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Títulos do Brasil superam os BRIC com perspectiva de crescimento

Melhores retornos colocaram o país entre os principais países emergentes no mesmo momento em que o governo toma medidas para acelerar o crescimento

O Ipea admitiu que o pior cenário para o Brasil seria a transformação da crise europeia em crise financeira global, aos moldes da registrada em 2008 (Dennis Grombkowski/Getty Images)

O Ipea admitiu que o pior cenário para o Brasil seria a transformação da crise europeia em crise financeira global, aos moldes da registrada em 2008 (Dennis Grombkowski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2012 às 07h59.

Nova York - Os títulos corporativos em dólar brasileiros têm registrado os melhores retornos ajustados ao risco entre os principais países emergentes no mesmo momento em que o governo toma medidas para acelerar o crescimento.

Os títulos em dólar emitidos por empresas brasileiras registraram retorno médio de 1,86 por cento nos últimos 12 meses após descontada a volatilidade dos preços, segundo dados compilados pela Bloomberg e pelo JPMorgan Chase & Co. Papéis semelhantes de companhias indianas tiveram ganho de 0,92 por cento quando ajustados à volatilidade no mesmo período. Na China, esses títulos tiveram rendimento de 0,14 por cento e, na Rússia, de 0,76 por cento. A Embraer SA teve o melhor retorno ajustado ao risco do país de 3,06 por cento.

O Banco Central cortou a taxa básica de juros em 200 pontos-base desde agosto para estimular o crescimento do segundo maior mercado emergente do mundo em meio à crise da dívida europeia. A economia brasileira cresceu em novembro ao ritmo mais acelerado dos últimos 19 meses e a produção industrial registrou em dezembro o maior avanço desde maio. Os aumentos nos preços das commodities podem ajudar os títulos corporativos brasileiros a superar em desempenho de papéis dos maiores mercados emergentes ao longo do próximo ano, disse Siddharth Dahiya, analista de crédito da Aberdeen Asset Management.

“O cenário de longo prazo continua bem forte para os títulos brasileiros”, disse Dahiya em entrevista por telefone de Londres. “Essa é uma história sustentada pela economia em expansão e pelo crescimento do consumo interno. Há demanda por commodities nas economias em expansão. No geral é positivo para os títulos corporativos brasileiros.”

Crescimento maior

A dívida corporativa brasileira denominada em dólares rende em média 5,82 por cento, ou 154 pontos-base a mais do que os títulos soberanos internacionais, de acordo com o JPMorgan.

O governo brasileiro anunciou ontem corte de R$ 55 bilhões no orçamento de 2012 para permitir que os juros caiam, sem prejudicar o aumento dos investimentos. O BC também sinalizou que deve reduzir a taxa básica de 10,5 por cento, atualmente, para menos de 10 por cento.

Os preços das commodities no mercado internacional subiram 9,3 por cento desde dezembro, segundo o índice UBS Bloomberg CMCI. Fundos de hedge reforçaram apostas na alta das commodities para o maior nível desde setembro na semana encerrada em 7 de fevereiro. O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar, suco de laranja e café.

Com juros menores o país crescerá mais, disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao anunciar a jornalistas em Brasília o corte no orçamento. O governo trabalha para estimular crescimento de 4,5 por cento este ano, disse Mantega.


Embraer

O rendimento dos títulos da Embraer com vencimento em 2017 tiveram queda de 93 pontos-base, ou 0,93 ponto percentual, nos últimos 12 meses para 4,13 por cento, segundo dados da Bloomberg. A empresa tem nota de crédito Baa3 pela Moody’s Investor Service, a menor do grau de investimento e um nível abaixo dos títulos soberanos.

“O mercado reconhece a forte posição financeira da companhia, refletida em suas demonstrações financeiras”, Flavia Sekles, diretora de comunicação da Embraer, afirmou em e-mail enviado em resposta a perguntas da reportagem.

Vinicius Pasquarelli, operador de títulos corporativos de mercados emergentes da Tradition Asiel Securities, disse que o apoio que a Embraer tem do governo deixa os investidores mais confiantes na capacidade da companhia de pagar suas dívidas, limitando a volatilidade dos títulos.

Apoio do governo

“Eles têm o apoio do governo também e é por isso que são tão estáveis,” disse Pasquarelli em entrevista por telefone de Nova York. “O crédito vai continuar melhorando. Toda vez que eles saem com um novo jato ou um novo produto, vende muito bem.”

Ao mesmo tempo em que os títulos corporativos brasileiros devem continuar tendo um desempenho melhor que seus pares do chamado grupo dos BRICs -- Rússia, Índia e China -- Jansen Moura, analista de dívida de empresa na BCP Securities, disse que o desempenho teve ficar abaixo dos papéis mexicanos, que são beneficiados pela recuperação econômica dos Estados Unidos.

“Vimos no ano passado os papéis corporativos com bom desempenho, e isso mostra a visão geral dos investidores sobre a economia, não apenas em termos de risco específico”, disse Moura em entrevista por telefone. “O desempenho foi disseminado entre diferentes setores, não é algo restrito a um emissor ou setor específico, é mais relacionado à perspectiva positiva sobre a economia do país.”

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