Loja das Casas Bahia | Foto: Via Varejo/Divulgação (Via varejo/Divulgação)
Guilherme Guilherme
Publicado em 11 de novembro de 2021 às 10h54.
Última atualização em 11 de novembro de 2021 às 13h26.
As ações da Via (VIIA3, ex-Via Varejo) caem mais de 10% nesta quinta-feira, 11, após a companhia apresentar aumento de mais de 100% nas provisões trabalhistas, de 1,2 bilhão para 2,5 bilhões de reais.
Os números foram apresentados na última noite, após a empresa dona das marcas Casas Bahia e Ponto apresentar seu balanço do terceiro trimestre, na última noite.
No período, a Via manteve seu lucro líquido estável em relação ao terceiro trimestre de 2020, em 101 milhões de reais. Já a receita líquida caiu 5,9% e as vendas físicas, 14,3%, devido à redução do número de lojas. No entanto, a maior decepção ficou com as provisões com processos judiciais e trabalhistas.
"O impacto em resultado no terceiro trimestre do ano, deduzidos os valores reembolsáveis e líquido de IR e CSLL é de 810 milhões de reais", afirmou a empresa em fato relevante.
Segundo a Via, houve aumento de 32% no valor do ticket médio para os casos sentenciados em 2021 em comparação ao mesmo período dos dois últimos anos. Também houve aumento de 82% no volume de novas reclamações trabalhistas ocorridas no primeiro semestre de 2021.
No documento, a companhia atribuiu o aumento de reclamações à "atuação profissionais especializados em captar causas trabalhistas, que tem como prática incentivar colaboradores ativos e ex-colaboradores a demandarem contra a Companhia, com promessas de ganhos e até adiantamento de valores".
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Para analistas do BTG Pactual, "os resultados operacionais do terceiro trimestre devem ser eclipsados pelo fluxo de notícias sobre provisões no período". Já Pedro Serra, analista da Ativa, considerou "o aumento substancial da provisão para processos judiciais e trabalhistas em função de desligamentos", como "a surpresa negativa" do balanço. A previsão, segundo ele, é de que esses efeitos sigam impactando os resultados dos próximos trimestres. Na Genial, o preço-alvo para os papéis da Via foi rebaixado após a divulgação dos números do trimestre.
Apesar das pressões negativas do lado das provisões, os analistas seguem confiantes com o futuro da empresa. Tanto BTG, quanto Ativa e Genial têm recomendação de compra para os papéis e, excluindo os efeitos das provisões tributárias, a percepção foi de que o resultado não foi assim tão ruim.
Do lado positivo, o principal destaque ficou com aumento de 6% GMV (vendas totais) para 11,1 bilhões de reais, sendo 60% composto de vendas digitais. Dentro do GMV, o ponto mais elogiado foi a entrada de novos vendedores para o marketplace da Via, que cresceu 111,3% para 1,976 bilhão de reais.
"Afirmamos que 2021 é o ano do marketplace e ganhamos escala em tempo recorde embarcando em nossas plataformas mais de 100 mil sellers", afirmou a Via em balanço.
Mas para além do desempenho da companhia no ambiente digital, analistas seguem atentos à monetização dos créditos tributários da empresa, de 9,5 bilhões de reais. A esperança., segundo analistas da Genial, é de que a monetização desses valores sirvam para que a companhia arque com os processos judiciais sem recorrer ao uso de caixa adicional.
Embora veja os papéis descontados, e com projeção de alta de mais de 200%, analistas do BTG avaliam que a reprecificação "dependerá não apenas da monetização dos créditos fiscais, mas também de uma recuperação sustentável no tráfego em suas lojas e o desempenho de seu negócio de e-commerce, especialmente o progresso constante em novas categorias em sua divisão de marketplace e a evolução da monetização do GMV nos próximos trimestres".