Rumores sobre a possível venda da empresa para a CSN ou Gerdau estaria ingressando no bloco de controle da Usiminas impulsionaram a alta das ações da companhia (Kiko Ferrite/EXAME)
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2011 às 12h12.
São Paulo – A direção da Usiminas (USIM3, USIM5) informou nesta terça-feira (15) que desconhece as razões para as fortes oscilações observadas nas negociações dos papéis da companhia nos últimos pregões, assim como o aumento na quantidade de negócios. A afirmação, divulgada em fato relevante enviado hoje pela empresa à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ocorre em resposta ao pedido de esclarecimento feito pela BM&FBovespa.
As ações ordinárias da Usiminas (USIM3) deram um salto na bolsa na última sexta-feira (11) com as especulações de que a Gerdau planeja comprar uma participação na empresa, segundo e-mails enviados a clientes pelo Bank of America e pelo JP Morgan Chase & Co.
O rumor surge após a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), terceira maior do setor no País, ter revelado em 27 de janeiro que comprou 5% de cada classe das ações da Usiminas e que poderia aumentar ainda mais sua participação na empresa, alterando a estrutura de capital da concorrente.
“A consolidação faz muito sentido do ponto de vista do setor”, declarou Rodolfo R. De Angele, analista do JPMorgan em São Paulo, em nota a clientes obtida pela Bloomberg News. Ainda assim, disse ele, fusões e aquisições são improváveis “no curto prazo”. Ele acrescenta que“estruturas de capital e negócios familiares são barreiras para um mudança efetiva no setor”.
No último relatório sobre a indústria de aço brasileira, o banco Merrill Lynch também centrou sua atenção nos rumores sobre uma eventual mudança no bloco de controle da Usiminas. É essa expectativa, diz o Merrill, que em parte explica a recente alta das ações.
O relatório, enviado aos clientes do banco na sexta-feira anterior ao feriado do Carnaval, toma o cuidado de ressaltar que os atuais controladores – Votorantim, Camargo Corrêa e os japoneses da Nippon - acabaram de anunciar a renovação do acordo de acionistas. Mas não deixa de apresentar três possíveis cenários de mudança.
No primeiro, a CSN e/ou a Gerdau compram as partes da Votorantim e da Camargo e passam a dividir o controle com a Nippon. Ambas as empresas, diz a Merrill, teriam condições financeiras de levar adiante o negócio. No segundo cenário, a Nippon compra as fatias da Votorantim e da Camargo Corrêa e, no terceiro, a CSN ou a Gerdau fica sozinha com o controle, uma possibilidade considerada mais remota.
Por conta destas perspectivas, os papéis ordinários da siderúrgica acumularam valorização de 16,42% nas últimas duas sessões. As ações da companhia também subiram com as expectativas de que o terremoto mais forte da história do Japão irá aumentar a demanda por aço e que o Brasil vai tentar proteger a indústria local da concorrência estrangeira.
Nesta terça-feira, as ações ordinárias da Usiminas caíam 3,07% no pregão da BM&FBovespa, para 30,58 reais, enquanto as preferenciais recuavam 2,28%, para 21,03 reais.