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Títulos da OGX sobem com expectativa pelo início da produção

Empresa de Eike Batista está perto de extrair petróleo da Bacia de Campos

A OGX, que foi criada por Eike em 2007 e estreou no mercado acionário no ano seguinte, deve extrair a primeira gota de petróleo de Waimea em 28 de janeiro (Marcelo Correa/EXAME.com)

A OGX, que foi criada por Eike em 2007 e estreou no mercado acionário no ano seguinte, deve extrair a primeira gota de petróleo de Waimea em 28 de janeiro (Marcelo Correa/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2012 às 08h58.

Rio de Janeiro - O custo de captação da OGX Petróleo & Gás Participações SA caiu para o menor nível em cinco meses. A empresa fundada pelo bilionário Eike Batista está perto de começar a extrair petróleo da Bacia de Campos, a mais produtiva do país.

O rendimento dos papéis da OGX remunerados em dólar e com vencimento em 2018 caiu 339 pontos-base, ou 3,39 pontos percentuais, desde 4 de outubro, quando atingiu um recorde, para 8,34 por cento em 13 de janeiro, o menor nível desde 5 de agosto. No mesmo período, o spread em relação à taxa média de petrolíferas de mercados emergentes caiu de 565 pontos-base para 313, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os investidores estão apostando que Eike vai conseguir cumprir a promessa de produzir petróleo, quatro anos após ter criado um grupo de energia, mineração e logística. O empresário pega carona no “boom” da exploração dos recursos naturais no Brasil e na disparada dos preços do petróleo e das commodities, estimulado pela demanda chinesa.

O começo da produção no campo Waimea, no litoral do Rio de Janeiro, vai encerrar um período de sete meses de atrasos, depois que a empresa levou mais tempo do que o esperado para receber uma plataforma de produção e para receber autorizações do governo.

“Eles estão chegando cada vez mais perto, tudo parece estar no rumo certo para a produção de petróleo”, disse Siddharth Dahiya, analista de crédito baseado em Londres da Aberdeen Asset Management. “Se eles não se endividarem mais, vão ficar em uma posição muito confortável.”


As notas da OGX pagam 512 pontos-base a mais do que os títulos do governo brasileiro com vencimento em 2019. Em 4 de outubro, a diferença chegou ao recorde de 799 pontos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O prêmio em relação à média da dívida de empresas brasileiras caiu de 482 para 222 pontos- base no período.

Os papéis da OGX têm classificação de risco B na escala da Standard & Poor’s, cinco níveis abaixo do grau de investimento. A classificação pela escala da Moody’s Investor Service é B1, quarta maior entre os chamados “junk bonds”, e a nota da Fitch é equivalente, em B+.

Plataforma ancorada

A OGX, que foi criada por Eike em 2007 e estreou no mercado acionário no ano seguinte, deve extrair a primeira gota de petróleo de Waimea em 28 de janeiro. A plataforma de produção foi ancorada sobre a reserva na semana passada.

O campo de Waimea será um dos mais produtivos do Brasil, com produção diária de até 20.000 barris, segundo informações contidas no website da OGX. Apenas 11 poços no Brasil produziram mais de 20.000 barris diários em novembro, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo.

A proximidade do início da produção tem enviado uma mensagem positiva aos investidores e demonstra a habilidade da empresa de completar projetos, disse a OGX em e-mail enviado em resposta a perguntas da reportagem. A companhia diz que não planeja atualmente novas emissões de títulos.

A OGX obteve taxa de sucesso de 100 por cento em sua exploração na Bacia de Campos, de onde sai 84 por cento do petróleo brasileiro. A companhia planeja produzir 1,38 milhão de barris por dia em 2019, cerca de metade da produção atual do País.

Benefício da dúvida

“Muitas das reservas deles são em águas rasas ou em terra, então tecnicamente o desafio não deve ser tão grande”, disse Juan Cruz, analista de dívida corporativa do Barclays. “Claramente o mercado está dando a eles o benefício da dúvida.”

O plano de Eike de maximizar o lucro ao fornecer para a OGX embarcações produzidas por outra empresa do grupo e de usar o porto do grupo para escoar a produção ajuda a fortalecer a perspectiva para a empresa, disse Cruz.


A OSX Brasil SA, também controlada por Eike, vai fornecer todas as 10 embarcações que a OGX pretende colocar em funcionamento até 2015. A OSX recebeu um empréstimo-ponte de US$ 227,9 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para construção de um estaleiro no porto de Açu. A LLX Logística SA, mais uma empresa do Grupo EBX, de Eike, está construindo o porto que a OGX vai usar para armazenar e exportar a produção de petróleo.

A OSX também está negociando os termos de um empréstimo de R$ 2,7 bilhões pelo Fundo da Marinha Mercante, divisão do Ministério dos Transportes que financia a indústria naval com empréstimos subsidiados. O sucesso da OSX em obter financiamento para o estaleiro fortalece a perspectiva para a OGX, disse Dahiya, do Aberdeen.

Atrasos adicionais

Ainda assim, os atrasos do início da produção em Waimea sinalizaram que a OGX provavelmente enfrentará novas dificuldades para conectar novos poços e para atingir metas de produção, disse Eric Conrads, que administra US$ 1,2 bilhão em ações latino-americanas no ING Groep NV em Nova York. A companhia, que inicialmente planejava produzir mais de 15.000 barris diários até o fim de 2011, ainda não produziu nada.

“Até haver algum progresso real em termos de fluxo de caixa e produção, não estaremos interessados”, disse em entrevista por telefone Lon Erickson, que ajuda a supervisionar US$ 9 bilhões em ativos de renda fixa para a Thornburg Investment Management Inc, em Santa Fé, no Estado americano de Novo México.

A construção de plataformas para a OGX está dentro do cronograma, disse a OSX em e-mail enviado em resposta a perguntas da reportagem. As negociações para obtenção do empréstimo do Fundo da Marinha Mercante devem ser concluídas no segundo trimestre, segundo a empresa.

“Não é preciso atingir 100 por cento das previsões para que investidores de renda fixa fiquem felizes”, disse Dahiya, da Aberdeen. “A alavancagem da empresa não é muito alta.”

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