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Vale deve capitalizar upgrade em próxima captação externa

Empresa deve reduzir seus custos de captação para níveis similares aos de empresas da América do Sul com a mesma nota de crédito

No dia 23 de novembro, a Vale teve sua classificação elevada para A-, a maior para uma companhia brasileira (Divulgação/ Agência Vale)

No dia 23 de novembro, a Vale teve sua classificação elevada para A-, a maior para uma companhia brasileira (Divulgação/ Agência Vale)

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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2011 às 07h34.

Nova York/Rio de Janeiro - A Vale SA, maior produtora mundial de minério de ferro, deve buscar reduzir seus custos de captação para níveis similares aos de empresas da América do Sul com a mesma nota de crédito quando voltar ao mercado internacional de dívida pela primeira vez em 14 meses.

Em 23 de novembro, a empresa com sede no Rio de Janeiro teve sua classificação elevada para A-, a maior para uma companhia brasileira. A Vale deve pagar cerca de 220 pontos-base acima da taxa de papéis do Tesouro americano em uma emissão de títulos em dólares com prazo de 10 anos, contra 261 pontos-base de spread em seus títulos com vencimento em 2020, segundo o Bank of America Corp. e a Bulltick Capital Markets. O spread médio em títulos emitidos por empresas da América Latina com nota de crédito A é de 226 pontos-base, de acordo com dados do Credit Suisse Group AG.

O diretor financeiro da Vale, Tito Martins, disse em 28 de novembro que a companhia tem planos de acessar o mercado internacional de dívida no próximo ano para ajudar a financiar o plano de investimentos de US$ 21,4 bilhões. O aumento na nota de crédito da empresa pela Standard & Poor’s deixou a classificação da Vale dois níveis acima da Petróleo Brasileiro SA e a colocou no mesmo patamar da mexicana América Móvil SAB, controlada pelo bilionário Carlos Slim.

“A Vale está bem no meio entre a América Móvil e a Petrobras e eles querem captar próximo à América Móvil”, disse Klaus Spielkamp, operador de renda fixa da Bulltick Capital, em entrevista por telefone. “Eles querem capitalizar o upgrade.”

Os títulos da América Móvil em dólares com vencimento em 2020 rendem 193 pontos-base a mais que os papéis do Tesouro americano. Títulos similares da Petrobras pagam um spread de 313 pontos-base, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Classificação maior

O spread dos bônus da Vale em dólares com prazo para 2020 sobre os papéis do Tesouro dos Estados Unidos caiu para 262 pontos-base, contra a máxima de 339 em 5 de outubro, de acordo com dados da Bloomberg. Títulos similares do governo brasileiro pagam 140 pontos-base a mais que os papéis americanos.

A S&P elevou a nota de crédito da Vale em um nível, o que equiparou a classificação da dívida da empresa com a da Cia. de Bebidas das Américas, maior cervejaria do País. As duas empresas têm agora a maior classificação entre emissores brasileiros. A S&P dá a nota BBB para a dívida soberana do País, dois níveis abaixo da Vale e da AmBev.

O aumento da classificação veio “em muito boa hora” porque a Vale tem grandes investimentos planejados, disse Martins, da Vale.

“Vamos ao mercado no ano que vem”, disse o diretor. “Não tenho dúvidas quanto a isso. Temos consistentemente acessado o mercado de quando em quando.”


Spread menor

O spread dos títulos da Vale disparou a partir de agosto depois que a S&P cortou a nota de crédito dos Estados Unidos e com a crise de dívida da Europa, as discussões sobre o déficit americano e a perspectiva para a economia da China levando investidores a se afastarem de ativos de mercados emergentes, disse Roy Yackulic, analista de dívida corporativa do Bank of America. O spread pode cair para até 220 pontos-base, disse ele.

“A dívida soberana da Europa, os receios ficais nos EUA, o desaquecimento global e as incertezas quanto ao PIB da China reduziram o apetite por risco e levaram ao aumento dos spreads”, disse Yackulic em repostas por e-mail.

Mesmo empresas com grau de investimento, com o a Vale, terão que “escolher seus nichos” enquanto a crise de dívida da Europa continuar, segundo Ernie Lalonde, vice-presidente sênior de mineração da DBRS Ltd., sediada em Toronto.

‘Muito baixas’

“O preço da dívida da Vale ficará mais ligado à crise de dívida europeia e é nisso que entra a escolha das oportunidades”, disse Lalonde em entrevista por telefone. “Não é geralmente a capacidade de colocar a dívida, é a habilidade de colocá-la a um preço de que gostem. Pode haver taxas muito baixas no setor de mineração, mas as pessoas precisam acertar a hora do mercado para chegar a isso”.

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, está revisando os projetos da empresa devido a atrasos e aumentos de custos. Ele disse em 27 de outubro que os investimentos este ano vão ficar entre US$ 18,5 bilhões e US$ 19 bilhões, contra a previsão inicial de US$ 24 bilhões.

A redução nos gastos de capital e a disparada dos preços do minério de ferro nos últimos dois anos ajudaram a melhorar as finanças da Vale, disse Milena Zaniboni, analista da S&P.

“As métricas financeiras estão melhores do que o esperado”, disse Milena em entrevista por telefone da Cidade do México. “Dois anos de preços favoráveis de commodities levaram a uma melhora intrínseca do perfil financeiro de empresas de mineração, inclusive a Vale.”

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