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Veja o gráfico que assusta os acionistas da Vale

Preço do minério de ferro está no menor nível desde 2009; preço pode voltar a subir, mas projeções não são muito otimistas

Mina da Vale, em Carajás: a empresa é a quarta mais valiosa da América Latina (Agência Vale)

Mina da Vale, em Carajás: a empresa é a quarta mais valiosa da América Latina (Agência Vale)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2012 às 10h39.

São Paulo – A preocupação com a desaceleração na China tem afetado um dos produtos mais importantes para a balança comercial brasileira e, sobretudo, para a Vale. O preço do minério de ferro – commodity usada na fabricação do aço – atingiu na semana passada um valor inferior a 100 dólares.

Foi a primeira vez desde 2009 que os preços chegaram a valores tão baixos, representando uma queda muito maior do que a já esperada pelos analistas. O país asiático é o maior comprador do minério e a Vale a maior exportadora.

Nas projeções dos analistas, os preços não passariam de 120 dólares por tonelada, visto que esse é o custo marginal da produção. Edmo Chagas, analista da BTG Pactual, espera que os preços se recuperem, mas diz que devem ficar em torno de 120 dólares a tonelada, e não entre 130 e 140 dólares, como havia projetado antes.

“A produção de aço na China está se estabilizando, e isso implica menor crescimento da demanda de minério de ferro”, explica. O gráfico abaixo mostra a forte queda dos preços no mercado à vista. Os valores são divulgados pelo The Steel Index-TSI e correspondem ao minério com teor de ferro de 62%.

gráfico que mostra desempenho do minerio de ferro

Vale

Para os analistas Carlos De Alba e Alfonso Salazar, do Morgan Stanley, os preços do minério de ferro ainda podem cair entre 7% e 16% , mas podem se recuperar no quarto trimestre de 2012 e em 2013. Tendo em vista esse cenário, eles refizeram as projeções para 2012 e 2013. O preço-alvo dos papéis negociados em Nova York (VALE), que representam as ações ordinárias (VALE3) na Bovespa, passou de 28,1 dólares para 25,3 dólares por ação.


O Ebitda (lucros antes impostos, juros, depreciação e amortização) também foi revisto, passando de 22,929 bilhões de dólares para 19,796 bilhões para 2012. Para 2013, a estimativa do Ebitda, que era de 29,652 bilhões de dólares, agora passa a ser de 22,861 bilhões.

Mesmo com projeções mais pessimistas que as anteriores, a classificação ainda é de overweight (desempenho acima da média) para os papéis da empresa. Sendo negociadas a 6,8 vezes o lucro por ação estimado pela Morgan Stanley para 2013, os ativos estão 20% abaixo de sua média histórica, e pagando rendimentos entre 4,5% e 7%. “Acreditamos que as ações provavelmente vão ter bom desempenho nos próximos 6 a 12 meses”, dizem Carlos e Alfonso.

Alexander Hacking, analista da Citi, também previa um cenário melhor do que o atual. “O fluxo de caixa anualizado está abaixo de 10 bilhões de dólares, comparado com 27 bilhões de dólares em investimentos e dividendos propostos pela Vale para 2012”, diz o analista em um relatório.

Na opinião de Alexander, a Vale continua sendo a ação preferida no setor de siderurgia e mineração na América Latina. Mesmo com o preço a 100 dólares por tonelada, ainda gera margem Ebitda de 50% e é um “grande negócio” na opinião do analista. “A dificuldade que vemos é com os gastos da Vale, não com a queda no preço do minério de ferro”, explica.

No ano, as ações ordinárias e preferencias da Vale já acumulam queda de 14,78% e 2,10%, respectivamente, enquanto o Ibovespa tem leve alta de 0,49%.

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