Vivendi: a investigação da CVM aponta que a Tyrus teve um papel relevante na vitória da Vivendi sobre a espanhola Telefónica (Patrick Hertzog/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2012 às 20h14.
Rio - Um ano e sete meses após o acordo firmado com a Vivendi, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado de capitais brasileiro, aceitou a proposta de R$ 10 milhões da Tyrus Capital para encerrar o processo. O fundo de investimento era acusado de participar de operação fraudulenta e uso de informação privilegiada na compra da operadora brasileira GVT pela companhia francesa, em um negócio de R$ 7,4 bilhões fechado no fim de 2009.
A compra do controle caiu no radar da CVM porque foi feita aos poucos, com uso de derivativos e sem a devida comunicação ao mercado. A investigação da CVM aponta que a Tyrus teve um papel relevante na vitória da Vivendi sobre a espanhola Telefónica, que também disputava o ativo.
Em novembro de 2009, um fato relevante informou a aquisição de ações e opções de compra de papéis da GVT pela Vivendi, que somavam uma participação 57,5% no capital da empresa. Parte disso (19,4%) decorria da aquisição de opções de compra de ações junto ao Tyrus. No entanto, de acordo com a CVM, uma fatia de 9,7% do total era composta por derivativos em que não estava previsto o direito de liquidação física. Na prática, a Vivendi não poderia obter as ações da GVT, mas apenas sua rentabilidade, a menos que a Tyrus (contraparte no contrato) adquirisse os papéis no mercado.
A falta de informações públicas fez com que a Telefónica acabasse recuando da disputa, por achar que sua adversária tinha conquistado o controle acionário, o que não havia ocorrido. Isso acabou esvaziando um leilão de compra de participação acionária que já estava marcado, prejudicando a Telefónica.
A CVM não divulgou detalhes sobre a defesa apresentada pela Tyrus. O acordo de R$ 150 milhões fechado com a Vivendi foi o mais alto da história do órgão regulador.