A Petrobras pode levantar uma dívida líquida de US$ 17 bilhões, acredita o diretor financeiro da empresa (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2011 às 09h12.
Nova York - Os títulos da dívida em dólar da Petróleo Brasileiro SA estão sendo negociados no menor patamar em nove meses na comparação com os títulos do governo. Para Aviva Investors e Invesco Inc., é boa hora para comprar papéis da estatal.
O prêmio que os investidores exigem para comprar os papéis da Petrobras que vencem em 2019 em relação os títulos da dívida externa do governo brasileiro subiu para 119 pontos-base, ou 1,19 ponto percentual, em 9 de maio, maior nível desde 12 de julho do ano passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O diferencial de taxas foi em média de 87 pontos-base desde que os títulos foram emitidos, em 2009. Os papéis da Petrobras rendem 39 pontos-base a mais que os da Petróleos Mexicanos, também a maior diferença em nove meses.
Invesco e Aviva apostam que a diferença de taxas entre aos papéis da Petrobras e os do governo vai se reduzir, já que a empresa dificilmente voltará ao mercado externo de dívida no primeiro semestre, aliviando receios de que outra oferta criaria um excesso papéis no mercado. A Petrobras emitiu uma quantia recorde de US$ 6 bilhões em bônus internacionais em janeiro para ajudar a financiar o plano de investimentos de cinco anos que é o maior do setor petrolífero mundial, no valor de US$ 224 bilhões.
“A este nível, eu recomendaria comprar”, disse Jack Deino, que ajuda a administrar US$ 1,8 bilhão em dívida de mercados emergentes -- incluindo títulos da Petrobras -- na Invesco em Nova York, em entrevista por telefone. “ Os papéis estão baratos. Eles não virão a mercado até o segundo semestre.”
O rendimento dos títulos da Petrobras caiu 20 pontos-base este ano para 4,90 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os títulos da dívida externa brasileira rendem 3,84 por cento, com queda de 38 pontos-base no mesmo período. A Petrobras tem nota de crédito Baa1 pela Moody’s Investors Service, o terceiro menor grau de investimento, e dois níveis acima da nota soberana.
‘Depende’
A Petrobras pode levantar uma dívida líquida de US$ 17 bilhões nos próximos cinco anos, disse o diretor financeiro, Almir Barbassa, a repórteres ontem no Rio de Janeiro, onde a empresa é sediada. A estatal continua estudando a possibilidade de emitir títulos, dependendo das condições do mercado internacional, afirmou Barbassa. A companhia não precisa captar dinheiro para investir depois da oferta de janeiro, disse ele.
“Depende das oportunidades”, disse Barbassa. “Estamos trabalhando da melhor forma possível para aproveitar as boas oportunidades que surgem no mercado.”
A assessoria de imprensa da Petrobras não respondeu a telefonemas e e-mails solicitando comentário para esta reportagem.
A Petrobras está desenvolvendo o campo de Lula e pode assumir uma fatia mínima de 30 por cento no campo de Libra. Lula e Libra são as maiores descobertas de petróleo no continente americano desde que foi achado em 1976 no México o campo de Cantarell. Os dois campos estão localizados na região do pré- sal.
‘Overweight’
“Estamos overweight em Petrobras”, disse Jeremy Brewin, que ajuda a gerenciar cerca de US$ 3 bilhões em ativos de mercados emergentes na Aviva Investors em Londres. “Estamos comprando os títulos com vencimento em 2019. Com o tempo, vão estar entre os maiores. A perfuração em águas profundas está com maior demanda.”
A estatal deve voltar ao mercado de títulos no fim do ano ou começo de 2012, de acordo com Brewin.
O desempenho dos títulos da Petrobras será pior do que o das notas do governo, devido aos receios de que as empresas brasileiras emitiram dívida demais este ano, segundo George Strickland, diretor-gerente da Thornburg Investment Management, que ajuda a supervisionar cerca de US$ 10 bilhões em ativos de renda fixa.
Empresas brasileiras captaram US$ 19,6 bilhões em títulos no exterior este ano, após uma quantia recorde de ofertas de US$ 37,2 bilhões em 2010, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
“Há muita oferta corporativa no Brasil e existe fadiga do mercado com os papéis corporativos brasileiros neste momento”, disse Strickland em entrevista por telefone de Santa Fé, no Estado americano do Novo México. A Petrobras “ainda é um investimento de longo prazo, mas vai ter desempenho pior no curto prazo”, disse ele.