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'Pausa' na guerra tarifária, PMI americano e Livro Bege: o que move os mercados

No Brasil, o balanço da Hypera será divulgado após o fechamento do mercado

 (Kevin Lamarqu/Reuters)

(Kevin Lamarqu/Reuters)

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 23 de abril de 2025 às 07h38.

Última atualização em 23 de abril de 2025 às 07h38.

Nesta quarta-feira, 23, os investidores devem reagir a uma sinalização positiva da Casa Branca sobre a disputa tarifária com a China. O governo dos Estados Unidos afirmou que as negociações com Pequim por um acordo comercial estão avançando “muito bem”, apesar das tarifas ainda em vigor.

A declaração foi dada após Scott Bessent, secretário do Tesouro, descrever a situação atual como “insustentável” para as duas potências. Em fala a portas fechadas, Bessent destacou que EUA e China operam, na prática, sob um embargo comercial mútuo, com tarifas superiores a 125%.

As falas da Casa Branca e de Bessent repercutiram no after market americano, também influenciado pelo presidente Donald Trump, que desmentiu rumores sobre a demissão de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed).

Outro fator que ajudou a animar os mercados foi a reação positiva das ações da Tesla no after hours, apesar de a companhia ter divulgado resultados piores do que o esperado. A alta chegou a quase 8%, impulsionada por promessas de Elon Musk. O executivo afirmou que pretende reduzir sua atuação no governo americano a “um ou dois dias por semana” a partir de maio, o que foi interpretado como uma tentativa de dedicar mais tempo à empresa e tranquilizar os investidores.

Os mercados também devem repercutir a oferta feita pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, de interromper a invasão na Ucrânia se os EUA reconhecerem a anexação da Crimeia, entre outras medidas. De acordo com o jornal britânico Financial Times, a proposta foi feita durante reunião com Steve Witkoff, enviado especial do presidente americano.

Posição brasileira

Com a disputa comercial entre EUA e China, o Brasil vê oportunidades para ampliar exportações de soja e proteínas animais. Segundo Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, a continuidade desse movimento depende do apetite chinês. A boa safra de soja deve garantir a oferta necessária para embarques adicionais.

No cenário político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou sua neutralidade entre as potências, ao afirmar que não deseja “fazer opção entre Estados Unidos ou China”. A fala foi dada ao lado do presidente chileno, Gabriel Boric.

No front monetário, Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, defendeu uma mudança no modelo de financiamento ao crédito imobiliário durante audiência no Congresso, citando a queda estrutural nos recursos da poupança. Nesta quarta-feira, às 14h, ele participa de reuniões do Fundo Monetário Internacional em Washington.

No radar

Na agenda econômica desta quarta-feira, o destaque vai para o PMI composto dos EUA (10h45), vendas de novas moradias (11h00) e Livro Bege do Fed (15h00). Também estão previstos discursos de dirigentes do Fed ao longo do dia, como Austan Goolsbee (10h00), Christopher Waller (10h30) e Beth Hammack (19h30).

Entre os balanços previstos, estão os da Boeing e da AT&T antes da abertura dos mercados em Nova York. Após o fechamento, será a vez da IBM publicar seus resultados. No Brasil, a Hypera divulga seu balanço após o fechamento.

Por aqui, o ministro Fernando Haddad participa de evento da CNN Brasil às 9h30, e Lula deve marcar presença em um jantar promovido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta.

Mercados internacionais

Os mercados da Ásia fecharam em alta nesta quarta-feira, 23, impulsionados por uma possível trégua nas tensões comerciais entre EUA e China. Hong Kong se destacou com fortes ganhos. O índice Hang Seng subiu 2,37%, enquanto o Hang Seng Tech avançou ainda mais, com alta de 3,07%. Já o CSI 300 encerrou o dia praticamente estável. No Japão, o Nikkei 225 avançou 1,89% e o Topix, 2,06%. Na Coreia do Sul, o índice Kospi subiu 1,57% e o Kosdaq ganhou 1,39%.

Os mercados europeus também abriram em alta. Por volta das 6h56 (horário de Brasília), o índice europeu Stoxx 600 subia 1,7%. Nos EUA, nesta manhã, os contratos futuros do Dow Jones subiam 1,6%, enquanto os do S&P 500 avançavam 2% e os do Nasdaq-100, 2,4%.

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