Bradespar: o preço da ação já triplicou desde a mínima de 2016 e pode subir ainda mais, se o acordo for renovado após sua expiração em abril de 2017 (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2016 às 16h10.
Alguns analistas estão dizendo que a Bradespar é o último grande negócio do impeachment na bolsa.
A Bradespar, grupo cujo maior ativo é uma participação na Vale, deve subir fortemente com base na aposta de que o presidente recém-empossado Michel Temer está mais propenso a renovar o acordo de acionistas da Valepar do que sua antecessora, Dilma Rousseff, que sofreu impeachment nesta semana, de acordo com o analista Paschoal Paione, da Votorantim Corretora.
O temor de que Dilma iria desfazer o acordo de quase duas décadas -- que divide o controle da Vale entre a Bradespar e outros acionistas que incluem o BNDES e um grupo de fundos de pensão liderado pela Previ -- levou os papéis da empresa para o menor nível em 13 anos em fevereiro.
O preço da ação já triplicou desde a mínima de 2016 e pode subir ainda mais, uma vez que acordo seja renovado após sua expiração em abril de 2017, diz Paione.
“Nossa opinião é de que o acordo será renovado”, disse ele, de São Paulo. As ações da Vale provavelmente cairiam se o poder da Bradespar entre os acionistas diminuísse, porque isso basicamente transformaria a mineradora em uma empresa estatal.
A Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil e principal parceira da Bradespar na Vale, “também sabe o que aconteceria com as ações da Vale se o acordo fosse desfeito”.
A Vale corresponde a cerca de 80 por cento dos ativos da Bradespar, e a mineradora sempre foi negociada com ágio em relação à sua acionista controladora. A Vale está sendo negociada a 14,9 vezes os resultados estimados, contra 8,7 vezes para a Bradespar.
Paione mantém um preço-alvo de R$ 13,50 para a Bradespar, uma valorização de mais 29 por cento dos R$ 10,46 do fechamento de quinta-feira.
Dos seis analistas que cobrem a empresa, três a classificam com o equivalente a manter e os outros recomendam comprar, inclusive o analista melhor classificado, Pedro Baptista, da Nau Securities.
A Bradespar não quis comentar.
As ações brasileiras e o real estão registrando recordes mundiais neste ano depois que Dilma foi afastada em maio e Temer reuniu uma equipe econômica mais favorável ao mercado, a qual é encabeçada pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ex-economista do Itaú Unibanco Holding.
Os traders apostam que Temer terá melhor sorte para conduzir medidas impopulares, como limites aos gastos e aumentos dos impostos, após o Brasil ter perdido sua cobiçada nota de crédito com grau de investimento no ano passado.
A queda de preço registrada pela Bradespar no início deste ano “abriu uma boa oportunidade para quem acredita que Temer será menos intervencionista”, disse Rafael Ohmachi, analista da corretora Guide Investimentos em São Paulo.