Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 18 de abril de 2022 às 17h20.
Última atualização em 18 de abril de 2022 às 18h27.
Ibovespa hoje: a bolsa brasileira recuou nesta segunda-feira, 18, puxada pela queda de mais de 1% das ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3/PETR4). As principais ações do índice recuaram na volta do feriado de Páscoa em uma semana que será mais curta devido ao feriado de Tiradentes – a B3 ficará fechada novamente na quinta-feira, 21.
“Dados da China relativos ao PIB indicaram uma possível desaceleração da atividade econômica no mês de março. Isso gerou um ajuste nas principais posições ligadas à China, como a Vale. Amanhã, após o pregão, também saem os dados de produção da mineradora. Logo, o mercado pode estar esperando para voltar a tomar posições na empresa”, afirmou Ilan Arbetman, analista da corretora Ativa Investimentos.
No caso da Petrobras, os papéis recuaram na contramão da alta do petróleo no mercado internacional. Para Arbetman, o movimento demonstra que a bolsa local está acompanhando o movimento global de aversão a risco, que tem penalizado as ações locais nos últimos dias.
Vale lembrar que, na última semana, o Ibovespa acumulou queda de 1,81% acompanhando o clima negativo no exterior. Com o resultado de hoje, o principal índice da B3 tem seu 5º pregão negativo entre as últimas seis sessões.
Nesta semana, a tendência negativa nos Estados Unidos pode continuar prejudicando o mercado local. Nos Estados Unidos, os principais índices fecharam em queda, com expectativas de aperto monetário mais duro do Federal Reserve (Fed, banco central americano) mantendo a cautela no mercado internacional. Na Europa, onde o feriado de Páscoa se estende para esta segunda, as bolsas seguem fechadas.
O dólar, por outro lado, passou por realização nesta segunda-feira, caindo contra o real após dois dias consecutivos de altas.
Na ponta positiva, as units do Banco Inter (BIDI11) lideraram as altas, após o banco anunciar a retomada de seus planos de listagem na Nasdaq, com novos detalhes sobre a operação.
Uma das mudanças em relação ao modelo proposto anteriormente está nas condições para o cash-out, que será limitada a R$ 1,131 bilhão, equivalente a 10% do valor das ações em livre circulação.
Para quem optar por manter o papel, para cada 6 ações ordinárias será entregue uma preferencial resgatável de emissão da HoldFin e uma preferencial para cada duas units do Inter. Posteriormente, o acionista poderá resgatar 1 BDR do Inter lastreado em ações classe A (direito de 1 voto por ação) para cada preferencial da HoldFin.
A operação, segundo analistas do UBS BB, deve servir de suporte aos papéis do Inter, que acumulam 40% de queda no ano. A retomada do processo de listagem ocorre após a operação ter sido cancelada no ano passado.
"Na ocasião, o Inter ofereceu opção de saque para os acionistas (a R$ 45,84 por unit), mas limitado a R$ 2,0 bilhões e a demanda por essa opção de saque ultrapassou esse limite, cancelando a oferta. Na oferta atual, o valor do saque foi definido em até R$ 1,1 bilhão, mas, se houver mais investidores demandando a opção de saque, o negócio continuará e essa opção será rateada entre os acionistas que a exigirem" afirmou o UBS, em relatório.
De fora do Ibovespa, o principal destaque está com as ações da Tupy (TUPY3), que saltaram pouco mais de 8%, após a companhia anunciar a aquisição da MWM do Brasil, então subsidiária da Traton. A empresa fabrica motores para terceiros sob contrato de manufatura e tem feito parceiras no ramo de consumo de gás natural, biometano e biogás.
"A transação viabiliza a entrada da Tupy no setor de energia e descarbonização, fornecendo grupos geradores de eletricidade para o agronegócio e outras aplicações", afirmou a empresa em fato relevante. "A aquisição também marca a entrada da Tupy no setor de reposição de peças e componentes de motores no Brasil." O valor da operação não foi anunciado.
Para Guilherme Tiglia, sócio e analista da Nord Research, a compra deve trazer visibilidade para a Tupy, além de um crescimento de 10% a 15% ao ano. “Vejo uma vantagem competitiva na exposição da companhia em veículos pesados. Gosto da gestão e da empresa, mas o fator macro (global e falta de semicondutores com impacto direto na cadeia) pode seguir pesando [negativamente]”, disse.