Bolsa paulista: o volume financeiro somou R$ 11,3 bilhões (Leonardo Benassatto/Reuters)
Reuters
Publicado em 2 de maio de 2019 às 17h13.
Última atualização em 2 de maio de 2019 às 17h57.
A bolsa paulista começou maio com o Ibovespa fechando em queda nesta quinta-feira, pressionado particularmente pelo declínio das ações da Vale e da Petrobras, enquanto o segue em ritmo de espera por novidades sobre a tramitação da reforma da Previdência.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,86 por cento, a 95.527,62 pontos, de acordo com dados preliminares. O volume financeiro somava 12,2 bilhões de reais.
A queda de vários papéis brasileiros negociados nos Estados Unidos (ADRs, na sigla em inglês) na véspera, quando a B3 não funcionou por feriado nacional e o Federal Reserve frustrou apostas de sinalização de corte de juros, também motivou ajustes de baixa nas ações negociadas na Bovespa nesta sessão.
Na quarta-feira, o Fed manteve os juros na faixa de 2,25 a 2,50 por cento, como esperado, e o chairman do banco central norte-americano, Jerome Powell, disse que a posição de política é apropriada para o momento e que não vê argumento forte para se movimentar em outra direção.
Da cena doméstica, o noticiário em torno da reforma da Previdência continua no radar, particularmente a articulação política para o andamento da matéria, com o mercado aguardando a o início das discussões da matéria na comissão especial da Câmara dos Deputados na próxima semana.
Estrategistas veem uma tramitação laboriosa do texto que muda as regras das aposentadorias, o que deve continuar adicionando volatilidade ao pregão em maio, principalmente informações sobre a potencial desidratação da proposta original do governo.
Mais cedo, a B3 divulgou a terceira e última prévia do Ibovespa que vai vigorar a partir de segunda-feira até 30 de agosto, confirmando as entradas dos papéis da Azul e do IRB Brasil, enquanto Log Commercial Properties foi excluída.
- VALE caiu 2,3 por cento, em sessão negativa para ações de mineradoras também na Europa e tendo no radar notícia de que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ajuizou ação civil pública contra a companhia cobrando a reparação integral dos danos causados na tragédia de Brumadinho E pedido que a mineradora seja obrigada a apresentar 50 bilhões de reais EM garantias financeiras. (http://bit.ly/2GVEbye)
- PETROBRAS PN recuou 1,4 por cento, em movimento alinhado ao declínio dos preços do petróleo no mercado externo. No feriado, a Chevron informou ter concluído a compra por 350 milhões de dólares da refinaria de Pasadena, no Texas, da Petrobras.
- CSN fechou em baixa de 4,5 por cento, capitaneando as perdas entre papéis de empresas siderúrgicas, com USIMINAS em baixa de 2,1 por cento e GERDAU PN perdendo 1 por cento.
- NATURA caiu 3,4 por cento, antes da divulgação do resultado do primeiro trimestre após o fechamento do mercado, tendo de pano de fundo resultado da Avon Products, com receita abaixo do esperado afetada por vendas diretas de representantes menores em alguns mercados, incluindo o Brasil. O BTG Pactual espera que a Natura apresente comportamento de receita similar, refletindo cenário desafiador do setor e nível mais alto de estoque das consultoras no final de 2018.
- BR DISTRIBUIDORA avançou 0,5 por cento, tendo no radar notícia de que recebeu cinco ofertas de redes varejistas e investidores interessados numa parceria para operar lojas de conveniência em seus postos, segundo disse à Reuters fonte com conhecimento do assunto. ULTRAPAR que controla a rede Ipiranga, subiu 2,2 por cento.
- ITAÚ UNIBANCO PN fechou com acréscimo de 0,7 por cento, antes da divulgação do balanço previsto para após o fechamento do pregão, enquanto o rival BRADESCO teve oscilação positiva de 0,06 por cento. BANCO DO BRASIL encerrou com variação positiva de 0,2 por cento.
- CCR subiu 1,2 por cento, no segundo pregão de alta após divulgação do resultado trimestral, quando indicou interesse em expansão de negócios no Brasil e no exterior, além de afirmar que não prevê ter novas despesas significativas com acordos de leniência firmados com procuradores em São Paulo e no Paraná.
- KLABIN UNIT valorizou-se 0,6 por cento, após divulgar resultado trimestral antes da abertura do pregão, com alta de 32 por cento no Ebitda ajustado em relação ao mesmo período de 2018. Analistas do Bradesco BBI disseram em no
O dólar iniciou maio em forte alta ante o real, que teve o pior desempenho entre as principais moedas nesta quinta-feira, em meio a ajustes à sinalização do banco central norte-americano na véspera de que não deve baixar os juros nos próximos meses.
Segundo analistas, a principal influência para o câmbio nesta sessão foi o recado menos "dovish" da parte do líder do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, de que a atual inflação mais baixa nos EUA deve se provar "temporária" e que, portanto, o Fed não vê motivo para alteração nas taxas de juros por ora.
Com isso, investidores reduziram apostas de corte de juros nos EUA, movimento que acabou fortalecendo o dólar em todo o mundo.
A ferramenta Fed Watch, do CME Group, mostrava no fim da tarde desta quinta-feira 47,7 por cento de chance de diminuição dos juros norte-americanos até o fim deste ano. Na véspera, essa probabilidade era de 61,40 por cento.
A perspectiva de que os juros nos EUA não caiam no curto prazo melhora o risco/retorno de aplicações em dólar e favorece o caso de migração de capital para os Estados Unidos em detrimento de países emergentes, como o Brasil.
Mas de acordo com Rodrigo Franchini, chefe de produtos da assessoria de investimentos Monte Bravo, o mercado de câmbio doméstico segue fragilizado pelo caminho ruidoso para a reforma da Previdência, o que, segundo ele, tem mantido o estrangeiro afastado do país. Isso ajudaria a explicar o desempenho mais fraco do real nesta sessão.
"Uma semana como esta, sem novidades nesse assunto, apenas reforça a sensação de demora nos trâmites", disse. "A aprovação da reforma deverá ocorrer lá para outubro. Até lá, o estrangeiro fica fora. Isso sem falar no risco de desidratação", completou o profissional.
Em relatório desta quinta-feira, o Citi prevê dólar a 3,76 reais ao fim de 2019 e de 3,67 reais ao término de 2020. De acordo com o banco, sondagens informais com clientes indicam que o mercado começou a precificar maior probabilidade de uma economia na faixa entre 500 bilhões e 750 bilhões de reais, com viés de baixa. A proposta do governo é de cerca de 1,2 trilhão de reais.
No fim desta quinta-feira, o dólar negociado no mercado interbancário subiu 0,92 por cento, a 3,9589 reais na venda. No pico, o dólar avançou 1,28 por cento, para 3,9728 reais.
Na B3, a referência do dólar futuro se valorizava 1,12 por cento, para 3,9715 reais