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Vale lidera queda na bolsa com “nova realidade”

Preços menores para os produtos com a desaceleração na China afetaram o resultado

Incertezas sobre o crescimento da China preocupam os investidores (Imagine China/Latinstock)

Incertezas sobre o crescimento da China preocupam os investidores (Imagine China/Latinstock)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2012 às 12h19.

São Paulo – As ações da Vale operam em queda nesta quinta-feira após a maior produtora de minério de ferro do mundo ter apresentado um balanço do segundo trimestre na véspera que decepcionou o mercado. “Não há muito a comemorar nos resultados financeiros”, resume o analista Jonathan Brandt, do HSBC. Na mínima do dia, os papéis ordinários (VALE3) tinham queda de 2,55% e os preferenciais de classe A (VALE5) uma desvalorização de 3,4%. Eram as maiores baixas do Ibovespa no dia.

O lucro líquido no período ficou em 5,314 bilhões de reais, uma queda de 48% na comparação com o registrado um ano antes e de 21% sobre o primeiro trimestre. “Os números vieram pressionados por preços menores das commodities, que compensaram parcialmente os ganhos em volume de minério de ferro e os baixos custos alcançados pela depreciação do dólar”, explica Marcos Assumpção, analista do Itaú BBA, em relatório.

A geração de caixa (Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em 10,095 bilhões de reais, 30,3% abaixo do visto no mesmo período de 2011 e 14,8% acima do registrado no início do ano. Os números ficaram abaixo do esperado pelo mercado. Os papéis da Bradespar (BRAP4), uma das maiores acionistas da mineradora, também caem. No pior momento do dia, as ações tinham uma baixa de 4,2%.

O JP Morgan reduziu de 29 dólares para 24,5 dólares o preço-alvo por ADR (American Depositary Receipts - negociadas em Nova York) representativa das ações ordinárias e manteve a recomendação em overweight (alocação acima da média do mercado). O Bank of America Merrill Lynch cortou a estimativa para as ADRs ordinárias e preferenciais em 11%, para 24 dólares. A recomendação continua em compra. As informações são da Reuters.

Nova realidade

Para Victor Penna, analista do BB Investimentos, a queda nos preços de praticamente todos os produtos comercializados pela Vale faz parte da “nova realidade” que a empresa irá enfrentar nos próximos trimestres. “Apesar de permanecermos confiantes com relação à continuidade da China como o maior importador mundial de commodities, em especial o minério de ferro, as incertezas macroeconômicas e o respectivo arrefecimento de grandes economias tende a limitar o desempenho da indústria e o consumo de aço global”, explica.


A queda nos preços de venda de minério já era sabida e esperada, pontua a equipe de análise da Planner, principalmente considerando a evolução das cotações do produto à vista na China. Porém, o preço médio caiu 1,8% no segundo trimestre, comparado ao trimestre anterior, enquanto os preços da Vale tiveram redução de 5,5%. “Acreditamos que as maiores diferenças nas projeções com o resultado efetivo começaram com os preços”, ressalta a corretora.

China

Uma das maiores preocupações acerca dos resultados da Vale era o cenário pintado pela empresa para a China, sua maior cliente. A fatia nas vendas de minério de ferro para o país caiu de 47,2% entre janeiro e março para 43,7% no segundo trimestre. Na comparação com o mesmo período do ano passado, entretanto, a participação da gigante asiática subiu, na época a fatia da China era de 41,9%.

“De fato, o crescimento do PIB na China no segundo trimestre já mostrou sinais de estabilização enquanto alguns indicadores apontam para o inicio de uma recuperação do investimento em infraestrutura e no mercado imobiliário, dois setores relevantes para a demanda por metais, em especial o cobre e o minério de ferro”, admitiu a empresa em seu resultado.

No dia 13 de julho, o país informou que o crescimento do PIB entre abril e junho desacelerou pelo sexto trimestre consecutivo, para o ritmo mais lento em mais de três anos. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a China terá um crescimento econômico de aproximadamente 8% em 2012, com uma aceleração durante o segundo semestre.

“Apesar dos fracos resultados,continuamos a acreditar que as medidas de estímulo implementadas recentemente pelo governo chinês,provavelmente, devem melhorar os dados macroeconômicos no segundo semestre de 2012 e que o posicionamento dos preços do minério de ferro aos custos marginais de produção no mercado à vista, a nosso ver, favorecem a estabilização dos preços do minério de ferro”, aposta Brandt, do HSBC. Segundo ele, a expectativa é de melhores resultados financeiros para a Vale nos próximos dois trimestres.

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