EUA: os economistas do Goldman veem uma probabilidade de 35% de que a economia dos EUA entre em recessão nos próximos dois anos (Kevin Lamarque/Reuters)
Bloomberg
Publicado em 19 de maio de 2022 às 11h19.
O pessimismo generalizado sobre as perspectivas para a economia dos EUA e seu mercado de ações podem ter ido longe demais, de acordo com alguns dos principais estrategistas de Wall Street.
David J. Kostin do Goldman Sachs e Marko Kolanovic do JPMorgan dizem que os temores dos investidores de uma recessão iminente nos EUA são exagerados - o que deixa espaço para uma recuperação das ações à medida que o ano avança, na opinião de Kolanovic. O S&P 500 caiu 18% em relação a seu recorde de janeiro, aproximando-se de um mercado de baixa.
“Uma recessão não é inevitável”, disseram estrategistas do Goldman liderados por Kostin em nota. “Os giros de ações no mercado americano indicam que os investidores estão precificando chances elevadas de uma crise em comparação com a força de dados econômicos recentes”, disse.
O desempenho relativo de ações cíclicas e defensivas sugere uma “desaceleração dramática do crescimento”, o que não é confirmado pelos dados da ativadade manufatureira, escreveu Kostin. Os economistas do Goldman veem uma probabilidade de 35% de que a economia dos EUA entre em recessão nos próximos dois anos, disse ele.
As ações dos EUA caíram este ano com os sinais de inflação persistente e um Federal Reserve hawkish gerando temores de uma desaceleração econômica. As preocupações com a estagflação atingiram o nível mais alto desde 2008, levando investidores a acumular dinheiro em caixa, de acordo com a última pesquisa junto a gestores de fundos do Bank of America.
O S&P 500 agora é negociado a 16,5 vezes os lucros estimados em 12 meses, o menor nível desde abril de 2020 e abaixo da média de 17,04 vezes na última década.
Kolanovic, do JPMorgan, disse em entrevista que as coisas vão melhorar para as ações dos EUA e não espera uma recessão este ano devido a “algum aumento na atividade do consumidor no verão após a reabertura e a China aumentando as medidas monetárias e fiscais”.
Suas opiniões sobre a recessão foram ecoadas por Kate Moore da BlackRock e Michael Wilson do Morgan Stanley. Michael Strobaek, diretor de investimentos global do Credit Suisse, também concorda.
Alguns estrategistas estão menos otimistas e veem mais pressão sobre as ações à medida que os bancos centrais fecham as torneiras monetárias que impulsionaram uma alta durante grande parte da década passada.
Eestrategistas do HSBC, incluindo Max Kettner, reduziram sua meta de final de ano para o S&P 500 em 9,2%, para 4.450 pontos, devido ao risco de uma desaceleração severa no crescimento. Binky Chadha do Deutsche Bank, que tinha a segunda maior meta de fim de ano para o índice entre os estrategistas monitorados pela Bloomberg, também cortou sua previsão.