Eike Batista: crise que se abateu sobre a petroleira do empresário é acompanhada com preocupação pelo governo que, segundo fontes do Planalto, considera "ruim" a disseminação para outras empresas do grupo. (VEJA SÃO PAULO)
Da Redação
Publicado em 5 de abril de 2013 às 10h37.
Rio - As ações ordinárias da OGX, petroleira do empresário Eike Batista, tiveram nesta quinta-feira o seu pior momento desde o ingresso da empresa na BM&FBovespa, em 2008. Na mínima histórica, a cotação do papel - que já chegou a alcançar R$ 23,00 em outubro de 2010 - foi de R$ 1,95.
O tombo da OGX foi acompanhado por outras empresas do grupo: a MMX teve queda de 7,32% e a LLX, de 4,29%. A crise que se abateu sobre a petroleira de Eike é acompanhada com preocupação pelo governo que, segundo fontes do Planalto, considera "ruim" a disseminação para outras empresas do grupo. Mas, não há intenção de uma operação de salvamento que envolva o governo.
A negociação dos papéis da OGX chegou a ser suspensa durante o pregão e, mesmo retornando às negociações, a ação fechou o dia com deslize de 10,81%, sendo negociada a R$ 1,95, e renovando a mínima de R$ 2,22 da quarta-feira (03). A empresa, que vinha sofrendo uma crise de credibilidade, teve sua atuação no mercado ainda mais debilitada depois do rebaixamento decretado na noite passada pela agência de risco Standard & Poor's.
O retrato da OGX na Bolsa hoje difere bastante daquele do seu ingresso no mercado, quando a demanda pelos papéis superou em dez vezes a oferta, diante da grande expectativa dos investidores com as promessas de sucesso de Eike. Na época, a captação de R$ 6,7 bilhões em oferta pública de ações foi a maior já feita no Brasil. Passados cinco anos, o mercado castiga os papéis por motivo oposto: a frustração com estimativas de produção não confirmadas desencadeou um ceticismo generalizado com relação à capacidade de Eike de captar recursos necessários à continuidade da operação.
A desvalorização das ações da OGX vem ocorrendo desde junho do ano passado, data em que a empresa anunciou resultados para o campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos, bastante inferiores às estimativas. A primeira grande desvalorização aconteceu em junho daquele ano, quando a empresa ajustou de 50 mil para 5 mil barris por dia a vazão dos dois primeiros poços na área.
Na noite passada, houve o rebaixamento da nota de crédito pela Standard & Poor's, de B para B-. E, nesta quinta-feira, a pá de cal veio com a notícia divulgada pela colunista Dora Kramer, de O Estado de S.Paulo, de que o governo não está disposto a ceder aos apelos de Eike por um socorro financeiro.