O relatório do IBGE aliviou receios de que o presidente do BC, Alexandre Tombini (foto), não consiga trazer a inflação de volta à meta de 4,5 % em 2012 (Gustavo Lima/Agência Câmara)
Da Redação
Publicado em 9 de maio de 2011 às 10h46.
Nova York e Brasília - A inflação abaixo do esperado em abril levou à maior queda em dois meses para os títulos do governo atrelados aos preços ao consumidor.
A taxa das Notas do Tesouro Nacional série B com vencimento em 2012 subiu 20 pontos-base na sexta-feira após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo acumulou uma alta de 6,51 por cento nos 12 meses até abril, menos do que a estimativa mediana de 6,59 por cento de uma pesquisa da Bloomberg. A taxa dos títulos atrelados à inflação do México com vencimento em dezembro de 2012 caiu 3 pontos-base, ou 0,03 ponto percentual.
O Banco Central elevou o juro básico três vezes este ano e subiu o compulsório em dezembro para conter a inflação, que ganha impulso com a disparada dos preços das commodities. O relatório do IBGE aliviou receios de que o presidente do BC, Alexandre Tombini, não consiga trazer a inflação de volta à meta de 4,5 por cento no ano que vem.
“É muito cedo para comemorar, mas os números de hoje deram trégua ao Banco Central”, disse Elson Teles, economista-chefe da Máxima Asset Management no Rio de Janeiro, em entrevista por telefone. “As autoridades ganharam algum tempo.”
A diferença entre os rendimentos das NTN-B com vencimento em 2012 e das NTN-F -- que são títulos prefixados -- com prazo até 2013 caiu 29 pontos-base, a maior retração desde maio de 2010, para 6,33 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. Essa diferença é conhecida como taxa implícita de inflação, porque reflete expectativas de investidores para a alta de preços.
‘Pior momento’
A inflação ao consumidor medida pelo IPCA avançou 0,77 por cento durante o mês de abril, contra 0,79 por cento em março. Economistas esperavam alta de 0,85 por cento, segundo a mediana de 38 estimativas numa sondagem da Bloomberg. O avanço dos alimentos desacelerou para 0,58 por cento no mês passado, contra 0,75 por cento em março.
A inflação vai desacelerar para menos de 6,5 por cento até o fim do ano, graças à queda dos preços das commodities, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a repórteres em Brasília em 6 de maio. O índice UBS Bloomberg de 26 matérias-primas despencou 7 por cento na semana passada, a maior queda desde dezembro de 2008. Para a cotação do petróleo, a baixa foi de 15 por cento, a maior queda semanal em mais de dois anos.
“O pior momento da inflação está passando”, disse Mantega. “A boa notícia é que, em maio, esses combustíveis já estão caindo porque começou a safra. Além disso, os preços das commodities no mercado internacional estão caindo fortemente.”
A inflação começou a recuar este mês para níveis em linha com a meta do governo de 4,5 por cento, e, em bases anuais, vai começar a se desacelerar no terceiro e quatro trimestres, disse Tombini em audiência no Congresso em 5 de maio.
Sustentação
“O argumento do Banco Central ganhou alguma sustentação hoje com este número”, disse Tony Volpon, estrategista para América Latina da Nomura Holdings Inc., disse em entrevista por telefone de Nova York na sexta-feira. “Existe simplesmente um ajuste automático por causa da surpresa com o dado abaixo do esperado.”
O BC não comenta movimentos do mercado, de acordo com a assessoria de imprensa da instituição. O Ministério da Fazenda não respondeu um e-mail solicitando comentários para esta reportagem.