Símbolo da Apple em painel de ações da Nasdaq: setor em queda (Michael Nagle/Bloomberg/Getty Images)
Mariana Desidério
Publicado em 4 de outubro de 2020 às 15h24.
Última atualização em 4 de outubro de 2020 às 16h05.
O desepenho das empresas do setor de teconologia no mercado financeiro desde o início da pandemia do novo coronavírus fez com que o investidor Bill Gurley, da Benchmark, se lembrasse do período que antecedeu o estouro da bolha das pontocom, em 1999.
Em entrevista à rede de televisão norte-americana CNBC na sexta-feira (2), Gurley afirmou: “Há certamente o que eu chamaria de um caráter altamente especulativo para os mercados hoje, uma disposição para assumir riscos, uma disposição para se entusiasmar com projetos que podem ocorrer daqui a cinco ou dez anos, que não víamos desde o período de 1999”.
“Estamos vivendo em um mercado de tecnologia mais especulativo com certeza”, completou. O mercado nos Estados Unidos tem sido empurrado para novas máximas desde março. Algumas vozes em Wall Street já se mostram preocupadas com esse movimento.
No mês passado, o banco britânico Barclays, por exemplo, disse em nota que as avaliações das ações estavam em seus picos de 2000, e rebaixou o setor FANMAG (Facebook, Amazon, Netflix, Microsoft, Apple e Alphabet / Google).
Há algumas semanas, o mercado tem visto uma onda de venda das ações dessas companhias, que chegaram a perder mais de 2,7 trilhões de dólares em valor de mercado no início de setembro.
Em entrevista a EXAME, James Gulbrandsen, gestor e chefe de investimentos da NCH Capital, disse acreditar que este seja apenas o começo da tempestade.
Com posições vendidas no ETF QQQ, que acompanha o índice Nasdaq 100, Gulbrandsen vê uma bolha em ações americanas de tecnologia, em especial nas da Apple, que têm o maior peso nos principais índices acionários dos Estados Unidos. Em sua última carta aos investidores, o gestor chegou a compará-las a uma “maçã podre”, que, assim como no famoso ditado, pode contaminar o resto da cesta.
Na entrevista, Gulbrandsen afirma que o momento atual do mercado está mais perigoso do que o vivenciado no início de sua carreira em Wall Street, quando se formava o que seria conhecido como a bolha da internet. “Havia uma nova revolução industrial com a criação da internet. [Hoje], não tem uma nova revolução de tecnologia acontecendo. O que tem é a dinâmica de como funciona a estrutura do mercado de large cap e o fluxo do mercado de ETFs.”
Para o gestor, que também tem nacionalidade brasileira, o mercado local não irá passar imune à derrocada do cenário externo e deve ter perdas de 10% a 20%. Embora não veja uma bolha no Brasil, ele pretende lucrar com a queda de pelo menos ação: a do Magazine Luiza. Leia a entrevista completa aqui.