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Título da Vale sobe com menor apetite por compras após Metorex

O custo de captação da mineradora caiu para o menor nível desde novembro após ter retirado sua oferta pela produtora de cobre da África do Sul

Segundo o BofA, ao desistir da Metorex, a Vale sinalizou prudência na sua política de aquisições sob o comando do novo diretor presidente, Murilo Ferreira (Agência Vale/Divulgação)

Segundo o BofA, ao desistir da Metorex, a Vale sinalizou prudência na sua política de aquisições sob o comando do novo diretor presidente, Murilo Ferreira (Agência Vale/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2011 às 09h44.

Nova York - O custo de captação da Vale SA caiu para o menor nível desde novembro após a mineradora ter desistido de comprar a Metorex Ltd. A decisão foi interpretada como um sinal de menor apetite por aquisições.

A taxa dos títulos em dólar da Vale com vencimento em 2020 caiu para 4,41 por cento ontem, o menor nível desde 12 de novembro. A queda veio um dia depois de a Vale ter retirado sua oferta pela Metorex. A taxa dos papéis caiu 31 pontos-base desde 4 de julho, um dia antes da chinesa Jinchuan Group Co. ter oferecido US$ 1,36 bilhão pela Metorex. O rendimento médio dos papéis de empresas do setor de mineração e siderurgia mundial caiu 19 pontos no período, ou 0,19 ponto percentual, no mesmo período.

Ao desistir da Metorex, produtora de cobre na África do Sul, a Vale sinalizou prudência na sua política de aquisições sob o comando do novo diretor presidente, Murilo Ferreira, disse Roy Yackulic, analista de dívida corporativa do Bank of America em Nova York. A empresa, que pretende aumentar a produção de cobre em cinco vezes para 1 milhão de toneladas anuais até 2015, tinha até 15 de julho para fazer uma nova oferta pela Metorex.

“A Vale mostrou comedimento e que não entraria numa guerra de ofertas por ativos. Isso é uma reflexão positiva da direção”, disse Yackulic em entrevista por telefone. “É positivo que eles não estejam oferecendo pagar demais por ativos.”

Os títulos da Vale rendem 89 pontos-base mais do que os títulos do governo com vencimento em 2019, contra um prêmio de 126 pontos em junho, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Nota da Vale

O rendimento dos títulos da Vale caiu 49 pontos-base desde 4 de abril, quando Ferreira substituiu Roger Agnelli na presidência, após o governo ter criticado a estratégia da mineradora e buscado um papel mais ativo em sua direção. A empresa tem um plano de investimentos de US$ 24 bilhões para este ano.

A Vale disse em respostas por e-mail que tem o compromisso de manter uma alavancagem baixa e um balanço sólido para manter e aumentar sua nota de crédito.

A mineradora, que chegou ao fim do primeiro trimestre com dívida total de US$ 26,8 bilhões, tem classificação BBB+ pela Standard & Poor’s, a terceira menor na escala de grau de investimento.

A Metorex foi a segunda tentativa fracassada da Vale de comprar ativos de cobre em menos de um ano. Em setembro, a Paranapanema SA, sediada na cidade baiana de Dias D’Ávila, rejeitou uma oferta da empresa.

A companhia anunciou em junho uma oferta de US$ 1,4 bilhão por todas as ações da Vale Fertilizantes que ainda não controla e comprou em fevereiro a produtora de óleo de palma Biopalma da Amazônia SA Reflorestamento Indústria & Comércio por US$ 173,5 milhões.

‘Prudência’

“A Vale é muito compradora e a retirada da oferta pela Metorex é exemplo de um nível de prudência”, disse Ernie Lalonde, vice-presidente para mineração da empresa de classificação de risco DBRS Ltd., de Toronto. “Não é expansão a qualquer custo.”

Segundo Lalonde, os títulos da Vale também se beneficiam da disparada nos preços do minério.

O minério com 62 por cento de teor de minério no porto chinês de Tianjin subiu oito dias seguidos para US$ 173,10 a tonelada, de acordo com dados do Steel Business Briefing Commodities Research. Os preços subiram 47 por cento em um ano.

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