Bovespa: no fim da sessão regular do mercado de juros, taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para abril de 2014 marcava 10,506% (Alexandre Battibugli/EXAME)
Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2014 às 16h31.
São Paulo - Depois de passarem a maior parte da sessão em queda, em reação aos dados do IPCA-15 abaixo do piso das estimativas, os contratos dos juros fecharam em alta nesta quinta-feira, 23.
A mudança na trajetória dos DIs ocorreu à medida que o dólar atingiu o nível psicologicamente importante de R$ 2,40 e os investidores começaram a reavaliar os números da inflação como não tão bons assim.
No fim da sessão regular do mercado de juros, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para abril de 2014 (201.795 contratos) marcava 10,506%, de 10,492% no ajuste desta quarta-feira, 22. A taxa do DI para janeiro de 2015 (708.475 contratos) estava em 11,16%, de 11,07% no ajuste da véspera.
Na ponta mais longa da curva a termo, o DI para janeiro de 2017 (436.185 contratos) apontava 12,65%, de 12,49%. O DI para janeiro de 2021 (73.230 contratos) mostrava 13,25%, de 13,10%.
Os DIs abriram a sessão em queda após os números da inflação neutralizarem a sensação de que a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) teve um tom mais duro. O consenso dos investidores foi o de que o documento do Banco Central deixou a porta aberta em relação a seus próximos passos em relação à Selic.
A ata do Copom, inicialmente, dividiu os investidores. Os argumentos que justificariam um aperto mais agressivo em fevereiro, de 0,50 ponto, estariam no parágrafo 26. Nele o Copom ponderou que "a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos doze meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência, que, a propósito, tem se mostrado ligeiramente acima daquela que se antecipava."
O trecho que se refere à necessidade de que os superávits primários se mantenham iguais às médias de anos anteriores também chamou a atenção.
Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, houve uma sinalização um pouco mais firme da autoridade monetária em relação à política fiscal. "O Copom mostra que esses resultados ajudariam a melhorar a percepção sobre a economia e ele não precisaria subir tanto os juros", disse.
As sinalização mais 'dovish' da ata, por sua vez, está nos trechos em que o BC trata da atividade. Em primeiro lugar, a autoridade monetária passou a enxergar uma expansão da atividade doméstica relativamente estável em 2014. Até então, o BC falava em aceleração do ritmo. Além disso, conforme destacou Gonçalves, do Fator, houve uma mudança na análise da demanda agregada, no parágrafo 21.
A inflação medida pelo IPCA-15 ficou em 0,67% em janeiro, ante 0,75% em dezembro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ela ficou abaixo do piso das expectativas obtidas por levantamento do AE Projeções, de 0,75%.
Em 12 meses, acumula alta de 5,63%. Profissionais consultados pelo Broadcast avaliaram que houve um exagero na queda das taxas futuras pela manhã, em reação ao IPCA abaixo do previsto. Isso porque, o índice de difusão do indicador, por exemplo, continua pressionado, acima de 75%, o que não significa nenhuma mudança na dinâmica de inflação.