Novo UBS: um gigante suíço com a incorporação do Credit Suisse (Gianluca Colla/Bloomberg/Site Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 20 de março de 2023 às 08h59.
Última atualização em 20 de março de 2023 às 09h04.
A incorporação do Credit Suisse pelo UBS foi a costura encontrada pelas autoridades suíças para evitar "enormes danos colaterais no mercado financeiro suíço e risco de contágio internacional", como definiu a ministra de Finanças, Karin Keller-Sutter. Mas essa junção dos dois maiores bancos suíços cria também um gigante global, ao menos em números.
O novo banco passa a ter US$ 5 trilhões em recursos administrados, o terceiro maior da Europa neste segmento e o 11º no mundo, segundo as estimativas do UBS em apresentação feita a analistas de mercado na noite de domingo, 19.
A aquisição aumenta em 74% o valor patrimonial do UBS. "Fora dos planos", segundo o CEO do UBS, Ralph Hamer, a fusão se tornou um "oportunidade". O novo banco vira líder absoluto na Suíça, por exemplo. Mas também aumenta a presença nos Estados Unidos.
Outra vantagem é que, considerando sinergias, o UBS calcula redução de custos de US$ 8 bilhões até 2027. A fusão adiciona escala e acelera os planos estratégicos em áreas de alto crescimento, segundo o UBS.
As ações do Credit Suisse afundam quase 60% na bolsa de Zurique, enquanto os papéis do UBS também se desvalorizam, recuando 4,70%. A corrida para anunciar a fusão visava trazer alívio aos mercaods globais, mas não surtiu efeito. Hoje as ações do setor bancário despencam em todo o mundo, com os índices da Ásia fechando no negativo e os da Europa, abertos há algumas horas, também recuando.
Ainda assim, não faltam questionamentos. Para a compra emergencial sair do papel, os reguladores suíços abrandaram regras. Os acionistas teriam seis semanas para avaliar e dar a aprovação ou não ao negócio, mas a compra não passará por eles.
Os reguladores também darão suporte financeiro para o UBS. Serão 25 bilhões de francos suíços (US$ 27 bilhões) em recursos disponibilizados, dos quais 15,8 bilhões de francos em títulos do banco que serão comprados pelo órgão regulador Finma (Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro Suíço). Há ainda 9 bilhões de francos suíços para a proteção de ativos não essenciais (non-core). O valor será incorporado ao capital do UBS.
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