EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 19 de maio de 2010 às 09h36.
Bruxelas - O comissário de Mercado Interno da União Europeia (UE), Michel Barnier, apoiou hoje a coordenação em nível europeu das medidas contra a volatilidade dos mercados financeiros, como a proibição das chamadas vendas a descoberto da dívida pública, anunciada pela Alemanha.
"Essas medidas serão ainda mais eficazes se forem coordenadas em nível europeu", afirmou Barnier em comunicado.
As vendas a descoberto, também conhecidas como short-selling, são operações financeiras nas quais o negociador vende contratos futuros de ativos sem possuí-los, apostando na queda do valor para lucrar no dia de vencimento.
"É importante que os Estados-membros atuem juntos e que desenhemos um regime europeu para evitar a fragmentação e as arbitragens regulamentares, tanto dentro da UE como globalmente", acrescentou.
Os mercados financeiros enfrentam uma situação "incerta e volátil". Por isso, Barnier disse que "compreende as preocupações" das autoridades alemãs e austríacas sobre o possível impacto das vendas a descoberto "neste contexto".
Segundo ele, "seria útil" discutir essa questão na reunião da próxima sexta-feira em Bruxelas, na qual participarão vários ministros de Economia da UE, dentro do grupo especial dirigido pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, para discutir como coordenar as políticas econômicas do bloco.
A Áustria pediu que o assunto seja tratado na reunião de sexta-feira, anunciou a porta-voz de Mercado Interno na Comissão Europeia (órgão executivo da UE), Chantal Hughes. Segundo ela, a decisão final depende de Van Rompuy.
Em declarações, Hughes lembrou que o poder de suspender temporariamente este tipo de operações "só existe em nível nacional", mas não na UE. De acordo com a porta-voz, o comissário Barnier "entende que, em alguns casos, pode fazer sentido limitá-las".
O órgão regulador de mercado alemão, o BaFin, proibiu temporariamente as vendas a descoberto de dívida pública de países da zona do euro.
Além disso, o BaFin proibiu os "credit default swaps" (CDS) da zona do euro, seguros comprados em troca de títulos ou créditos, pois eles também representam papéis não-garantidos.
As autoridades da Áustria discutiram a situação com as da Alemanha, mas Viena ainda não tomou nenhuma decisão nesse sentido.
Barnier lembrou que a Comissão Europeia estabeleceu um grupo de trabalho para estudar medidas nas vendas a descoberto nos mercados financeiros, especialmente o mercado de CDS e sua relação com a dívida soberana dos países.
Barnier ressaltou também que esses eventos demonstram novamente "a necessidade" de um sistema forte de supervisão dos mercados financeiros europeus.