A agência brasileira Austin Rating se antecipou e rebaixou nesta quinta a nota soberana em moeda estrangeira de BBB- para BB+ (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2015 às 17h28.
São Paulo - As revisões para baixo nas metas fiscais de 2016 e 2017, anunciadas ontem pelo governo, assustaram os investidores, que já haviam precificado a revisão da meta de 2015, de 1,1% para 0,15%, resultando em mais um dia de aversão ao risco nos ativos domésticos.
Na curva a termo, os juros dispararam, em meio a um forte volume de contratos negociados.
Ontem, após o fechamento dos negócios, o governo confirmou informação antecipada pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, de redução da meta de superávit primário de 2015, para R$ 8,747 bilhões, o equivalente a 0,15% do PIB.
Mas não estavam no preço alterações nas metas de 2016 e de 2017, de 2,0% para 0,7% e 1,3%, respectivamente, que surpreenderam.
A meta de 2,0% foi postergada para 2018. As mudanças elevaram o temor sobre a perda do selo de grau de investimento da nota soberana do Brasil pelas principais agências de classificação de risco.
A agência brasileira Austin Rating se antecipou e rebaixou nesta quinta-feira, 23, a nota soberana em moeda estrangeira de BBB- para BB+, com perspectiva estável, segundo informado com exclusividade para o Broadcast.
Com isso, o rating saiu do grau de investimento e caiu para o nível especulativo (junk). A Fitch e a Moody's ainda estão dois graus acima da nota junkie mais alta, mas as perspectivas são negativas.
A Fitch afirmou ao Broadcast que a revisão das metas ressalta as dificuldades da consolidação fiscal em meio à recessão na economia.
Segundo a agência, a meta de um superávit de 0,15% do PIB este ano está abaixo do que havia sido presumido no cenário base de abril, quando a Fitch revisou a perspectiva do rating brasileiro para "negativa".
Na BM&FBovespa, as taxas de juros aceleraram logo no início da sessão, ganhando força na medida em que os investidores zeravam posições vendidas em taxa, principalmente nos vencimentos mais longos.
Esse movimento suavizou a inclinação negativa da curva a termo, aproximando mais os níveis dos vencimentos entre 2017 e 2021.
A aversão ao risco afetou também a colocação de títulos prefixados pelo Tesouro, que reduziu bastante a oferta de LTN e NTN-F.
Ao término da sessão regular, o DI janeiro de 2016 projetava 14,10%, de 13,98% no ajuste anterior; o DI janeiro de 2017 saltou de 13,33% para 13,64%; e o DI janeiro de 2021 disparou a 13,00%, de 12,47% na quarta-feira.