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Velhos hábitos são difíceis de perder, mas dê um tempo para as ações de varejo

“Alguns investidores continuam relutantes em se afastar de histórias ligadas à economia doméstica”, analisa HSBC

Fábrica da Hering em Blumenau: ação vedete em 2010 agora acumula baixa de 4% (Germano Lüders/EXAME)

Fábrica da Hering em Blumenau: ação vedete em 2010 agora acumula baixa de 4% (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2011 às 12h22.

São Paulo – O temor de um descontrole da inflação no Brasil e o consequente aperto monetário com o aumento dos juros e as novas medidas macroprudenciais já rondam os mercados há meses e já têm sido precificados por grande parte dos investidores. Por que, então, alguns investidores ainda insistem em segurar posições ligadas à economia doméstica? “Velhos hábitos são difíceis de perder”, respondem os analistas do HSBC, Alexandre Gartner e Francisco Vanzolini, em relatório.

“Alguns investidores continuam relutantes em se afastar das histórias ligadas à economia doméstica, questionando se o movimento recente de preços não refletiu inteiramente a piora nos fundamentos. Não acreditamos que esta seja a hora de procurar ‘barganhas’ no mercado”, afirmam. O índice ICON, que mede o desempenho das ações de 27 empresas do setor, já caiu 10% apenas neste ano. A análise do banco foi realizada após uma rodada de reuniões com investidores locais depois da emissão do relatório “Brasil em ação – As dores do crescimento”, publicado em 26 de janeiro.

Atualizando o Excel

Um dos fatores que pode estar contribuindo para um comportamento desse tipo do investidor é o fato de que o mercado ainda não atualizou para baixo as projeções de lucro para as varejistas para incorporar um ambiente de inflação e juros mais elevados, além do impacto do novo cenário na confiança do consumidor. “Ao checar os números do consenso dos analistas para as principais ações dentro desse setor, descobrimos que foram incorporadas poucas revisões para baixo (ou nenhuma) nas estimativas para 2011”.

Para os analistas, os cálculos serão refeitos ao longo do primeiro semestre do ano. “Além disso, alguns investidores também mencionaram sua opinião de que o setor era negociado a múltiplos altos não realistas antes da correção recente”, ressaltam. De acordo com a análise feita pelo HSBC, inflação marginal está chegando ao pico, “mas deve ser sustentada em um novo nível e continua a ser uma preocupação muito importante”.

Consumidor menos confiante

“Temos amplas evidências de que as dinâmicas da demanda doméstica são fortes, com mercados de trabalho muito apertados e robusta expansão do crédito”, dizem. Os analistas lembram ainda que a confiança do consumidor tem se deteriorado. O otimismo do consumidor caiu em janeiro pelo terceiro mês consecutivo e atingiu o menor nível desde julho de 2010. Os dados revelados pelo INEC (Índice Nacional de Expectativa do Consumidor) em janeiro dão destaque para a piora das expectativas sobre a evolução da inflação.

O último relatório Focus do Banco Central revela que os economistas esperam que a taxa básica de juro no país (Selic) chegue a 12,5% ao ano, ou seja, a equipe de Alexandre Tombini, presidente do BC, ainda traria um aumento adicional de 1,25 ponto percentual no juro, hoje em 11,25%. Além disso, a expectativa de inflação (IPCA) cresce há 10 semanas e já chega a 5,75% para 2011. A estimativa para 2012 está em 4,7%.

“O Ibovespa atingiu um nível recorde no início de novembro de 2010. Não por coincidência, também a confiança do consumidor e os ganhos em salários reais atingiram o pico um mês antes”, escreveram Gartner e Vanzolini. O Banco está com uma visão abaixo da média do mercado para os setores bancário e financeiro, construtoras e varejo. O otimismo está concentrado no agronegócio, concessões, saúde, petróleo, aço e mineração. A posição neutra ficou para educação, alimentos e bebidas, serviços públicos e tecnologia e mídia.

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