, mas afirmou que acha difícil encontrar uma ação na bolsa com um risco tão assimétrico.

Para o gestor Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital, parte do movimento decorre do fato da família Klein voltar a dar as cartas e a empresa ter contratado a executiva Ilca Sierra, que deixou o Magazine Luiza, após quase 10 anos, para assumir a área de marketing multicanal e comunicação da Via Varejo. Mas a outra parte relevante do movimento de alta da ação, segundo Roger, também está relacionada a especulações.

"Não acho que os fundamentos mudaram muito", afirmou Roger, acrescentando que os desafios continuam, como PIB fraco, consumidor retraído e competição online cada vez maior.

Analistas do BTG Pactual ressaltaram em nota recente a clientes que a vasta experiência dos novos executivos que entraram na empresa, mas ponderaram que o desafio pela frente é grande, dado os riscos de execução na recuperação da empresa e competição no comércio eletrônico.

"Considerando esses riscos de execução, preferimos ficar de fora quando se trata da Via Varejo, mantendo nossa classificação 'neutra' até vermos sinais mais claros de recuperação da operação", afirmaram Luiz Guanais e Gabriel Savi, conforme nota a clientes no final de junho.

Juros

Para Pedro Menezes, membro do comitê de investimento de ações e sócio da Occam Brasil Gestão de Recursos, a ação da Via Varejo estava bastante descontado e passa por um 're-rating' apoiado também na expectativa de um efeito positivo para consumo a ser gerado por possível queda de juros da economia.

De acordo com pesquisa semanal Focus, economistas esperam uma queda da Selic dos atuais 6,5% para 5,5% até o final do ano, movimento, contudo, que o mercado entende que só se confirmará com avanços efetivos na reforma da Previdência, que pode ter o texto principal votado na Câmara dos Deputados nesta semana."Isso pega Via Varejo em cheio", disse Lion.

O que também chama a atenção é o aumento do volume negociado dos papéis na bolsa. O analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, disse que as ações estavam operando com uma quantidade de ativos alugados (BTC) muito alta e que acredita que os investidores que estavam apostando em queda das ações estão passando por significativos ajustes.

Até a véspera, a ação negociava, em média, 24 milhões de papéis por dia. Nesta quarta-feira, o volume superava 100 milhões, com todos os dias do mês mostrando giros muito acima da média.

Às 16:50, próximo do fechamento, os papéis caíam 0,7%, a 6,7 reais, após terem avançado quase 9% na máxima da sessão, mais cedo, para a máxima intradia desde agosto de 2018, a 7,35 reais.

As rivais B2W e Magazine Luiza valorizavam-se 6,55% e 1,9%, respectivamente, enquanto o Ibovespa subia 1,2%.

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